Riquezas desperdiçadas

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Dean desviou de uma mulher cheia de sacolas que passou por si, no meio de uma feira mega movimentada de uma cidade grande para a qual Cass o arrastou.

— Como vamos conseguir uma esfera de almas aqui? — perguntou, desanimado, querendo se enfiar logo no quarto de alguma estalagem e finalmente descansar.

— O povo daqui tem uma cultura ancestral muito religiosa. A maior parte parou de praticar a religião antiga, mas ainda podemos achar uma loja.

— Você pretende comprar uma esfera de almas?— o demônio perguntou, desacreditado de quão fácil Cass estava fazendo parecer ser.

— Sim, e se não encontrarmos, extrair uma grande o suficiente. Eles tem isso aqui em abundância, apenas não sabem usar. Um extremo desperdício de riqueza.

Com as sobrancelhas arqueadas, Dean contemplou a informação de que aqueles humanos tinham o que poderia ser a maior riqueza do mundo , mas não usufruem dela por não saberem como.

E Cass ainda o julga por não gostar de humanos. Como gostar dessas criaturas ignorantes?

— Pare de julgar, Dean. Os anjos vetaram o conhecimento deles sobre isso.

— Os anjos?

— É. Veja, almas são extremamente poderosas, excelentes fontes de energia para feitiços e essas coisas. Se humanos fossem capazes de armazenar almas, todos seriam capazes de fazer magia. Agora imagine todos os humanos com talento e conhecimento em magia.

— Um caos total. — o demônio concordou, balançando a cabeça.

— Infelizmente, humanos não estão prontos para esse tipo de conhecimento.

— Ei, meninos! O casal aceita uma bebida? — uma mulher ofereceu, se colocando diante deles. Usava um vestido surrado, mas bonito e limpo, com um decote um tanto quanto avantajado.

— Ah... Nós... Nós... — Castiel travou. Nenhum humano nunca tinha se aproximado alegando que eram um casal sem que dissessem isso claramente. Pouquíssimos humanos tinham ficado tranquilos com isso.

— Relaxem, somos mais liberais desse lado do oceano. — ela disse, sorrindo abertamente. — Ainda mais com um casal famoso, principalmente quando são o anjo e o demônio mais procurados no céu e no inferno.

A expressão travada no rosto do anjo deu lugar a uma de determinação. Ele levou a mão ao cabo de uma das espadas nas costas em forma de ameaça, percebendo quando Dean se colocou ao seu lado.

— Se afaste de nós se quiser viver! — o demônio ordenou, a voz soando mais rouca que o normal por conta dos poderes demoníacos recém ativados.

— Sem estresse. Eu não trabalho para anjos ou demônios. Meu nome é Pamela Barnes, eu tenho poderes psíquicos e um bar. Aceitam uma bebida?

Dean e Castiel trocaram um olhar, conversando mentalmente, analisando as opções. Sem qualquer palavra, ambos concordaram em ir, ficar atentos a qualquer movimento e matar todos a qualquer mínimo sinal de ameaça.

Com um aceno de cabeça mútuo um para o outro, eles largaram as armas e ficaram de pé, esperando que Pamela os levasse até o tal bar.

Não devolveram o sorriso dela, apenas a seguiram quando ela se virou e começou a andar.

•°•°

Jack se sentia mau, extremamente mau, além do limite. Ele não se lembra de ter se sentido assim antes na vida enquanto seguia Sarah e Belphegor pela estrada que eles tinham encontrado quando saíram antes, de volta para o Reino dos Monstros.

Ele sentia fadiga, fadiga extrema, ao ponto de que ele sentia que desmaiaria se não parasse e dormisse. Suor escorria de sua testa e ele sentia um incômodo horrível na região do diafragma.

Talvez fosse efeito colateral da separação, ou Crowley tinha feito algo consigo como um preço pelo feitiço certamente complicadíssimo que tinha executado.

Quando perguntou a Sarah e Belphegor, os dois disseram que tinham acordado na floresta. Sarah disse que a última coisa que se lembrava era de ouvir Jack gritar de agonia e, então, do nada, acordou no chão cheio de folhas.

Ainda não tinha conversado direito com o irmão agora que cada um tinha seu corpo. Era estranho ver uma cópia sua andando ao lado de Sarah, dizendo qualquer besteira que a estava fazendo rir.

Sim, talvez Jack estivesse com ciúme.

— Jack, você está bem? — a voz de Sarah o chamou atenção e ele percebeu que estava ficando para trás em sua caminhada lenta e dolorida.

Resmungou e apressou os passos para alcançar os dois que estavam parados na frente.

— Eu estou bem, só me distrai um pouco.

— Sua cara não tá' nada boa. — Belphegor comentou, em tom brincalhão.

— Nós temos a mesma cara. — Jack respondeu, se esquivando quando Sarah estendeu a mão em direção a seu rosto repentinamente. — Que é isso?

— Quero sentir se está com febre.

— Sarah, sem ofensas, mas você vivia no inferno, não acho que seja a pessoa certa para medir a temperatura de alguém. — argumentou, encolhendo os ombros quando a loira o ignorou e tocou seu rosto mesmo assim.

Ela franziu o cenho.

— Tá' um pouco mais quente do que o normal.

— O normal? Como você sabe minha temperatura normal?

— A gente dormiu juntos na floresta, Jack. Várias vezes.

— É, bom... Isso faz sentido.

— Acho que você está com febre. — ela disse, apoiando as mãos no quadril bem desenhado.

— Nunca tive febre na vida, eu estou bem.

— Será que não é efeito colateral da separação de vocês? — a succubus perguntou, agarrando o braço de Jack e o fazendo parar quando ele fez menção de sair andando.

— Se fosse, eu também deveria estar sentindo, não? — Belphegor perguntou, direcionando um olhar preocupado ao irmão, que balançou a cabeça.

— Vamos logo, temos que chegar no Reino dos Monstros e mandar uma mensagem para os meus pais falando sobre o Crowley.

— Por que não usamos o seu colar? — Sarah perguntou, as sobrancelhas arqueadas. — Não é uma linha direta entre vocês?

— Bom, sim, mas eles vão achar que é um pedido de resgate quando o portal abrir.

— É só a gente pular no portal assim que ele abrir. Vamos logo, não aguento mais andar, meus pés estão cheios de bolhas.

Jack suspirou, mas cedeu, porque no estado em que estava, ele já não aguentava andar também.

Por isso, ele agarrou o colar com a mão e, quando o mesmo começou a brilhar, disse "P.E", portal de emergência em forma abreviada, pois se estivesse mesmo em uma emergência, não conseguiria dizer uma frase longa.

O portal surgiu, grande e brilhante e, sem pensar duas vezes, eles se jogaram na luz. Caíram no chão de madeira do que parecia ser um bar.

Tinha uma mulher diante de Dean e Cass, as mãos erguidas agarrando a cabeça dos dois, que estavam totalmente parados, parecendo estar em uma espécie de transe.

Jack se aproximou, olhando ao redor e constando que estavam sozinhos.

— Pai? Papai? — chamou, parando ao lado dos dois, que não se moveram, aparentemente não o ouvindo.

Um barulho alto indicou que alguém estava entrando no local. Mesmo se sentindo terrivelmente mau, Jack tirou o machado de guerra das costas, protegendo os pais ao olhar para o homem que chegou no lugar.

— Quem são vocês? — ele perguntou, fazendo menção de se aproximar, desistindo quando Jack ergueu o machado mais alto.

Pelo amor de alguém, tudo o que Jack queria era dormir.

O altar do ressurgir//DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora