Sinto um tremor percorrendo cada parte do meu corpo e um reboliço em meu estômago muito forte. Meu Deus!
Abro os lábios em um sorriso meio torto enquanto deixo de conter o choro que reprimi pela última hora.
Seus olhos demoram a se abrirem de verdade, mas seus dedos agem contra os meus como um afago. Nem sei o que devo fazer, contudo tateio ao lado da cama até encontrar o controle que serve para chamar a atenção dos médicos. Aperto o botão e aguardo.
Apolo abre os olhos em uma tranquilidade invejável. Por um instante até parece que sabe exatamente onde está. Ele olha primeiro para o quarto, vai de um canto a outro vagarosamente, estudando tudo, então seu olhar repousa a mim, me causando uma onda gigantesca de emoção. Sua testa se vinca um pouco, olha para nossas mãos unidas e volta para meu rosto. Meu coração bate na minha garganta com força e o sangue pulsa atrás das orelhas.
Uma enfermeira escancara a porta e entra apressada.
— O que aconteceu? — Ela olha diretamente para Apolo e a essa altura já sabe a resposta.
Nesse momento o meu namorado ergue a mão livre e tenta tirar o tubo enfiado em sua boca, entretanto a profissional recém-chegada se aproxima eficientemente e o impede depressa.
Os dedos dele continuam se mexendo contra os meus. Ergo a mão e seco as lágrimas do rosto.
Os batimentos dele se aceleram e Apolo começa a se mexer, tentando se levantar e se livrar de todos os equipamentos necessários.
— O que está acontecendo? — quero saber. Apolo puxa a mão da minha e a leva ao tubo em sua boca para tirá-lo, mas o impeço imediatamente e seguro seu pulso contra a cama.
Seus olhos me fuzilam com um brilho estranho.
— Senhor, me escute... — A enfermeira se inclina contra ele, a voz tranquila. — O senhor está seguro, mas não pode tirar o tubo endotraqueal até que o doutor venha te ver. Por favor, se tranquilize ou terei que sedá-lo.
Os olhos de Apolo continuam em mim, assinto para ele, tentando parecer tranquilo, embora por dentro esteja totalmente inseguro e nervoso. Volto a mão para a sua e seus dedos envolve minha palma com mais força do que antes, porém em um toque ainda muito singelo.
Com isso, ele se tranquiliza e aos poucos os batimentos vão se regularizando. Seus olhos não deixam os meus, que não param de soltar lágrimas. O choro é livre e me sinto um pouco idiota por estar aos prantos e sorrindo ao mesmo tempo.
A enfermeira solta o braço de Apolo e diz:
— Não se preocupe, é comum que ele apresente confusão nos primeiros momentos. Você fez muito bem em acionar o botão.
Isso me deixa um pouco aliviado, mas não muito. Minha palma contra a dele se encaixa perfeitamente.
— Quando o médico vem?
— Acabei de chegar! — diz o doutro Pedroso, irrompendo pela porta com uma expressão ótima, uma prancheta de metal em uma das mãos, sorriso no rosto e um estetoscópio saltando do bolso do seu jaleco. — Fico feliz em ver que meu paciente está consciente.
O doutro entrega a prancheta para a enfermeira, que dá passagem para que ele examine Apolo como deveria. Ele chega o pulso de Apolo, tira uma lanterna clínica do bolso e a usa para verificar os olhos dele. Passo a passo, ele vai murmurando coisas para que a enfermeira preencha a prancheta usando uma caneta que estava presa com o papel pelo fixador.
A enfermeira pede que eu deixe o quarto por um instante, para que eles tirem o tubo da boca de Apolo, presumindo que não quero presenciar isso. Ela está certa, então deixo o quarto com a promessa de que voltarei logo e saio, a enfermeira fecha a porta atrás de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
GUIANDO O PRAZER (+18)
RomanceQuando tudo parecia estar indo bem, Apolo e Alexandre descobriram que na verdade era apenas o começo. Seus problemas haviam apenas começado e agora terão que lidar com coisas ainda maiores, pois o destino tem seus próprios planos para suas vidas. Se...