•Capítulo Vinte e Nove•

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Katty

As ruas estavam cheias, carros passando para todos os lados, pessoas andando nos passeios, crianças chorando… E tinha eu, vestindo uma enorme blusa de frio com capuz, para tampar o hematoma no meu rosto, mesmo no calor que estava fazendo. 

Olhei para os lados antes de atravessar a rua, ciente de que estava sendo seguida de perto por Mark.  Ele passara a noite comigo e… Lágrimas vieram aos meus olhos ao lembrar do que tinha me acontecido, da dor, do nojo. Mas eu me recusava a deixar fraquejar por isso, não fora a primeira vez que fora estuprada por Mark, mas fazia um bom tempo desde a última vez. Desde então, não tinha conseguido ficar com ninguém, apesar da atração que senti por alguns, sempre tinha o medo.  

Mas na noite passada.

— Fique quita. — Mark vocíferou perto do meu ouvido. — Muito bem, boa menina. 

Sua voz voltava a minha cabeça com cada passo que eu dava, o cheiro, a angústia que eu sentia cada vez que ele…

— Olhe por onde anda! — Alguém gritou quando me enfiei na frente de um carro sem perceber. Me afastei, olhando para os dois lados da rua e voltei a atravessar. 

A lanchonete apareceu em meu campo de visão e novamente lágrimas vieram aos meus olhos, eu não sabia o que falar, só tinha que… 

Olhei para trás,  e lá estava Mark, encostado em uma esquina me observando. Ignorei o calafrio que percorreu o meu corpo e fui para a lanchonete. Assim que abri a porta, o pequeno sino logo acima tocou, Denner e Colin estavam atrás da bancada e olharam para mim. 

— Katty, achei que não viria hoje. — Denner disse enquanto eu me aproximava. 

Não consegui conter as lágrimas,  funguei e quando finalmente olhei para eles e afastei o capuz do meu rosto, eles paralisaram. 

— Que merda… — Colin disse, vindo até mim. 

— Não… Não faça nada. Ele está lá fora. — Falei e Colin parou o movimento de levantar a mão.  

— Mark? 

— Sim. Ele apareceu na minha casa ontem a noite… — parei de falar, pois o choro tomou conta de mim. — Ele… Ele quer que eu me demita.

— Nem fodendo! Você não vai sair daqui! — Denner vocíferou, já tirando o avental de ursinhos que usava. 

— Por favor, Denner… — Pedi, segurando seu grande braço com a mão. — Só arrume ajuda, por favor, a polícia não vai mais resolver… Mark tem que ser… Morto, só assim ele me deixará em paz. 

Denner olhou para mim, e ali naquele momento eu soube que Mark não me incomodaria por muito mais tempo.  

Saí da lanchonete poucos minutos depois sentindo minha cabeça latejar de dor, não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Podia sentir o olhar de Mark queimando o meu corpo a cada passo que eu dava para mais perto de onde ele estava, e assim que  cheguei, vi os olhos loucos e aquele cabelo loiro. Como pude ter amado ele antes? Como não percebi que era louco? 

Fui até ele, forçando um sorriso falso no meu rosto e aceitei quando ele passou um braço pelos meus ombros. 

— E como foi? — Ele perguntou.

— Tranquilo.

Mantive a cabeça baixa enquanto andávamos, rezando para alguém ao meu redor perceber que havia algo de errado, mas como perceberiam? Mark era o espécime perfeito de menino bondoso, ninguém daria um dólar se falasse que ele era manipulador, maluco, estuprador e fanático.  

Doce Perfeição | Série "Donos da Máfia" | Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora