Virgínia
Era segunda-feira.
Mais um dia de trabalho que eu agradeço antes mesmo de sair do posto, deixo tudo arrumado, arrumo minha bolsa e confiro se não faltava nada mesmo.
Fui fazer tudo que estava encarregada, vi alguns pacientes, inclusive seu Beto que não tinha melhoras de humor, mas tinha de saúde e isso era ótimo.
Lis vem na minha direção, fazendo um coque no seu cabelo e suspira perto de mim.
Lis: A coordenadora quer falar com você, mas eu não sei o motivo - franzo a testa, pegando minha bolsa para ir até lá. Fecho o armário com a minha chave e saio andando com a Lis. - ela tá esperando na sala dela.
Virgínia: Será que eu fiz algo de errado? Ou será que eu fiz algo muito certo? - ela passa a mão no meu ombro. Simone não gostava muito de mim.
Lis: Não sei, só sei que a Gabe tá lá e isso não me cheira bem.
Virgínia: Ah Gabe? Quê? - arregalo os olhos, indo o mais rápido possível. Encontro com elas em frente a sala. - Você quer falar comigo? Fiz algo de errado?
Simone: Se fez, eu não sei, Virgínia - me encara séria, me fazendo tremer e temer suas próximas palavras.- mas você está suspensa do seu trabalho, até segunda ordem.
Encaro ela sem crer e sorrio de nervoso. A Gabriella me olha e eu faço o mesmo para ela.
Virgínia: Como assim? Não - custo acreditar.- sem motivo concreto? Como pode fazer isso?
Simone: Bom, veja suas ações fora daqui, já que a ordem não veio de mim - assim que ela diz isso, minha mente se abre, estava quase chorando, mas agora iria chorar de ódio. - só isso que sei, até informarem que você pode voltar, estará suspensa. Tenha uma boa noite.
Nego com a cabeça passando a mão no rosto, sinto o abraço da Lis e eu fungo resmungando para Lis que tinha sido aquele filho de uma puta.
Gabe: O que você fez para ele tomar essa decisão? - escuto ela se pronunciar pela primeira vez ali.
Virgínia: Eu não fiz nada, só disse que não iria fazer nada que ele mandasse - sabia que me traria consequências. - isso que eu me lembro né, sei que disse mais coisas.
Lis dá risada e eu fico com cara de palhaça.
Gabe: Relaxa, logo ele te coloca de volta. Sei que você não tem nada ver com o que ele acha que você tem, enfim, fica de boa.
Coloca a fuzil nas costas e encaro ela sem entender caralho nenhum.
Pronto, era segredinho entre eles e ninguém me diz logo o que era.
Pra me prejudicar era fácil.
Virgínia: Como assim, Gabe?
Gabe: Vou lá ver meu pai, tchau - sai, ignorando minha pergunta.
Lis: Pai? O betão é pai dela né isso? - concordo olhando sua cara de confusão.- ela e aquele estranho se tratam como irmãos. Será?
Virgínia: Não sei, ele nunca veio aqui. Não tem registro algum de visita - paro para pensar um pouco. - mas o Roberto sempre pergunta por um filho mesmo. Além que o sobrenome do Roberto tem Marino e o vulgo dele é esse.
Lis: Então é ele - afirma e seguimos na direção da saída. - será que o Beto sabe que o irmão matou o outro?
Virgínia: Cuidado em falar sobre isso, Anna Lis. Ele vira sua vida em um inferno se desconfiar que você também sabe e de sobra, me mata.
Lis: Mais ou menos, acho que essa implicância é só pelo forma que você trata ele - dá risada.- se você fosse menos você, talvez não tivesse nessa confusão toda.
Muito baixo, isso não ia ficar assim.
Lis: Você vai agora tirar satisfação com ele né? - para de andar, se virando pra perguntar.
Virgínia: Não! - ela franze a testa, sem entender e cruza os braços esperando uma resposta.- foi exatamente por isso que ele fez isso, pra eu ir implorar, me humilhar por algo que eu nem tenho culpa. Talvez tenha um pouco, mas é muito pouca.
Lis: Virgínia, para com isso - me repreende.- você não tá brincando com qualquer um, você não conhece esse cara. É sério isso, não brinca mais com isso!
Virgínia: E o que você quer que eu faça? A próxima coisa vai ser com a minha família.
Lis: Exato, gata. Obedece o cara, ou finge. Mas não bate de frente, não mais. Saiba jogar como ele.
Entro na minha rua, e avisto minha casa. Apresso os passos pensando sobre o que a Lis falou.
Lis: Preciso ir pra casa, tá? A tia tá bolada. Quando puder eu venho - balanço a cabeça e ela me abraça. - o que você vai fazer agora?
Virgínia: Chorar.
Fecho o portão passando direto para o meu quarto. Jogo minha bolso na poltrona e só não me jogo na cama logo, porque precisava de um banho.
Tomo um banho revisando entre chorar, reclamar e pensar em como eu ia conseguir meu emprego novamente.
Precisava mudar minha estratégia.
Ou sumir no mundo e deixar tudo para trás.
Porque nem fudendo ele ia devolver minha vaga no posto, se eu não fizer o que ele quer.
Pego um livro no móvel e retorno a ler só pra ocupar minha mente.
Mais um 💖
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Sede de nós dois.
Teen Fiction"escolhas são escolhas, cê tem seus motivos mas quem quer viver na sombra, não espera o sol." Poesia acústica, #3. Iniciada: 08/06/22.