•Capítulo Vinte e Sete•

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Dantas

M

ais tarde naquele mesmo dia, estava sentado no sofá ouvindo os roncos de Janete no outro quarto enquanto tentava ver TV. Era impossível com ela roncando daquele jeito, e eu também estava inquieto, querendo sair, querendo ação.
Pensamentos que eu estava evitando nos últimos meses insistiam em vir com cada vez mais freqüência, e eu tinha que achar algo que me fizesse esquecer o passado.

Me levantei e fui para o quarto de Késsio. Janete estava em uma posição estranha, a parte de cima do corpo para um lado e as pernas para o lado oposto.

— Janete. — Chamei. Ela continuou dormindo. — Janete...

Ela resmungou e abriu um pouco os olhos.

— Késsio?

— Não, Dantas. Endireite-se.

Janete se virou de lado e voltou a dormir, e parou de roncar também.

Saí do quarto e fechei a porta. Olhei meu relógio de pulso e vi que faltava pouco tempo para Késsio chegar.

Voltei para a sala e Arrumei algumas coisas que estavam bagunçadas. Lembrei de Késsio, que sempre me culpava pela bagunça, mas sempre era ele quem a fazia.

A porta se abriu e Késsio entrou, parecia ansioso.

— E Janete? — Perguntou, fechando a porta atrás dele e colocando o celular em cima da mesinha que tinha ao lado da porta.

— Está dormindo. — Respondi e ajeitei a almofada no sofá. — Vou sair um pouco.

Késsio estava indo na direção do corredor, então parou.

— Me avise qualquer coisa. E não se meta em problemas.

— Como se eu me metesse em problemas. — Saí do apartamento sem falar mais nada. Desci as escadas apressado, estava doido para sair daquele prédio um pouco. A verdade é eu sempre me senti sufocado ali.

Aquele apartamento me trazia muitas lembranças. Lembranças que traziam pensamentos que eu estava tentando evitar.

Tinha que esquecer, esquecer.

Saí do prédio e segui no passeio, só percebendo que tinha deixado minha blusa de frio no apartamento quando senti a brisa fria. Não voltaria para pegar.

Já era fim de tarde e o céu estava colorido em vários tons, as ruas mais movimentadas, tudo estava muito barulhento.

Parei um pouco antes de chegar a esquina da rua. A minha direita seguia uma rua, a minha esquerda, outra, e a minha frente tinha aquela lanchonete de nome estranho. E veja bem, aquele lugar me interessou assim que realmente olhei para ele.

Veja bem, tinha um homem rondando o lugar. Um homem que tinha olhos muito expressivos.

Olhei para os lados e resolvi me encostar na parede do prédio que ficava na esquina. Peguei um cigarro do maço que eu sempre levava no bolso e meu isqueiro. Ninguém desconfiaria daquilo, eu era só um homem que estava passando seu tempo fumando em uma esquina.

Acendi o cigarro e dei uma longa tragada, segurando-o entre os lábios enquanto guardava o maço e o isqueiro no bolso de trás da minha calça jeans.

Doce Perfeição | Série "Donos da Máfia" | Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora