Capítulo 18

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Quando acordo, o outro lado da cama está vazio. O quarto está claro e silencioso.

Não enrolo na cama, me levanto de uma vez e vou para o banheiro com os pés descalços. Estou apenas de cueca e camisa.

Mesmo não esperando encontra-lo aqui, fico levemente decepcionado por não ver Apolo no recinto. Faço minhas necessidades básicas, escovo os dentes e saio do banheiro para pegar os meus chinelos.

Vejo o céu através da porta de vidro que dá para a varanda e ele não está muito animador. Sem sol e mais fechado do que qualquer coisa.

Pego meu celular apenas para ver se Apolo me mandou alguma coisa. Encontro apenas mensagem de uma pessoa e não é do meu namorado.

A mensagem é de Cassio:

Obrigado por ontem!

Hoje eu estou me sentindo muito melhor, mas sai cedo porque tenho coisas pra resolver.

O colchão do quarto de hospedes é uma delícia!

Seu namorado é um vampiro ou o quê? Quando sai ele já estava de pé. Pra quem tem uns cinquenta anos o cara tá bem na fita, heim!

Te amo e não se preocupe comigo!

Pedir que não me preocupe é o mesmo que dizer para não respirar. A primeira vez na vida que vi Cassio chorar foi com a morte da sua mãe. Aquela experiência não foi a melhor da minha vida, apesar que encarar uma situação como aquela não haveria como ser bom de jeito nenhum.

Me lembro de como foi horrível lidar com a morte do meu avô e de como isso quase acabou com minha alegria de viver. Lidar com a morte é sempre uma merda, independente da forma como aconteça, mas perceber que a morte do pai afetou Cassio foi uma surpresa para mim.

Não falamos mais sobre isso ontem. Jantamos e ficamos por um tempo assistindo alguns episódios de uma série nova que Cassio estava louco pra assistir, mas não consegui prestar a menor atenção em nada porque fiquei esperando que a qualquer momento ele fosse começar a chorar.

O que não aconteceu, mas teria sido melhor se tivesse, porque parecia que ele continuava se privando de chorar de novo por um homem como seu pai. Eu deveria ter dito a ele que é natural sentir o peso que aquilo trazia para seus ombros, contudo preferi deixar para lá para não nos desgastar ainda mais.

Apolo não se juntou a nós, ao invés disso, ficou em seu escritório trabalhando até tarde. Eu sabia que ele também precisava de mim, afinal ele também está passando por um luto e fiquei dividido. Volta e meia, entre um episódio e outro da série, ia até onde meu namorado estava para lhe fazer um carinho ou dar um beijo, mas ele me assegurava que estava bem e que trabalhar estava ajudando a anuviar as ideias.

Cassio dormiu no quarto de hospedes e demorei muito a pegar no sono. Apolo demorou para ir para a cama e nem havia clima para fazermos nada, simplesmente ficamos juntos até que ele pegou no sono com o nariz enterrado em meu pescoço. Sua respiração fazia firulas contra minha pele, o que acabou colaborando para minha falta de sono.

Em um momento me levantei para ir até a cozinha comer alguma coisa durante a madrugada, mas acabei me esgueirando de volta para o quarto quando percebi o ruido de conversas. Eu não deveria ficar agindo como um intruso na minha própria casa, contudo foi justamente o que fiz, e acabei vendo quando Paloma apareceu na escada, olho de um lado para outro, desconfiada e seguiu para o quarto do meu primo com ele agarrando-a por trás como um carrapato.

Não é necessário ser um gênio para entender que o consolo que ela deu a ele foi melhor do que o que pude dar naquele momento.

Acabei desistindo do lanche e voltei para a cama enquanto pensava em Leona. Pelo meu histórico com ela, no começo de nossa relação, eu poderia muito bem acobertar o meu primo e fingir que nada aconteceu, afinal Leona também não é a maior santa do mundo. Mas isso a verdade é que os erros dela não justificam os meus e sempre vi essa canalhice do meu primo como um ponto negativo e nunca quis ser seu cumplice, mesmo assim acabei sendo por tanto tempo.

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