Amélia

Capítulo 12

Amélia

Sinto o pescoço dolorido quando começo a me mover lentamente. Abro os olhos e percebo que estou deitada no peito de Nate, seus braços estão em volta de mim me abraçando, para que ficasse um pouco mais confortável. Sinto minhas bochechas corarem com o perfume dele invadindo minhas narinas.
Me levanto lentamente sentindo o calor familiar, mesmo com o ar condicionado, a temperatura subiu bastante.
Chegamos no Brasil.

Sinto a inquietude me dominar, a algumas horas estarei encarando o que tentei esconder por anos.
Nate ainda está dormindo do meu lado, sua cabeça encostada na poltrona, a pele do seu rosto está vermelha, ele deve estar cozinhando nesses casacos.

Escuto mamãe e Júlia conversando, Adam também está dormindo, Joseph deve ter ido ao banheiro.
Pela janela já consigo ver as luzes do aeroporto. Deus, deve estar uns 34ºC.
Começo a balançar seu braço lentamente tentando despertá-lo. Ele abre os olhos devagar e estica os braços atrás da cabeça.

-Chegamos!!!

Júlia aparece animada ao nosso lado com os braços para cima.

-E estamos oficialmente de FÉRIAS.

Ela comemora com uma dancinha.

-Estamos TODOS proibidos de falar sobre trabalho -ela aponta o dedo para mim. -Principalmente a senhorita.

Faço uma expressão de ofendida e coloco a mão no peito.

Mamãe começa a gritar com Júlia.

-Vamos pousar Júlia Taylor Jones, faça o favor de sentar agora nessa poltrona.

-É melhor eu ir, nos vemos em minutos - ela diz e corre animada para o seu assento.

O avião pousa em uma pista particular.
Assim que descemos no aeroporto, nossas bagagens são levadas para uma SUV preta que está estacionada ao lado de uma Dodge Ram vermelha, eu reconheço aquela caminhonete.

Eu e Júlia corremos em sua direção, e como imaginávamos Miguel aparece descendo do carro. Ele abre os braços e nós duas o abraçamos ao mesmo tempo.

-Miguel estávamos com tantas saudades de você. A Maria está bem? - Júlia começa a perguntar.

-Você não mudou nada Miguel, continua o mesmo gato de sempre - digo bagunçando seus cabelos.

Miguel está com os olhos marejados, ele é amigo de infância do nosso pai e também seu braço direito. Eles se conheceram na faculdade, Miguel fez administração e desde jovens são apaixonados pela vida no campo.

Meu pai colocaria sua mão no fogo por ele.

Ele deve ser um pouco mais velho que meu pai, deve ter uns 60/62 anos, era nossa melhor companhia na fazenda. Sempre foi atencioso, me dava concelhos e nunca deixou com que eu me sentisse abandonada. Quando meu pai estava ausente ele nos fazia companhia, construiu uma casa na árvore para nós três e pendurou balanços na maior quantidade de arvores que conseguiu.

-Olha para vocês... estão tão crescidas, tão lindas. -Ele diz com a voz embargada. -Menina o que você fez com o seu cabelo? - Ele passa as mãos nos cabelos loiros de Júlia.

-Você gostou? - Ela diz enquanto faz uma pose.

-Mais você impossível - Começamos a rir. Ele diz e observa as botas. - Gostei das botas.

-E a minha caçula, como você está menina? -Ele pergunta e nos três nos abraçamos novamente.

Vejo minha mãe se aproximar e Miguel caminha em sua direção.

-Dona Ava, é um prazer revê-la - Ele diz tirando seu chapéu.

-Boa noite Miguel - ela diz enquanto se aproxima para abraça-lo.