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Nada mudou.

Depois que tive a conversa com meu pai, e fui colocar em prática, aconteceu exatamente o que eu esperava.

Ela não me deu bola.

Se eu insistisse muito, até ficaria com raiva de mim, então, não tinha mesmo o que fazer.

O quadro do Túlio misteriosamente teve uma piora esses dias, mas felizmente hoje estava bem melhor. Fiquei com uma pulga atrás da orelha quando o Daniel começou a frequentar muito o posto nos últimos dias.

Depois que o Túlio piorou, ele parou de ir.

Lis: O que se passa na sua cabeça? - saio do transe, quando a mesma estrala os dedos em frente ao meu rosto. - você tá assim há dias, ainda é por causa do paciente?

Virgínia: Ele tá melhor.

Lis: Tá, o caso dele foi muito delicado. Pode ser que se salve, ou que essa melhora dele seja só uma despedida né? Acontece muito.

Virgínia: Ai, Lis - repreendi ela, e sua fala batendo na madeira da mesa. - claro que não, justamente por o caso dele ter sido complicado que isso acontece.

Lis: Você que sabe então - dá de ombros. - mas tira essa cara horrível de morta, dentro de um bar, tá parecendo maluca.

Ela rir, fazendo eu pensar que ela tinha razão. Tratei logo de afastar esses pensamentos, e levantar da mesa, pedindo licença para ir ao banheiro.

Dessa vez, evitei ir ao baile. Porque estava começando a achar que esse era o problema, então estávamos em um barzinho perto.

Só não estava melhor, porque o encosto do Dn estava em uma mesa ao lado. Pensei pelo lado positivo, e me alegrei por míseros segundos porque pelo menos não era na nossa mesa.

Uso o banheiro fazendo questão de dar uma demorada para me recuperar daquele ambiente pesado.

É galera, não dá para pensar pelo lado positivo quando você pega repulsa de uma pessoa.

Jogo o papel toalha no lixeiro, depois de ter usado o banheiro e lavado as mãos.

Caraca, comecei a observar tudo e me peguei admirando. O banheiro era mais limpo que eu. Um banheiro de bar! Momento que a realidade não parece realidade.

Enfim, saio do banheiro arrumando minha roupa e dou pequenos passos.

Medeiros: Hoje eu vou acabar com a vagabunda da Gabriella e queria sua ajuda - paro onde estava, quando escuto isso. Olho para frente e vejo que falava com o Dn, não me deixando surpresa. - tenho que dar fim ao corpo ou fingir que foi um acidente.

Dn: Sei não - ele balança a cabeça por um instante. - já tô com confusão demais na minha cota, e nem tenho certeza se me livrei.

Medeiros: Olha o que essa filha da puta fez na minha mão - mostra a mão enfaixada ao Dn. - você acha mesmo que eu vou deixar isso barato? Se você não me ajudar, eu mesmo faço questão de fazer chegar no ouvido do marino os casos de estrupo e a morte que você armou do cara que ia te entregar, por você ter feito isso com a irmã dele.

Quando ouvi isso, eu quis vomitar.

O Daniel levanta a cabeça e arregala os olhos, me vendo parada ouvindo tudo. Começo a andar disfarçando quando o Medeiros se vira para me olhar, seguindo o olhar do dn.

Caralho, meu Deus, Jesus Cristo, senhor.

Eu quis rir de desespero, passei pela bancada onde eles estavam e pedi uma água a uma moça que trabalhava ali.

Tentava mostrar que eu não tinha ouvido nada.

Daniel me olha de relance, me fuzilando. Finjo que não vi, dando um gole na minha água passando o olhar rápido pelo bar para ver se encontrava alguém confiável.

Algum vapor, sei lá.

Mas eu não reconheci quase ninguém, agradeci a moça pagando pela água e em um gesto totalmente impulsivo, eu sumo pela cozinha do bar.

Antes vendo que o medeiros tinha levantado com a arma na mão, depois de ter trocado umas palavras com o nojento do dn.

Falo que estava passando mal a cozinheira e ela me mostra a saída de trás, mas me oferece ajuda com o filho do lado.

Quase tremendo, eu aceito e saio com ele dali.

- tá sentindo o que? - ele me olha atencioso, e eu olho para trás vendo uma sombra se aproximando.

Virgínia: Desespero - puxo ele que fica sem entender nada, como tínhamos saído, estava muito escuro. - você me ajuda por favor? Me tira daqui o mais rápido possível.

- tiro pô, me diz pra onde que eu te levo.

Virgínia: Você tem moto? - ele responde que sim, e eu agradeço mentalmente diversas vezes.

Escuto o grito do Daniel, antes de sair com a moto dali.

Não olho nem para trás.

No caminho, tento ligar para o Marino.

Caralho, que lindo as coisas que eu me meto.

Marino🏳️

Me encosto na quadra ouvindo a Larissa falando a sujestão de lucro do baile de hoje. Solto a fumaça do meu cigarro, olhando para entrada do camarote.

Uma loira chegou no meu ouvindo metendo vários papos, trago meu cigarro pensando se saia com ela ou não.

Faço sinal com a cabeça, chamando ela.

Vou saindo do camarote, quando ouço alguém me chamando, era a Virgínia. Paro no mesmo instante me virando.

Encontro a mesma que praticamente corre na minha direção, bastante nervosa. Fito ela e o magricela que estava com um capacete na cabeça, dentro de um baile.

Olhei para aquilo, entendendo nada.

Ela vem na minha direção rápido e parecia bem nervosa.

Virgínia: Marino, desculpa atrapalhar, mas eu preciso falar com você, é muito sério - pede assim que chega, bastante ofegante.

- ele tá ocupado, ou você não percebeu? - fito a garota serin, quanto mais eu corro de emocionada. - Virgínia, sempre me atrapalhando.

Virgínia faz careta olhando para ela, mas me olha assim que eu me aproximou.

Marino: Fala.

Virgínia: É o medeiros, e é bem sério, não tenho tempo para explicar - começo a seguir ela para fora do camarote. Nem perco tempo perguntando o motivo também.

Algum bagulho que envolva o medeiros não significava boa coisa.

E meus pensamentos voaram imediatamente na Gabriella.

Coloco ela na minha frente, enquanto passávamos pelas pessoas.

Marino: Como assim, caralho? - grito por causa do barulho, chegando mais perto no seu ouvido. - me explica o que tá acontecendo.

Solto ela quando saímos da quadra.

Virgínia: Eu escutei o medeiros falando que iria matar sua irmã e eu não sei se ele foi atrás dela ou de mim, ou se ele fugiu, entendeu? Eu tentei te ligar, mas você não atendia e eu não sei o que pode ter acontecido nesse meio tempo. Eu tenho quase certeza que ele viu que eu sei, então, por precaução, tive que dar um jeito de te avisar.

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