Praguejando no idioma antigo

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Castiel abriu os olhos com um suspiro relaxado e vendo, embaçado no primeiro momento, a imagem de Dean dormindo tranquilamente ao seu lado.

Sorriu suavemente e, em silêncio, se permitiu observar o marido. A expressão serena, os lábios entre abertos, o cabelo espalhado pela cama. Dean era simplesmente uma imagem magnífica para de ter de manhã.

E, naquele dia especificamente, Castiel se sentia tão bem. Apesar de tudo, a viagem até o reino das fadas havia sido maravilhosa e o anjo ainda conseguia sentir seus efeitos. A felicidade, a resolução completa dos problemas em seu casamento, o segundo núcleo mágico em seu corpo...

Espera! O quê?!

Arregalando os olhos, Castiel se sentou na cama, levando as mãos a barriga, tentando sentir com certeza porque... Não podia ser. Não tinha como ser.

Mas era. Ele podia sentir perfeitamente a magia que não era sua.

Merda!

Se levantou o mais silenciosamente possível e saiu do quarto, se enfiando no banheiro. Encarou a própria imagem no pequeno espelho embaçado, tentando encontrar qualquer sinal de que isso não estava acontecendo.

Mas estava tudo normal, exceto...

— Merda! — xingou, porque aquele era o pior momento possível para isso. No meio dos prelúdios da guerra! Como foi deixar isso acontecer? — Quando? — indagou para si mesmo, tentando encontrar nas próprias memórias o momento exato, enroscando os dedos no cabelo para ter alguma clareza. — Quando? Porra! Como?!

— Cass? — a voz preocupada de Dean se fez audível, acompanhada de batidas na porta do banheiro.

— Ko Rorykuke?! ( O quê?!) — respondeu, se virando em direção a porta e sequer percebendo que estava usando o idioma antigo durante todo esse tempo, no auge do desespero.

Dean abriu a porta com um empurrão forte, sabendo que precisariam consertar a fechadura depois, mas realmente não se importando.

Olhou para Castiel e franziu o cenho, aliviado por ele parecer bem, mas também confuso por esse mesmo motivo.

— Você está bem? — perguntou, vendo o anjo olhar em sua direção com a expressão torcida em desentendimento.

— Eu estou. Por quê achou que eu estava?

— Você tava' praguejando no idioma antigo.

— Eu estava?

— É, você estava. Tem certeza de que está bem?

— Tenho, eu só... Bati meu dedinho no pé da pia. Não percebi que estava falando o idioma antigo.

A expressão no rosto do demônio suavizou, embora ele ainda parecesse preocupado. Não era comum, Cass só falava a língua antepassada quando julgava necessário ou quando estava sob muita pressão, desconcertado com algo.

— Volta para a cama. — o demônio chamou, estendendo a mão para o marido. — É muito cedo ainda, o sol mal nasceu.

Castiel se permitiu sorrir, embora sua verdadeira vontade fosse chorar. Pegou a mão do outro e se deixou ser guiado de volta para o quarto, passando pela sala onde Sam e Gabriel dormiam juntos em colchões no chão.

O anjo reparou que não os tinha notado quando passou desesperado para o banheiro.

Respirou fundo, sabendo que Gabriel vai mata-lo quando souber da... Da novidade. Ergueu o olhar para Dean enquanto se deitava ao lado dele na cama.

Puta que pariu, Dean vai ter ataque.

— Honey, você está mesmo bem? — o demônio perguntou, levando a mão direita ao seu rosto, fazendo um carinho gostoso que só aumentou a vontade do anjo de chorar.

O altar do ressurgir//DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora