Capítulo 11

11 5 0
                                        

Amélia

-Ainda está dormindo?... - sinto um corpo me esmagando contra o colchão.

-Eu... não... consigo... RESPIRAR- começo a gritar com ela.

Julia se levanta e dá um tapa na minha bunda. Me viro com vontade de estrangular o pescoço dela, mas ela começa a tagarelar antes eu que tenha a oportunidade de levantar.

-Trouxe café, olha - ela aponta para a bandeja em cima da penteadeira.

Enquanto me sento ela levanta e traz a bandeja para cama.
Ela adora fazer arte também com comida, tem waffles com morangos e bananas decorando, algum suco bem colorido, pelo cheiro deve ser melancia e omelete com bacon.
Eu ataco o bacon e ela começa a rir.

-Não me olha assim, sabe que sou um animal extremamente carnívoro. -Digo enquanto devoro outro bacon.

-Sei bem, e também sei que um animal com fome é perigoso.

Reviro os olhos, e ela começa a rir.

Ter a Júlia comigo alivia toda solidão, eu sempre gostei do meu espaço, mas confesso que quando me mudei me senti mais só do que nunca.
E é impossível estar no mesmo lugar que ela e não notar a sua presença, ela enche tudo com seu humor ridiculamente animado e como eu não gosto de conversar sobre minha vida com ninguém, eu a tenho, que também já viveu tudo aquilo que eu conheço.

-Está tudo bem entre você e o Nate? - ela pergunta enquanto empilha alguns morangos na sua mão.

-Como assim? Ele te falou alguma coisa? - quase tropeço nas palavras, tentando inutilmente não denunciar medo pelo meu tom de voz.

-Não, é que ontem parecia que tinham se estranhado. O Nate foi pra casa mais cedo, achei que tivessem discutido sobre algo do trabalho. -Ela diz enquanto dá os ombros.

Talvez ele tenha entendido minha ausência ontem como uma forma de que o que aconteceu não vai voltar a se repetir, e eu espero do fundo do coração que ele tenha caído na real e percebido o tamanho da merda que fizemos, eu sei que em poucas horas estaremos juntos, presos dentro de um avião, tendo que encarar um ao outro, mas confesso que só de pensar em vê-lo novamente faz com que um calor se espalhe sobre o meu corpo. Eu realmente espero que ele tenha entendido bem o recado e não tente se aproximar de mim, caso ele tente que deus tenha dó de mim e me faça uma mulher mais resistente. Minha nossa, meu estado está ficando cada vez mais decadente.

-Não discutimos, ele deve estar distraído com alguma coisa -digo com indiferença.

-Entendi, mas não acredito em você -ela diz enquanto mastiga -Só por favor, tenta relaxar. Agora falando bem sério, o Nate é um cara legal, e você pode não aceitar isso, mas tá na cara que ele mexe com você, e você com ele, o jeito que ele te olhava na boate, não tirava um segundo os olhos de você.

-O Nate trabalha para mim, você sabe que isso não daria certo, tá me dizendo que devo me relacionar com meu funcionário? Misturar o trabalho e vida pessoal, é isso mesmo? - pergunto.

-Não, eu quero que você tenha a chance de estar com um cara legal. - Ela diz enquanto se ajeita na cama. - Olha, toda essa situação é bem complicada, você sabe melhor do que ninguém, mas esquece esse lance de trabalharem juntos, eu confesso que pensar que o Adam vai estar lá deixa as coisas mais leves, como um amigo. -Ela continua enquanto dobra os joelhos e senta em cima das pernas.

-Ele me distrai, me faz rir... eu amo você e sei que me ama, mas você precisa se abrir com mais alguém, alguém que não seja eu e a mamãe, alguém que goste de você. -Eu continuo comendo e escutando, não sei o que dizer a ela.

AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora