Prólogo

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Três anos atrás...

Estava tudo escuro, o que já me deixava muito assustada, o único ponto de luz que se encontrava era bem longe, ao redores que não faziam parte da favela.

Não tinha luz em poste, casas, nada.

Só escuridão.

E o único barulho que se ouvia era de tiro.

Nesse momento eu só me xingava bastante por não ter ficado na casa dos meus pais, depois que saí da faculdade, mas eu não pudia me culpar tanto assim. Já que quando eu saí, as luzes estavam normais, tava tudo normal.

Fiquei tão assustada com a falta de luz e a invasão, que esqueci o caminho de casa.

Com o coração pulando, eu pedia a Deus para chegar em casa viva.

- Pô, qual é? Quer morrer porra? Pega o rumo da tua casa garota, isso é momento pra tu tá batendo perna? - algum cara fala putasso da laje, eu nem o via de tão escuro. Em um momento de susto, aponto o flash do celular pra ele, que grita bravo. - tá maluca, sua maluca!?

Virgínia: Ah, grosso! Eu não sabia que ia acontecer isso. Na verdade, eu nem sei o que tá acontecendo! - exclamo fazendo ele suspirar.

- Invasão, né? Ou tu não sabe o que é isso? Maluca mesmo - resmunga.

Virgínia: Na minha cabeça dava tempo de chegar na minha casa, seria mais fácil disso acontecer se tivesse luz - falo me irritando, eu era tão burra que ainda continuava batendo boca, podendo facilmente tomar um tiro no meio da testa e pronto, adeus querida Virgínia.

- É, mas não tem. Aproveita que hoje eu estou com o coração bom, e pega o rumo que eu te dou cobertura - avisa e eu rapidamente agradeço saindo rápido.

Dessa vez eu tinha que acertar o caminho de casa, já me perdi cinco vezes. Pra minha defesa, estava escuro e tinha muito beco parecido uns com outros.

Agradeço a Deus incontáveis vezes depois que eu conheci a minha rua, logo na esquina.

Aperto os passos, praticamente correndo pela rua.

Quando as luzes se acedem e assim que eu encosto no portão, que eu olho para o lado ponho a mão na boca repreendendo o grito.

Vendo um traficante desse morro, que tinha visto poucas vezes na minha vida, mas sabia que era daqui.

Metendo três tiros no atual dono, e detalhe:

São irmãos.

Pelo pouco que sei, meninas.

Ele cai no chão praticamente morto, paraliso ali naquele mesmo lugar sem ter reação pra nada.

E olha que eu tenho que ter uma preparação pra ver gente falecendo com uma certa frequência.

Desvio o olhar de pânico para o assassino que agora me encarava putasso. Juro que tentei dar as costas e entrar na minha casa antes que ele me visse, mas ele foi mais rápido.

Minhas mãos começam a tremer na mesma hora que ele mira a arma para mim, e eu reconheço que seria meu fim.

Tudo por ter prestigiado essa cena.

Virgínia: Por favor - peço suplicando, com a voz trêmula. Ponho a mão no coração para certificar que ainda estava batendo.

Ia rezar uns três pai nossos pedindo pelo minha humilde alma, mas esqueci até de como se respirava.

Umas vozes e passos são ouvidos longe, desvio o olhar rapidamente, mas ele ainda me encarava da mesma forma.

Suas mãos pressionam devagar para disparar, quando ele abre a boca.

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