Amélia

Capítulo 7

Amélia

Entro em minha sala e bato a porta com força, o nervosismo me faz andar de um lado para o outro na intenção frustrada de liberar a raiva.
O que está acontecendo com o Nathaniel?

Não, pior... O que está acontecendo comigo?

Ele nunca se comportou assim antes.
Bom, não que eu tenha percebido alguma vez. É claro que posso ter deixado passar um ou talvez dez detalhes, já que na minha empresa eu espero profissionalismo dos meus funcionários, por mais que sei que falam pelas minhas costas, nunca me ouviram de conversinhas sobre minha vida particular.
Mas ele está brincando comigo.
Eu não acredito que esteja caindo assim tão fácil naquele olhar de sedutor... barato.
E as malditas covinhas que aparecem nas bochechas quando ele dá aquele sorrisinho, ai que ódio dele.
Calma Amélia, você precisa relaxar.

Me sento no sofá no canto da minha sala. Se lembre dos exercícios de respiração... 1... 2... 3...
Aquela maldita vozinha loira invade a minha mente.

Me levanto e vou até a janela. E o pior é que eu nem consigo disfarçar, eu não sei o que estou sentindo, mas sei que sinto alguma coisa. Ele me olha como se estivesse atravessando meus pensamentos, como se estivesse enxergando algo que não dei abertura para ver, como se me quisesse de alguma forma mais... íntima.
Nós precisamos esclarecer algumas coisas. Ele acha que de repente vai começar a exercer algum controle sobre mim?

Tá na cara que ele não me conhece. Ele não tentaria isso nem nos piores pesadelos.

Se bem que eu não posso simplesmente chegar e falar alguma coisa, vai que eu estou louca, vendo coisas que não existem.
Isso é culpa daquela maluca tarada da Júlia. Se eu falar alguma coisa ele pode achar que eu sou louca, ou pior... que eu ando fantasiando coisas com ele.
Bom, se ele acha que vai conseguir entrar na minha mente eu vou provar pra ele do que sou capaz. Ele vai se arrepender de me desafiar desse jeito.

Tá vendo Amélia? essas coisas não dão futuro para nós. RELACIONAMENTOS.

Faz quase 30 minutos que estou aqui dentro, igual uma estátua sentada em cima da minha mesa, encarando a porta e falando sozinha comigo mesma, atenta a qualquer movimento que venha por trás dela.
Isso mesmo, preciso falar mais comigo mesma e menos com a minha irmã.

Por sorte minha mesa está cheia de projetos e hoje de uma forma perturbadora me sinto inspirada, por mais que minha cabeça esteja a mil e os pensamentos meio confusos, eu estou me sentindo confiante, e tudo que eu preciso agora e me jogar nesses projetos e não ver a hora passar.

Acabo tendo que realizar um projeto na sala de reuniões, movendo vários funcionários até lá. Já o estudei e sei o que preciso criar, mas tudo tem que estar perfeito. É um dos meus clientes mais antigos, seu ramo é moda. Acessórios de luxo, de altíssima qualidade, tudo deve ser autentico e impecável. Eu costumo dizer que primeiro provamos com os olhos, a propaganda é a alma do negócio, e eu particularmente adoro essas bolsas e sapatos.

Todos os anos sou presenteada com diversos itens desta marca. Eu assumo que meu closet é o sonho de qualquer garota... essa é a recompensa de ganhar seus clientes com confiança e capacidade.
Somos um escritório conceituado e renomado, meu trabalho é levado muito a sério, semanalmente sou exposta em jornais e revistas. Já realizei parcerias com grandes escritórios de arquitetura, paisagismo e o ultimo deste mês foi com o escritório de publicidade da QG magazine, o que claro, me trouxe um número significativo de clientes novos.
Eu como aluna sempre dei o meu máximo, estagiei com vários chefes cruéis, mas hoje entendo a responsabilidade de criar uma visibilidade para essa marca, seu logo, sua marca registrada, o sucesso ou fracasso do meu cliente depende de grande parte do meu esforço, e se alguém não está à altura da minha empresa ou minhas exigências, que não consiga desenvolver um trabalho único, autentico, com qualidade, não serei eu que irei ensinar.
O mínimo que peço é perfeição, e se algo não corre como eu desejo, rua.