Capítulo 29

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— Eu não acredito! — murmura.

— Não... — Engulo em seco. — Não é ele?

Apolo abre a boca, mas não diz nada. Seus olhos começam a se encher de lágrimas, que começam a escorrer depressa pelo seu rosto.

— É ele, Alexandre... — Sua voz sai baixa, quase inaudível, porém é o suficiente para me causar surpresa. — É ele!... É ele!

Se vira completamente em minha direção, jogando os braços ao meu redor e me puxando para um abraço apertado. Seu cheiro se mistura com a confusão em minha cabeça.

— É o meu garoto!... O meu pequeno garoto. — Suas palavras se atropelam. Sinto as batidas do seu coração se misturando com as minhas.

Os meus sentimentos encontram o sentido e começam a trilhar uma mesma direção, me deixando mais leve. Meus olhos queimam e começo a chorar com ele.

Apolo me ergue em seus abraços e começa a girar pelo recinto como um pião desgovernado.

Sua risada chega aos meus ouvidos como nunca antes.

— Eu não acredito! Eu não acredito! Meu Deus. — Ele me põe no chão de novo e me encara, ainda em prantos. As lágrimas escorrendo para dentro da sua barba. Ele soluça. — Desejei por isso por tanto tempo...

Minhas lágrimas também escorrem à vontade. Passo as mãos em seu rosto.

— Eu tô feliz por você, meu amor!

Ele se inclina e me dá um beijo salgado, se afasta de novo e vai pegar o papel para ler o resultado mais uma vez. É como se não acreditasse no que está escrito e precisasse de mais tempo para assimilar.

Se a minha mente já corre a milhão por hora, imagine a dele.

— Mas e agora, quando pretende contar a ele? — Se vira, mais uma vez para me encarar. — E pra Dalila?

— Eu sei que ele deveria estar aqui agora, mas... — hesita. — Nós concordamos que talvez fosse melhor fazer desse jeito. Pra preservar a nós dois.

— Concordaram?

— Sim, quando descobri que o resultado tinha saído, mandei mensagem a ele para visar. Nós concordamos que seria melhor vermos os nossos resultados separados porque nenhum de nós queria lidar com a frustração de uma negativa... Isso significaria tanta coisa — diz lentamente, porém com a voz embargada. — Seria tão frustrante descobrir que estive tão perto de chegar nessa resposta para voltar a estaca zero, quando já tinha me convencido da impossibilidade de tê-lo de volta há muito tempo. Seria como tentar segurar água com as mãos vazias, ele estaria escapando por entre meus dedos.

Me aproximo dele e encosto o queixo em seu ombro.

— Entendo terem tomado essa decisão.

— Sim, mas agora, quando a resposta foi essa, só me sinto um idiota por não ter ido até sua casa para fazermos isso juntos. Queria poder abraça-lo...

— Você já pode fazer isso! — A voz que diz isso é tremula e afetada. Viro o rosto no ombro de Apolo em direção ao locutor e vejo Giovani de pé, parado na entrada, aos prantos e um papel amassado na mão direita. Atrás dele, vejo Humberto por apenas um instante, pois assim que o noto, o homem se vira e desaparece, deixando Giovani parecendo uma criança desamparada.

O rapaz soluça. Meu coração bate forte.

Apolo se vira lentamente para olhar para o rapaz, mas nenhum deles se move nem diz nada. Eles se encaram com um misto de ansiedade e emoção enquanto o maldito silêncio parece me fazer as batidas de todos os corações descompassados no recinto.

GUIANDO O PRAZER (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora