17 - A promessa de um amigo

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Quando estava voltando para casa naquela noite, de cabeça quente, encontrei com Lídio no ônibus outra vez, mas ele estava péssimo

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Quando estava voltando para casa naquela noite, de cabeça quente, encontrei com Lídio no ônibus outra vez, mas ele estava péssimo. Um olho roxo, o lábio cortado, parecia que tinha encontrado um gambá raivoso no caminho do seu trabalho até o ponto de ônibus.

- Cara, o que aconteceu com você?

- Tive uma discussão com um pessoal. - Falou, pouco seguro da sua resposta. - Eram três caras, eu não tive a menor chance.

- Você vai voltar para casa assim?

- Tenho opção?

- Pode passar a noite lá em casa. Pelo menos a gente cuida disso para a situação parecer menos ruim quando sua mãe ver.

Ele concordou e assim fizemos.

A mãe de Lídio era, para dizer em poucas palavras, controladora, rígida e protetora demais, algo que só tinha piorado após a morte de Flor. Nós sabíamos que se Lídio fosse para casa naquele estado, ela o colocaria de castigo e, diga-se de passagem, as punições dela não tinham melhorado com o passar dos anos.

Ajudei meu amigo a cuidar dos machucados, mas ainda estava um pouco distraído com Allyssa e não sei se fiz um bom trabalho. Ele dormiu no sofá e no outro dia foi direto para a faculdade. Inventou uma desculpa para a mãe dizendo que tinha perdido o ônibus e que ficou muito tarde para voltar a pé, então dormiu na casa de um amigo do trabalho. Ela acreditou, além de bruta era burra.

O dia seguinte foi especialmente cansativo e resolvi arriscar um café antes de ir para casa, achava que Allyssa não voltaria depois do dia anterior. Mas quando cheguei, ela estava lá. Bem diferente do que geralmente era. A roupa amarrotada, o cabelo bagunçado e um sorriso culpado ao me estender uma caneca de café. Antes que eu falasse qualquer coisa, ela foi logo se explicando.

- Alec, me desculpe por ter te esquecido de você, é que eu fiquei tão ocupada com... alguns acontecidos que me distraí completamente, simplesmente não conseguia pensar em mais nada. Eu quero que você seja meu amigo, não estou apenas usando você de passatempo. Acredite. Você é meu amigo.

Peguei a caneca, só porque estava bastante estranho vê-la falando e me apontando aquilo. Então me encostei na bancada, avaliando se ela merecia sua segunda chance, remexi a caneca, vendo o líquido fumegante girar dentro dela.

- Sabe, princesa, eu sempre te via na TV, e você parecia... - Procurei a palavra certa. Bem não havia uma mais adequada. - ...falsa. Como se nunca fosse você mesma, como se estivesse sempre fingindo ser alguém que não era. Distante demais, prática demais. Pensei que estivesse errado sobre isso quando te conheci, mas depois você simplesmente foi embora, sem nenhuma explicação... eu não sabia muito bem o que pensar. - Admiti.

- Parece que nós dois erramos, não é? - Ela falou, esperançosa que estivesse tudo bem de novo. Garota insistente.

- Sim, acho que sim.

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