Amélia

Capítulo 18

Amélia

-Um espacinho garotas.

O garçom diz se aproximando da nossa mesa com a primeira rodada de tequila.
Assim como ele, todos usam o mesmo uniforme. Uma calça jeans preta rasgada.
Isso mesmo, só uma calça.

Ele pisca para mim quando percebe meu olhar curioso, seu peito e os braços são cobertos por tatuagens. O abdômen sarado me faz pensar que alguém poderia quebrar o punho tentando bater contra ele.
Jesus.
Pego minha dose e viro com tudo, sentindo seu sabor queimar ao descer pela minha garganta.

O clube é bem escuro, a não ser pelas luzes coloridas que iluminam o local. Tem trapézios e cordas de tecidos coloridos pendurados, o palco é coberto com cortinas vermelhas, um bar em formato de ilha e a maioria dos funcionários são homens.

Júlia está até agora achando que é um bar para mulheres.
O nome da boate é "Rainbow".

Assim como ela queria, viramos a atração do lugar. A hostess da boate chamada Ângela é uma drag queen.
Agradeço mentalmente por Júlia ter me vestido, meu vestido era realmente simples demais para toda essa ocasião. Ela nos direciona para uma enorme mesa no centro, bem próxima ao palco.
Depois de Júlia cochichar algo com Ângela, as duas desaparecem.
Nós viramos outra dose de tequila, enquanto mais garçons se aproximam explodindo garrafas de champanhe.
Eu estou adorando esse lugar, o repertorio consiste em todas as divas do POP que eu idolatro.

As pessoas nos presenteiam a todo momento com bebidas, Laura acabou de virar uma dose que se chama "capeta", um liquido vermelho com pimenta.

Jesus.

Júlia se aproxima com uma taça redonda enorme, o liquido é bem colorido com glitter, frutas decorando o copo.

-Essa é a bebida da casa. -Ela grita apontando para o copo, enquanto dou risada de sua reação. -O que você está bebendo?

Eu levanto uma taça com vodca e suco de maça.

Ela abre um sorriso enorme e me abraça animada.

-A Laura tem que beber muito essa noite, só assim para aguentar olhar para a cara daquele banana.

-Por que está dizendo isso? -Pergunto e ela revira os olhos.

-Você percebeu que desde que chegamos ele tem agido como se não estivéssemos ali, ignorando completamente a nossa presença. Bom, melhor para nós. -Ela diz brindando sua taça comigo.

Júlia nunca foi muito com a cara de Lucas. Eu imagino que seja talvez por ciúmes, já que ele sempre esteve em nossa casa.
Olho na direção do garçom que chega com mais uma bandeja cheia de doses.

-Júlia, pelo amor de Deus. - Digo a encarando. -Vai devagar, ou daqui a pouco nenhuma de nós vai para em pé.

Ela se aproxima e eu sinto o cheiro do álcool em seus lábios.

-Amigo, mais uma dose para a fiscal da diversão aqui por favor. -Ela grita e o garçom se aproxima segurando minha cabeça para trás enquanto outro vira a garrafa de tequila direto em minha boca.
E então ela joga os braços para cima e dá um grito.

As pessoas que costumam frequentar essa boate não estão familiarizadas com tantos rostinhos novos. A cidade é pequena, todos sabem que a maioria de nós não é daqui.

-Meu deus, eu adorei o seu vestido.

Me viro para a voz atrás de mim, vejo a mulher parada me encarando. Seu sorriso é perfeito, deixando a mostra seus dentes absurdamente brancos, é um pouco mais alta que eu, analiso sua pele negra e a maquiagem toda dourada, tem os olhos verdes enormes e o batom vermelho aberto. Ela está usando uma calça de couro e um cropped do mesmo tecido. Meu queixo cai.