18| De ser uma o que?

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Acordei no outro dia com alguém batendo na minha porta.

- Quem é? - Falei ainda sentada na cama.

- Abra, não me faça esperar!

- Regina? - Me levantei e fui até a porta abrir para ela. - O que faz aqui?

Ela estava tão linda como sempre. Tentei evitar suspiros ao vê-la, mas acabei deixando escapar e tentei ao máximo disfarçar.

- Eu lhe trouxe isso. - Ergueu a mão e mostrou um pote pequeno.

- O que seria isso? - Era algo que nunca tinha visto, uma espécie de creme verde em um pote transparente.

- Preciso que tire essa calça e se sente. - Ela ordenou e eu me recusei.

- Audaciosa. Não vou fazer isso até você falar o que tem ai. - Olhei com os olhos cerrados para ela.

- Como você é teimosa. - Ela falou um pouco alterada. - Isso é para a sua ferida na perna, vai te fazer melhorar, agora anda logo!

Fui até o banheiro para trocar a calça por um shorts, mas ela pareceu incomodada.

- Sério isso? Suas pernas são uma espécie de objeto sagrado ou algo do tipo? Tira essa calça logo, sem cerimônia. - Ela falava de uma maneira que eu achava engraçada, confesso que até gostava de vê-la daquele jeito. Seu jeito de falar ainda trazia um pouco de grosseira que ela herdou enquanto rainha.

Abaixei as calças ficando apenas de calcinha e pude notar ela olhando para meu ferimento na perna, sem desviar o olhar por nenhum segundo. O que me fez perceber que não tinha nenhum interesse a mais naquele momento a não ser cuidar do meu machucado.

Me sentei na beirada da cama e desenrolei a faixa que cobria o furo da bala.
Ela se ajoelhou na minha frente e cuidadosamente passou álcool nas mãos e abriu o pote para pegar um pouco da pasta com os dedos.

- Isso está bem feio ainda... talvez possa doer um pouco.

- Apenas faça. Prefiro que a dor seja de uma vez só do que esperar isso cicatrizar. - Falei e logo peguei o travesseiro para apertar e descontar a minha dor.

Ela me olhou e deu um suspiro, então passou lentamente o produto no ferimento.
E sim, doeu e doeu muito mais do que imaginei. Pude ver a ferida se desmanchando lentamente e reformulando uma pele nova, mas durante esse processo eu via estrelas.

Pareci uma criança quando vai tomar vacina, eu gritava e gemia de dor, meus olhos lacrimejavam e eu tive que deitar na cama.

Regina se sentou na cama ao meu lado e tentou dizer coisas para me passar tranquilidade.

- Calma, logo você vai estar curada. Isso dói mesmo, não se preocupa. - Ela dizia palavras reconfortantes e eu adorava a sua voz, mas no momento eu só queria fazer ela ficar quieta e me deixasse sentir dor em paz.

A dor estava quase me fazendo desmaiar. Senti a minha visão zonza por uns segundos e apaguei por um instante.

Quando acordei, vi que não desmaiei por alguns segundos como havia imaginado.

- Que aconteceu? - Perguntei assim que abri os olhos.

- Bom, além de gritar e espernear? Você desmaiou e ficou apagada por umas 2 horas. - Disse Regina enquanto estava sentada na ponta da cama me olhando.

Levantei rapidamente e olhei a minha perna. Vi que ela estava completamente curada.

- O que? Como? - Perguntei.

- De nada! - Mills falou com um sorriso vitorioso.

- Pensei que o intuito era me torturar. - Brinquei.

O que restou da maçãOnde histórias criam vida. Descubra agora