Capítulo 17

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Encosto a testa na cerâmica fira, a água morna escorre pelo meu corpo, mas nem isso me deixa relaxado. Pelo menos estou sozinho, o que me ajuda a refletir sem precisar esconder meu desconforto.

Passo as mãos pelo corpo, ajudando a água a me livrar da espuma do sabonete espalhada em mim. O cheiro bom preenche o espaço ao meu redor, assim como o vapor que embebe o box.

Não consigo parar de pensar nas palavras de Carlos: Quero meu irmãozinho muito vivo para me ver tomar tudo que é meu por direito. Se quisesse matá-lo já teria feito, e digo mais: não teria ficado no quase...

Será que essa é realmente a verdade? Será que esse cara realmente não tem conexão com aquele "incidente"? É difícil acreditar quando tudo o que ele faz é trazer discórdia e ameaças.

Contudo, por mais que eu corra para lá e para cá, tentando encontrar conexões entre o irmão do meu namorado e aquele ataque, me pergunto como ele convenceria Paulo a fazer aquilo e no final ainda tirar a própria vida. Será que ele tinha prometido dinheiro a ele?

Mas, mesmo que encontrasse uma justificativa para isso, nada explica a morte de Thiago. O que Carlos ganharia com a morte daquele garoto de programa? E se ele tiver algo haver com isso, isso significa que também está ligado a morte de George?

Começo a me sentir sufocado e limitado por causa do vapor que enevoa minha consciente. Desligo o chuveiro e passo a mão nos cabelos, tirando-os do rosto e jogando-os para trás.

Independente da resposta, uma coisa é certa: Nada que vem do Carlos é bom.

Ele sempre mentiu e escondeu coisas, me contou uma história sobre uma família e relacionamento, naquela fatídica noite em que fui naquele apartamento com ele, logo depois de conhece-lo. Com base no que já sei a seu respeito, o que não é nada se levar em consideração o fato de que nem bem conversamos direito sem brigar ou trocar farpas depois disso, fica mais do que claro que ele seria sim capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quer.

Tudo poderia, e deveria, ter sido diferente se Carlos não fosse assim. Talvez Apolo e ele pudessem ter se tornado irmãos afetuosos e leais, talvez pudéssemos sair para jantar juntos e ir de bobagens, mas tudo isso começou naquela noite, naquela orgia... Não dá para esquecer isso e Carlos é uma lembrança ambulante desse erro.

Você se lembra, não lembra, seu safado? Se lembra do meu pau duro dentro do seu cuzinho?

Tragicamente, eu me lembro, mesmo que naquela noite muitos outros fizeram de mim morada, por mais que fui feito de brinquedo por uma fila de homens sedentos por minha liberação geral. Mesmo assim, me lembro de como foi tê-lo em mim, de como ele colocou seu membro em minha boca quando Apolo me fodia por trás...

Tento me afastar desse lugar sombrio, abro a porta do box para permitir que o vapor se espalhe pelo recinto imenso e frio, com luzes florescentes e silencioso.

Vou pegar uma toalha, os pés descalços no chão, retorço meus dedos. Me olho no espelho enquanto me seco e enrolo a toalha na cintura. Os olhos que me encaram parecem abalados e desesperados, o que é apenas um reflexo de todas as caraminholas que fazem buracos em minha cabeça.

Saio do banheiro e vou ao closet me vestir. O quarto está exatamente como estava a meia hora atrás, meu celular em cima da cama, as luzes acesas e as cortinas da porta que dão para a varanda encontram-se abertas, mostrando a noite tranquila.

No closet, escolho a primeira cueca que encontro, uma roxa e deliciosamente justa.

Não! Acho que não dariam certo mesmo que Carlos não tivesse se apresentado de uma forma diferente para nós. Concluo., pois definitivamente não havia como Apolo e Carlos se darem bem, pelo simples fato de que uma pessoa que paga para sabotar o helicóptero do próprio pai não é para se ter por perto e não faria menos do que ele já faz.

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