Amélia

Capítulo 9

Amélia

A pista está cheia de pessoas dançando, já faz algum tempo que não saio apenas para beber e dançar, eu adoro essa sensação frenética de corpos balançando e as luzes acompanhando as batidas, o instinto natural de jogar o corpo e me entregar na música. Mas existe algo a mais hoje. Saber que ele está me observando a poucos metros de distância, despertando um lado em mim que eu não conhecia, um sabor novo que nunca havia provado. O desejo descontrolado por alguém.
Não uma simples curiosidade, mas algo a ponto de corromper minha carne.

Todo esse tempo eu sempre calculei todos os meus encontros, sempre programados, nada que colocasse em risco a mim e meu trabalho. Eu sempre estive preparada, então poucos homens, ou talvez nenhum me surpreendeu positivamente.
E agora quem eu menos esperava, literalmente a última pessoa que eu escolheria para despertar esses sentimentos, é logo alguém que trabalha comigo, mas pensando bem até faz sentido, já que passo mais tempo lá do que na minha própria casa.
Bom, mas agora, pelo menos essa noite eu não quero pensar em nada disso.

Uma garota se aproxima de nós dançando, seu corpo parece flutuar, a pele negra cintila sob as luzes coloridas, o cabelo preso em tranças, o sorriso carismático.
Nossos movimentos acabam se sincronizando, as mãos para o ar, e o quadril rebolando.

A garota se aproxima e começa a conversar com Júlia, as duas agem como se já se conhecessem, eu giro meu corpo lentamente e observo o lugar em que Adam e Nate estão.

Adam está olhando pra Júlia feito uma estátua, a boca entre aberta, o sorriso nos lábios. Está cada vez mais difícil não gostar dele.

E quando procuro por Nate, sinto seu olhar me prendendo, ele observa cada movimento do meu corpo sem piscar, como se não quisesse perder nada, então em um gole acaba com a sua cerveja, a deixando sobre a mesa.

A garota se aproxima de mim por trás do meu corpo, segurando minha cintura enquanto dançamos juntas, nós rebolamos em um mesmo movimento, Júlia se aproxima em minha frente e começamos a dançar as três, nesse momento eu sou capaz de sentir cada veia do meu corpo pulsar.
Esse sentimento de domínio e liberdade e maravilhoso.
Geralmente não costumo me soltar tanto assim, mas esses últimos dias estão mexendo com a minha cabeça.
Meus pai, o casamento, a aproximação de Nate.

Algumas cervejas e já ativei o modo Júlia.
Quando a música muda, Júlia se afasta e eu me viro de frente para ela ainda dançando, prendo a respiração quando alguns segundos depois sinto mãos enormes envolvendo minha cintura por trás. Sem me prender, ou segurar.
Apenas me tocando, fazendo parte dos meus movimentos e então aquele cheiro me invade novamente. Eu não me viro, mas sei muito bem quem está atrás de mim, continuo dançando enquanto assisto Júlia e Adam na maior pegação, com um sorriso no rosto.
A garota que não conheço se aproxima e pergunta em meu ouvido.

-Esse cara atrás de você é seu namorado?

-Não, somos amigos - respondo e envolvo seu pescoço enquanto dançamos, ainda sentindo as mãos do Nate na minha cintura.

-Entendi, amigos que transam é? -nos duas começamos a rir.

Ela se aproxima novamente e diz:

-Então ele não vai ficar com ciúmes se eu te beijar né? – ela diz e me encara, sinto as mãos de Nate afastando meus cabelos, liberando meus ombros e pescoço, seu corpo cola por trás do meu enquanto volto a atenção para a minha nova amiga que não sei o nome, então ela se aproxima e me beija.

Nossas bocas começam a dançar como a música, sua pele macia beija a minha, nossos cheiros doces se misturam e eu sinto suas mãos ao mesmo tempo que sinto as de Nate. Nossos corpos ainda se movimentam no ritmo da música, com um pouco de dificuldade já que estou no meio dos dois, desço lentamente minhas mãos do pescoço dela, procurando as dele.