10 - Amigos e possibilidades

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Eu achava que nada mais de grandioso fosse acontecer depois que Anna voltou para a escola e todos nos ajustamos à rotina de sempre

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Eu achava que nada mais de grandioso fosse acontecer depois que Anna voltou para a escola e todos nos ajustamos à rotina de sempre. Bem, eu estava enganada.

Era uma sexta-feira e mais uma vez eu seguia animada para a cozinha. Estranhamente, Alec estava atrasado. No momento em que cheguei na bancada de sempre, ele ainda estava retirando do armário as canecas que costumávamos usar. Sentei-me na bancada enquanto esperava e começamos a conversar sobre assuntos cotidianos e normais, mas Alec parecia estar com a cabeça bem longe da cozinha ou do castelo, poderia estar na lua ou em outro planeta, não tive certeza, só podia dizer com certeza que era bem distante. O encarei com atenção quando um silêncio pouco comum nos abraçou. Geralmente a conversa seguia até a hora de ir embora. Certamente havia algo errado.

Resolvi tomar coragem e perguntar se estava tudo bem. Ele respondeu que sim de um jeito bastante vago. Estava mentindo. Eu era uma ótima mentirosa, era fácil descobrir quando outras pessoas tentavam me enganar. Ele resolveu começar a contar sem que eu nem pedisse.

— Lembra o meu pai?

— Sim, sei. — Quis perguntar se era o mesmo que saíra para comprar cigarros porque, em outro momento, aquilo provavelmente o faria sorrir, mas percebi que não era o momento adequado para isso

— Ele meio que voltou. — Alec não parecia muito animado, parecia mais estar anunciando um funeral.

— Isso não é bom?

— Seria. — Ele hesitou, talvez pensasse se realmente valia a pena prosseguir, mas pelo jeito valia. — Se ele não tivesse voltado só para dizer que vendeu nossa casa para pagar as dívidas dele. Agora temos uma semana para achar um lugar e não ficar sem teto. — Ele sorriu, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas e rancor. — Não sei nem porque ainda fiquei surpreso.

Eu não fazia ideia de quem era o sujeito, mas se era tão ruim ao ponto de fazer Alec chorar, eu com certeza não gostava dele. Mesmo assim, tentei esquecer a raiva e ajudar o rapaz.

— Porque ele é seu pai, Alec. Não importa se às vezes se comporta como um animal. Ainda é seu pai.

— Acho que ele deixou de ser há muito tempo. — Respondeu, com pesar. — Meu pai foi embora quando eu era moleque, tem quase dez anos que eu não via a cara dele. Sabe, acho que quando alguém some desse jeito, não merece perdão. — Alec falava no tom calmo de sempre, mas com certeza aquilo o magoava muito mais do que ele demonstraria. Apoiei a mão no seu ombro, tentando fazer com que ele me encarasse.

— Esqueça ele se está te fazendo mal. É só questão de tempo até as coisas se ajeitarem e logo ficará tudo bem. Vamos resolver isso. Vocês têm onde ficar?

— Não. Mas eu tenho algum dinheiro guardado. Não é muito, mas talvez dê para negociar como entrada num financiamento e depois eu posso pedir um adiantamento ao General e... — Uma ideia genial me surgiu na mente. Tive de interrompe-lo.

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