•Capítulo Dezenove•

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Késsio

Em um segundo estava no apartamento ao lado, indo na direção do banheiro. Talvez tenha sido uma má ideia chamar Dantas, no fim das contas. Ou talvez seria melhor tirar ele e aquele homem daqui. O problema? Não estávamos no nosso território.

— Que porra, Dantas! 

Exclamei assim que entrei pela porta do banheiro. 

Dantas, que estava agachado perto do homem ofegante, e o próprio, olharam para mim. 

— Não tem nem cinco minutos que você chegou...

— Eu ainda não fiz nada com Jay. — Passei a mão no rosto, pensando no que fazer.

Olhei para o homem no chão, ou "Jay", como Dantas chamava suas vítimas. Ele tinha sangue seco sobre si, mas nenhum ferimento recente que eu pudesse ver. 

— Por que caralhos você gritou? —  Perguntei ao homem. 

Ele não me respondeu, olhou de mim para Dantas, como se não conseguisse acreditar que havia mais um de mim. 

— Responda ele, filho da puta! —  Dantas vociferou, acertando um cascudo em sua cabeça.

Jay não falou nada, o que irritou ainda mais Dantas. 

— Ele estava bem mais falante antes. —  Resmunguei, indo para o canto ao lado da porta e me agachando ali, apoiando as costas na parede. 

— Qual o problema agora? —  Dantas perguntou, aproximando o rosto do de Jay, que não olhou para ele, mas sim para o chão. —  Você está sem voz? O gato comeu sua língua?

Jay continuou com o olhar baixo, e aquilo estava irritando ainda mais Dantas. 

— Porra. Estou um pouco decepcionado sabia? Estava ansioso para ter uma conversa com você. —  Dantas se levantou e saiu do banheiro. 

Jay finalmente olhou para mim, aquele ar valente de antes tinha ido embora. 

— Vocês... Quem são vocês realmente? —  Ri com a sua pergunta.

—  Nós somos os executores da Cosa Nostra de Nova York. I gemelli. 

— Eu... Porra!

— É meu amigo, você mexeu com a mulher do cara errado.

Ele olhou para mim, estava claro em sua expressão que ele estava tentando entender que porra era tudo aquilo, que aquilo não tinha sentido.

— Por que ela está com um cara como você? 

Estreitei os olhos, sua pergunta me fazendo repensar a ideia de matá-lo.

—  Por que ela estaria com um criminoso? —  Ele arregalou os olhos quando percebeu que tinha me deixado puto. Me levantei e fui para perto dele, que levantou o olhar para mim. — Independente do que eu faço, eu sei como tratar uma mulher, eu e meu irmão temos um código de honra. 

Me agachei novamente, mas dessa vez perto dele. 

— Nunca tocamos em uma mulher sem a permissão dela, matamos mulheres, sim, mas só as que são tão podres quanto nós. Não tocamos em pessoas inocentes. 

— Agora... —  Olhei para trás ao som da voz de Dantas. Ele estava na porta com um copo com água na mão. —  Me diga você, jay. —  Ele se agachou ao meu lado, ficando na mesma posição que eu. —  Quantas vezes você já tocou em uma mulher sem o consentimento dela? 

Jay abriu a boca, mas nada saiu. 

—  Eu confesso que, anos atrás, eu quase matei uma mulher. —  Olhei para Dantas, uma sobrancelha franzida. Que porra ele estava fazendo? Mas ele me ignorou. — Ela era uma grande... Grande filha da puta. Eu estava pronto para matá-la, pronta para enfiar uma faca em sua barriga. Lembro de estar chorando como um maldito maricas, porquê a amava, muito, mas estava determinado. — Dantas colocou o copo com água no chão ao seu lado e sorriu, mas não havia humor nenhum nele. — Porra, é difícil lembrar disso, mas... Sou perseguido a cada dia com as lembranças. Ela acabou com a minha vida, fodeu com a minha maldita sanidade, e quando estava prestes a matá-la, Késsio, esse fodido, chegou e me impediu.

Doce Perfeição | Série "Donos da Máfia" | Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora