Havia um garoto no meu quarto. Era alto, forte e um pouco gordo. Seu cabelo era preto com mechas ridiculas, era um ambiente estranho, com um cara estranho, que sorria estranhamente, fazendo algo estranho. Franzi as sobrancelhas, e fingi que nada estava acontecendo. A vida normal de um adolescente com hemorroidas. Brincadeira.
Pouco espaço
Suspirei. Aquele quarto possuía apenas espaço para as duas camas e um guarda-roupa. Paredes brancas, tinha apenas uma janela, no entanto, pequena. Tudo como de um manicômio.
O garoto levantou-se e torci intermante para que não falasse comigo. Tarde demais.
Ergueu as calças, limpou a garganta e veio até minha cama. Retirou um cigarro do bolso, o acendeu e me entregou um deles. Isso foi tão Quem é você, Alasca?
— Eu não fumo — rejeitei.
— Estou condenado a viver com um virgem de dezoito anos que não fuma e ainda usa camisetas de Pokémon! — ele riu sarcasticamente, guardando o masso de cigarros, seu lábio vermelho estava um pouco molhado e seus olhos castanhos me fitavam. Ignorei.
— Qual é o problema com Pokémon?
— Vamos? — A garota que apareceu a porta disse. Seus olhos eram azuis, rímel e batom vermelho. Ela parecia bem simpática se não fossem as tatuagens. Hã... Não há nada errado em ter tatuagens, apenas eram estranhas.
Ela chutou minha mala — que ainda estava no chão, por acaso —.
— Sou Calum Thomas Hood, mas me chame apenas de Calum — ele piscou.
— Michael. Prazer Calum Thomas Hood — sussurrei.
— Sou Beatriz — a garota disse — me chame de Bea ou Tris! — ela era bem animada, tinha uma voz linda, voz de dubladora. Era legal o jeito que seus cabelos caiam delicadamente em seus ombros.
Não lhe respondi. Eles saíram rindo de algo que algum adolescente havia feito no corredor. Assim que a porta fechou sentei-me na cama e suspirei, cansado. Gordo é assim mesmo.
Onde fui me meter.
Era o primeiro dia .Todos estavam muito animados. Não para estudar, mas para se pegar, fumar, e até talvez se cortarem naqueles banheiros com cheiro de adolescentes suados. Estávamos em uma fase onde quase todos faziam isso.
Abri a mala e tirei minhas roupas dali, coloquei-as na minha parte do guarda-roupa. Revirei os olhos ao ver revistas pornográficas no fundo do armário, ele teria que viver com minhas histórias em quadrinhos e eu teria que viver com loiras de peitos grandes no quarto. Certamente Calum não chegaria tão cedo. Ele era o oposto de tudo em mim.
O quarto estava silencioso um pouco iluminado pela luz que invadia o quarto pela pequena janela redonda. Desabei na cama dura e peguei meu notebook, ligando-o com pressa. A tela se acendeu e logo cliquei no "Deadly Bombs".
O nome do meu melhor amigo apareceu ao lado, sorri ao ver que ele queria falar comigo.
— Ashton? — eu testei a chamada.
— Michael! — sua voz ecoou pelo quarto.
— A faculdade tá uma merda.
— A minha também - Ashton suspirou - tá cheio de adolescentes, tem cheiro de merda - ele riu e abriu a boca com sono, bagunçando os cachinhos de seu cabelo.
— Vamos jogar Deadly Bombs? - perguntei, não aguentando mais esses assuntos.
— O melhor momento do dia - Ashton lambeu os lábios. Eu tinha uma queda por ele, de verdade, desde o começo. Ele era loiro com pequenos cachos delicados, uma pele era beijada pelo sol, voz fina e suave. Sentia mais inveja do que amor.