O dia seguinte foi complicado. Eu não queria sair do quarto e fiquei dormindo boa parte do dia, mas teve um momento em que eu perdi o sono e fiquei olhando para o teto enquanto estava deitada.Era muito estranho esse sentimento, pra dizer a verdade. Nunca passei por nada parecido e nem tive tempo pra isso. O Hernando foi o primeiro homem que eu conheci após anos sem contato com pessoas. Me pergunto se por acaso eu me apaixonei por ele só por causa disso... Nem eu entendo a causa de eu ter me apaixonado por ele. Não faz sentido, só sei que dói.
Será que ela só pela beleza dele? Porque de certa forma ele era um galã (ainda mais com aquele óculos, que lhe dava o ar de intelectual!). Bem, isso não importa mais já que tudo isso era uma grande ilusão. Não posso acreditar que caí nisso!
Mas de qualquer forma, por que ele se interessaria logo pela esquisitona da família? Minha mente divagava tentando responder essas perguntas, até que ouvi alguém batendo na porta.
Fiquei em silêncio. Não sabia se estava pronta pra conversar... Além disso, eu estava horrível. Cabelos bagunçados, as olheiras ainda mais fundas e os olhos vermelhos e inchados. Eu detesto chorar, mas tem vezes que não dá pra evitar.
A batida na porta se intensificou. "Abre a porta, Alice. Eu sei que está acordada!". Era a voz da tia Pepa. O que ela quer comigo? Me colocar mais pra baixo ainda?
Pensando bem, era melhor não ignorar mais. Levantei e abri a porta.
— Até que enfim acordou! — disse ela, antes de se assustar com a minha aparência. "Parece um zumbi!", pensou.
Fechei a cara.
— Desculpe! — disse ela — Mas eu preciso falar com você!
Caminhamos em silêncio até a cama. Ela estava nervosa para falar comigo e nem precisava ler a mente dela para saber. Nós não tivemos uma conversa amigável desde que cheguei.
— Olha... — começou ela — Primeiramente, eu quero pedir perdão por não ter sido amigável com você no começo. E... Eu quero que saiba que entendo como se sente!
— Como assim entende?
— Eu passei pelo mesmo que você quando era mais jovem!
Me ajeitei, concentrada nela. Era meio estranho nós duas conversarmos. O clima era meio tenso.
— Eu era mais nova que você — começou ela — Eu havia me apaixonado por um guitarrista. Na época, eu achava ele o homem mais lindo do mundo, mas depois de um tempo eu descobri que ele era um mulherengo. Fiquei sem chão e me encontrava exatamente como você está agora, mas aí eu conheci o Félix, e nos tornamos muito próximos. Ele me consolou e fez com que eu me esquecesse da ilusão que eu sofri. Agora olhe para nós! Estamos bem casados até hoje e com uma família linda!
Fiquei em silêncio enquanto ouvia a história. Não imaginava sermos parecidas nesse ponto.
— Entenda, Alice — continuou — Às vezes, quando as coisas não saem quando queremos, pode ser livramento de Deus. Imagina o que teria acontecido comigo se eu ficasse com aquele homem e só descobrisse depois da sua falta de caráter? O estrago teria sido muito maior. Eu encaro tudo isso como um livramento, e fui abençoada com um marido fiel e bondoso.
— Então... Está querendo dizer que no meu caso possa ser um livramento?
— De certo modo, sim! — respondeu — Se você confessasse seus sentimentos pra ele, ele iria dizer que já estava apaixonado por outra, e a humilhação seria maior. Por outro lado, e se vocês ficassem juntos e você descobrisse que ele tem um vício terrível? Talvez agora não entenda, mas um dia você vai levantar as mãos pro céu por passar por isso!
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Alice Madrigal [+10]
Fanfiction✨Depois dos acontecimentos do filme, a Abuela chama a esposa de Bruno, Ângela Madrigal e sua filha Alice para morar na casita. Ao receber a notícia de que voltariam, Ângela fica radiante porque finalmente se juntaria à família.✨ ✨Alice, por outro la...