Virgínia: Como assim?
- Não consegui passar nenhuma visão para o chefe, mas tô ligado que ele só sabe da ausência do cara. Mas eu digo que ele estava na maldade, eu tenho certeza, porque tinha um amigo meu que estava sob ameaças do próprio e estava com a gente no carro - ele confessa, me deixando cada vez mais assustada. - não sei o que meu amigo sabia dele, mas era algo sério, e fiquei sabendo que ele acabou falecendo, não foi?
Ele me olha, e eu assinto cabisbaixa.
- Então pelo jeito só eu tô sabendo de tudo isso. Mas o Daniel parecia desesperado, logo em seguida tudo isso acontece. Não foi coincidência. Preciso mandar o papo reto para o Marino antes que mais alguma coisa aconteça.
Virgínia: Você acabou de ser liberado para visitas, sua mãe tá aqui desde a noite do acontecido. Tadinha - mudo de assunto, assim que eu lembro desse detalhe. - você quer que a chame antes que você durma? Sente dor ainda, ou eu posso trazê-la?
- Tá tudo bem, pode liberar.
Saio do quarto então, avisando a senhora na sala de espera. Assim que tá tudo certo, aviso para que qualquer coisa que acontecesse, poderia me chamar.
Rodo o hospital inteiro para me deparar com a cena do Daniel conversando baixinho com a Lis. Ele realmente estava muito machucado.
Achei satisfatório, não nego, mas saio dali antes que minha presença seja notada e sigo até a recepção.
Virgínia: Tem mais algum enfermeiro responsável pelo Túlio, além de mim? - ela me olha super interessada no que estava dizendo, só que não e nega.- então não deixa ele receber visitas além de mim, e a mãe.
Esperava que desse certo, e que nem a Lis e nem o Daniel invadisse aquela sala. Talvez eu estivesse viajando, mas toda precaução é pouca.
Esse Daniel parecia ser capaz de tudo.
- Ele teve algum quadro de piora? - me olha confusa.
Virgínia: Teve - ela cruza os braços me olhando confusa, porque viu eu levando a mãe dele até o próprio. - o moleque chegou quase morto, é lógico que o quadro dele tem que ser inspecionado ainda. A mãe dele estar lá, mas eu tratei de deixar tudo certo para que nenhuma bactéria acompanhasse, acredite!
- Tá, entendi. Vou deixar o aviso - ela fala sem paciência. - mas se alguma infecção acontecer, vou fazer questão de avisar que foi você quem deixou a mãe dele entrar.
Virgínia: A médica que liberou, tá? - falo cortando seu barato. - não eu, amor.
Fico de olho todo o tempo, porque se a Lis quisesse colocar ele lá dentro. Ela colocava, mas tranquilizo a ver ele passar pelo corredor direto e vir em direção a saída.
Dn: Tá parada aí, por quê? - me olha de cima para baixo, com um pequeno sorriso no rosto. Encaro ele séria, com os braços cruzados. - virou segurança?
Fico em silêncio, aguentando a presença dele porque era obrigada.
Dn: Tá séria - umedece os lábios se aproximando de mim. - aconteceu alguma coisa?
Virgínia: Eu quem te pergunto, você parece um pouco machucado? - sorrio por dentro quando ele fecha a cara. - você tá conseguindo enxergar? Seu olho tá inchado de uma forma que nunca vi antes.
Dn: Acredito que tenha visto sim - neguei com a cabeça, rachando internamente do tom de voz dele. - isso foi um acidente, bati com o olho no volante do carro.
Pressiono um lábio no outro, olhando a cara de pau dele.
Murmurei um a como se eu não soubesse.
A essa altura do campeonato, ele deveria imaginar que todos já sabiam o que de fato tinha acontecido com ele.
Dn: Acredito que você sabe do acidente que aconteceu com os vapores em uma missão, eu estava no meio.
Virgínia: E nesse estado você não veio junto? Você tá pior que um deles que só chegou a ter um arranhão na perna. Nossa como esse acidente foi violento né, fazer um estrago desse no seu rosto - cínica mesmo. - pior que ficou parecendo uma surra bem dada, não chegaram a te perguntar se foi?
Dn: Não, só você - ele sorri forçado, e eu imito o ato. - a gente se vê por aí.
Deus me livre.
Sai fora.
Vai se fuder muito se qualquer conversinha dele chegar no marino.
E eu espero mesmo.
Assim que ele sai, quem chega é a Gabriella, vestida com umas roupas mais cobertas que o normal.
Ela me pede para que eu a ajude, para que nenhuma notícia dela supostamente machucada, saísse.
E estava realmente machucada, o que me fez lembrar que o medeiros também veio aqui hoje com a mão machucada de um tiro que levou.
Que coincidência, fingi que não percebi, e fiz o que ela pediu.
Trabalho o resto do meu turno e quando dá meu horário, subo para casa encontrando meu pai de frente, me esperando.
Virgínia: Aí pai eu estou nos meus piores dias, não sei se topo voltar nesse assunto novamente.
Jorge: Tudo bem, só queria ver como você estava mesmo - olho para ele. - de qualquer forma, desculpa tá? Minha posição em relação a isso foi péssima e eu assumo, mas ninguém tá preparado a ver uma filha tendo certas atitudes como ela teve. Por mais que eu tivesse ficado muito puto em relação, não quis te ver sofrer com isso e nem que você saísse como boba como acha.
Virgínia: Mas saí, e me sinto exatamente assim.
Jorge: Nada disso é culpa sua - ele tenta me abraçar, e eu acabo cedendo. - a culpa é dos dois e até minha, mas você é a única inocente nisso. Me desculpa.
Virgínia: Eu só não estava preparada ao ver uma pessoa que mais confio, me esconder algo assim. Sua sorte é que eu te amo muito e não consigo ficar brava com você. Mas não vamos falar sobre, eu quero conselhos.
Jorge: Tá com a vida conturbada? - balanço a cabeça. E ele cruza os braços me olhando. - por causa de uma pessoa específica?
Virgínia: Dessa vez não - saquei de quem ele falava. - acho que tem um cara com um caráter muito duvidoso entre mim e uma amiga. E temo que ele possa fazer a cabeça dela, como já fez de uma forma inexplicável. Soube de coisas um pouco perigosas agora a pouco. Devo alertar a Lis, mesmo sabendo que não vai adiantar?
Jorge: Coisas perigosas?
Virgínia: É - afirmo, antes que ele perguntasse o que era e quem era. - sem contar que ele é um tremendo de mentiroso, manipulador.
Jorge: Faça o que está ao seu alcance como amiga, se ela estar muito envolvida como você diz, vai ser difícil ela acordar. Mas não custa nada alertar. Mas como você sabe que não vai acreditar, é porque você já tentou né?
Virgínia: Observei a postura dela na verdade, não tentei de verdade.
Ele assente com a cabeça e entra comigo em casa.
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Sede de nós dois.
Teen Fiction"escolhas são escolhas, cê tem seus motivos mas quem quer viver na sombra, não espera o sol." Poesia acústica, #3. Iniciada: 08/06/22.