Cap 12 - Hécate

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Morana

A única coisa que consigo fazer é rir, olho meu pai de cima a baixo. - Como assim Zeus? Zeus? - não contenho o sorriso, ele no entanto fica sério com os olhos fixos em mim. - Zeus? - ai a ficha começa a cair e meu sorriso vai se desfazendo. - Zeus! - digo assustada e agora ele abre um leve sorriso. - Isso mesmo Hécate! - fico confusa com o jeito que ele me chama, mas sinceramente essa é a menor das minhas perguntas nesse momento. - Onde eu estou? - olho a minha volta. - No jardim das hespérides, eu achei que esse seria um bom lugar para conversarmos. - se aproxima ficando parado em minha frente. - E porque você é igual a meu pai? É uma forma que você escolheu? - ele realmente é idêntico ao papai, só o penteado que é diferente, pois seus cabelos são um pouco maiores que os do meu pai, com isso os torna um pouco cacheados também. - Na verdade essa é minha real forma. - se dá uma breve olhada. - E porque então meu pai é igual a... - não sei bem como chama-lo, ele nota minha confusão. - Me chame de você. - consento. - Essa é uma longa história, que vou te contar é claro, porém não por hora. - começa a andar um uma trilha com pedras brancas que tem a nossa frente, me junto a ele. - Tenho certeza que já ouviu falar dos deuses! - olho para seu rosto. - Sim, já ouvi. - ele sorrir. - Bem, a maioria das coisas não são bem verdades, mas sei que logo descobrirá tudo! - passamos por lindas árvores a beira da trilha por onde andamos. - Hécate, eu mesmo quis... - ele olha para frente enquanto fala. - Porque me chama assim? - para e olha para mim. - Esse é seu nome. - ele fala como se isso fosse algo que eu já soubesse. - Não, meu nome é Morana. - sorrir levemente. - Hécate é seu nome de deusa. - diz parando e virando para mim. - Deusa? - ele faz um gesto com sua mão em minha direção para que eu me veja, então noto minhas roupas brancas, feitas do mesmo tecido que as dele, um cinto de prata marca minha cintura, um grande e pesado colar também de prata está em meu pescoço, pulseiras enfeitam meus braços e anéis preenchem meus dedos, uma testeira reparte meus cabelos. Perto de onde estamos tem um lago, vou até ele e vejo meu reflexo, meu rosto está diferente, embora parecido não está igual, meus olhos ainda azuis e meus cabelos brancos como a neve, olho para Zeus espantada. - Você é uma deusa Hécate, seu nascimento foi premeditado a milhares de século atrás. - ele estende a mão para mim, a pego e voltamos para a trilha de pedras brancas. De vez em quando vejo algumas mulheres cuidados das árvores, dos arbustos e das flores que tem no jardim. - Você nasceu na terra pois tinha uma missão a cumprir, gerar a nova espécie sobrenatural. - fico triste ao lembrar dos meus filhos. - Eu sei que a terra não é o lugar para um deus viver mas ao menos fizemos com que seu tempo nela fosse mínimo, só te despertando realmente para cumprir seu destino junto aos mundanos. - ele fala como se estivesse me feito um favor deixando eu dormir por tanto tempo. - Foram vocês quem me deixaram em sono profundo? - consente. Meus olhos se estreitam, ele sorrir levemente. - Sempre achei graciosa a mania que os mundanos tem de achar uma justificativa para tudo, me divertia quando vocês diziam que era uma maldição o motivo de seu sono. - diz sorrindo o tempo todo. - Realmente é uma maldição sim, dormir por tanto tempo, ficar longe de minha mãe, ao fazer isso vocês afastaram uma mãe de uma filha e isso causa mais dor que um corte da mais afiada lâmina, ainda diz que me ajudou? - o deus me olha como se não acreditassem no que acabei de dizer. - Deveria ser grata menina! - se aproxima de mim, fico um pouco intimidada. - Você quer que eu te agradeça? presumo que também fez todos aqueles que foram alvos de sua ira divina prestem sua gratidão. - me arrependo assim que termino de falar, seu rosto não parece nada contente. - Todos os castigos foram bem aplicados! - diz chegando mais perto de mim, conforme ele se aproxima eu vou dando um passo para trás, até que esparro minhas costas em uma arvore e não consigo mais me afastar, ele no entanto continua se aproximando. - Eu fiz questão de vir pessoalmente falar com você, te contar sua verdadeira identidade, te mostra tudo que queira ver. - deixa seu rosto a centímetros do meu, seus olhos vão para minha boca, então viro o rosto, sinto sua respiração na minha bochecha. É muito esquisito, ele tem o rosto do meu pai mas eu sei que não é ele, não consigo não me sentir suja e impura com o modo que ele está me olhando. - Deixe a moça irmão! - respiro aliviada quando Zeus se afasta, olho para onde a voz vem e vejo um homem, forte e garboso, seu rosto quadrado com um queixo arredondado, fazendo pela simetria, olhos azuis como duas esferas da água mais cristalina, barba por fazer, porém bem cuidada, seus cabelos com um lindo topete frontal bem alinhado assim também como as laterais, uma toga azul clara da mais pura seda, um cinturão prateado marca a cintura, suas mãos cruzadas formando um punho cerrado na altura de seu umbigo, ele me olha e sorrir. - Poseidon! - Zeus fala olhando para ele. - Peço desculpas pelos modos do meu irmão, ele não consegue pensar direito quando se trata de uma bela mulher. - olha fixo para mim. - Sempre gostou de uma entrada dramática irmão. - Zeus o encara. Confesso que fico encantada com o homem a minha frente. - Poseidon? - digo quase num sussurro. - Hécate, é sempre uma honra. - faz um leve gesto com a cabeça, abro automaticamente um sorriso. - Ainda encantando indefesas donzelas irmão? - Zeus pergunta parando atrás de seu irmão. - A fama de canalha é sua irmão, receba todos os créditos por ela. - Poseidon se vira para Zeus. - Mas não foi eu quem corrompeu uma sacerdotisa de minha filha Athena. -  eles parece dois pavões disputando território. - Sabe que não foi isso que aconteceu, Medusa e eu estávamos apaixonados, eu estava cortejando Athena a seu pedido, para que assim ela te deixasse em paz, no entanto ela não gostou de ser deixada para trás, como castigo fez o que fez. - não consigo esconder a surpresa com as palavras dele. - O que há? - Zeus pergunta olhando para mim, assim como seu irmão. - Bem, é que, não é assim que essa historia é conhecida na terra. - digo um pouco sem graça. - É, eu sei! - Poseidon fala sem orgulho nenhum. - As vezes tendo a ter um temperamento instável, mas não tocaria em uma mulher sem seu consentimento, prefiro fazê-la implorar por mim primeiro. - fico arrepiada com a forma que ele fala me encarando, limpo a garganta. - Como vê Hécate, nem tudo que acha saber sobre nós é verdade. - Zeus fala presunçoso. - Poseidon me lembra a Elijah, seu porte, sua elegância. - Confesso que não consigo entender vocês dois, sempre trocam farpas, no entanto, bem pesado e bem medido, um nada se diferencia do outro. - um homem surge do nada, parando no meio dos dois, coloca cada um de seus braços nos ombros deles, os abraçando, Os dois saem de seu alcance quase sem sincronia. - Hades! - Zeus fala quase como se não aturasse o irmão. - Olá Perseia! - Hades fala olhando para mim. Ele não é como dizem, cabelos negros ou olhos vermelhos, pelo contrário, tem cabelos todos brancos, mas não causados pela idade certamente, é claramente a coloração natural deles, os olhos um deles é azul e o outro é marrom claro. - Perdoem o atraso, mas tive um pequeno imprevisto com cérebro. - ele diz aos irmãos. - Continua estonteante Perseia. - vem a mim e deixa um beijo na minha bochecha. Fico espantada com o gesto, ele me olha como se fossemos velhos amigos. - Ainda estão protelando? Não contaram a ela ainda? - os censura. - Me contou o que? - digo curiosa, os três me olham. - Que você é uma deusa! - Hades olha para os irmãos. - Isso Zeus me disse! - Hades me olha sério. - Mas você não lembra de nós, lembra? - faço que não com a cabeça. - Eu não entendo, porque eu deveria lembrar de vocês? - eles parecem se divertir com minha ignorância. - É tão tentador deixa-la assim! - Zeus argumenta, os dois riem. - Só diz isso Zeus porque Hécate nunca caiu em seus encantos, apesar de seus incontáveis esforços. - Poseidon desdenha do irmão. - Eu não entendo do que falam! - deixo claro que estou perdida nessa conversa. - Mas ela caiu nas conversas de Hélio, Hermes e segundo rumores na de vocês dois também. - Zeus esbraveja para os irmãos. - Não acredite em tudo que ouve irmão. - Hades sorrir, assim como Poseidon. - Vamos logo com isso! - Hades diz aos irmãos, Zeus dá um passo para trás, Poseidon fica logo depois dele e Hades logo ao lado de Poseidon. As vestes vermelhas de Hades marcadas na cintura por um cinturão branco, acho que é ouro branco ou diamante, são substituídas por um traje dourado com branco, uma armadura brilhante e um elmo também dourado, Zeus e Poseidon também ganham lindas armaduras douradas, como se estivesse se preparando para uma guerra. Poseidon faz surgir em sua mão o seu tridente, Zeus fica em posse do seu icônico raio, alinhados e em suas posições mais imponentes, Poseidon bate seu tridente do chão três vezes com força, fazendo a terra tremer, Zeus ergue seu raio no ar, nuvens negras se formam no céu e delas saem raios e trovões, O Elmo de Hades brilha e sombras negras começam a percorrer o chão onde estamos, começo a andar em direção a eles quase que hipnotizada, paro em frente a Poseidon, Zeus a minha esquerda coloca sua mão em meu braço esquerdo, Hades a minha direita faz o mesmo em meu braço direito, Poseidon coloca a mão em meu rosto, eles fazem isso ao mesmo tempo, assim que eles me tocam sinto meus olhos virarem para cima, minha mente é preenchida com lembranças que pareciam está presas em uma caixa e que só agora ela foi aberta, lembro de uma vida inteira como a deusa Hécate, de feitos extraordinários, de paixões ardentes e de minha fama como a deusa Tríplice, adorada até mesmo pelos deuses. Eles tiram as mãos de mim e suas roupas voltam a ser as que estavam usando antes. - Como é bom voltar! - digo com um sorriso, sinto-me livre, pela primeira vez em anos, sinto-me completa. - Deveria castiga-lo Zeus, por não querer me devolver minhas memórias. - o ameaço. - Eu também senti sua falta. - ele sorrir. - Vamos, está na hora de irmos para casa. - Zeus pega em minha cintura. - Ainda não! - os três me olham confusos. - Como assim? - Hades pergunta. - Eu preciso falar com eles! - os três sabem a quem me refiro. - Hécate! - Poseidon adverte. - Me conhecem bem, sabe que eu jamais abandonaria aqueles com quem me importo. - Zeus baixa a cabeça, como se não acreditassem no que estou falando. - Não desdenhe Zeus, sabe que eu posso, sou livre, sou a única dos deuses que posso intervir nos assuntos mundanos, dá maneira como eu achar melhor. - ganhei isso de presente do próprio Zeus após ajudar a resolver sobre o rapto de Perserfane. - As vezes tenho a sensação que se arrepende de ter me dado tal liberdade. - Zeus suspira. - Jamais, minha querida, jamais me arrependo de nada em relação a você. - galante como sempre. - Queria que estivessem presente. - eles não se opõem. - Só dois, apenas dois deles! - Zeus clama, fecho meus olhos e os abro, viro de costas e vejo meu pai e Elijah parados de pé, com os olhos apertados, parecendo estarem atordoados. - Quem são vocês? - meu pai pergunta, sorrio.

Chamas do Destino - Sangue Mikaelson (Liv 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora