Capítulo 10

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Amélia

Eu sou uma covarde. Sim, essa é a verdade.

Não tive coragem de ir para o escritório hoje, e com certeza Nathaniel sabe que estou fugindo, mas vou usar a desculpa perfeita, afinal, amanha bem cedo viajaremos, então em parte isso é verdade, já que minhas coisas ainda não foram organizadas, e me aproveitando também da situação em que Júlia não faz ideia do meu beijo com Nate.

Ainda deitada na cama, percebo através da cortina a luz do sol querendo entrar. A preguiça querendo me dominar, me fazendo pensar seriamente em ficar aqui e adiar esses assuntos que preciso pensar em uma saída.
Jogo meus braços por cima do meu rosto, o apartamento está tão silencioso. Imagens começam a invadir meus pensamentos, flashs de ontem à noite.
Acaricio a palma da mão com os dedos, sentindo o cabelo grosso e macio dele. O modo como suas mãos se fecharam na minha nuca. E em questão de segundos aquela maldita sensação de borboletas no estomago reaparece.

Pela segunda vez essa semana.

Esfrego as mãos contra o rosto, expulsando esses pensamentos.
O que eu vou fazer agora? Agir como se nada tivesse acontecido?
Fingir que não me joguei nos braços dele?

Ai caramba, eu sou a sua chefe, como eu fui perder controle assim? Não quero imaginar o que ele deve estar pensando de mim.
Bom, também que se foda. Eu sei que ele queria tanto quanto eu.

Me levanto e vou para cozinha, pelo corredor vejo que Júlia ainda está dormindo.

Preparo um café preto bem forte e vou para o meu banho.

Me enrolo na toalha quando escuto o barulho de canecas caindo, vindo na direção da cozinha.

-Bom dia Mel, como está sua mão? - ela diz se virando quando saio do meu quarto, eu encaro a mão enfaixada por Nate.

-Está ótima, já não sinto mais nada - digo tomando mais uma caneca de café.

Ela me observa silenciosa, eu conheço esse olhar.
Acho que ela até pode ter visto alguma coisa, pelo menos estava bem próxima quando Stela me beijou, mas eu vou me fazer de sonsa. Não estou afim de enfrentar a Júlia logo de manhã.

-Preciso de um favorzinho seu -digo juntando as mãos.

-Alá, vai começar...

-Preciso que vá até o escritório e pegue as pastas em cima da minha mesa, tem alguns projetos que preciso analisar para aprovação e alguns que preciso assinar.

-Você não vai para o escritório hoje? -ela pergunta e eu apenas nego com a cabeça enquanto bebo o café – Bom, agora eu estou realmente preocupada.

Ela se aproxima e cola a mão na minha testa.

-Tem certeza que você está bem?

Me afasto dela e vou em direção ao meu quarto.

-Eu estou ótima, mas é que ainda não arrumei nada para a viajem, sei que se for até o escritório não sairei de lá tão cedo -ela me encara desconfiada.

-Temos uma reunião em uma hora, peça para o Nathaniel me substituir, ele já participou das anteriores com esses clientes, saberá como agir, e você -digo apontando o dedo em sua direção -vai participar também.

Ela solta um suspiro exagerado.

-Que droga, eu achei que você iria me dar folga hoje também.

-Vai sonhando, eu não te pago tão bem para isso.

Entro no meu quarto e fecho a porta, enquanto ela reclama da cozinha.

Vou em direção a porta novamente, a abro e coloco a cabeça para fora.

AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora