Capítulo XV | De frente com o inimigo

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     Os Navajas iam me conduzindo pela rua escura. Não podia fazer nada, caso contrário, a minha família e os moradores correrão perigo.

     — Você não devia ter voltado, criança! — disse Tobey, num tom sarcástico.

     Não respondi, e continuei andando. Logo, chegamos na casita, que ao me ver balançou as janelas como se pedisse socorro.

    — Por que estamos aqui?

    — O Sr. Guzmán achou que aqui era um belo lugar pra morar! — respondeu Tobey, com um sorrisinho.

     Arregalei os olhos. A Casita continuava batendo as janelas. Lancei-lhe um olhar compadecido.

    — Eu vou tirar aquele homem daqui, casita — falei — Não se preocupe!

    Os homens começaram a rir, mas eu não me importei. A casita parou de se debater, pareceu ter se acalmado.

     — Só um louco pra falar desse jeito com uma casa — zombou Tobey, e me empurrou até a entrada.

     Ele abriu a porta e me empurrou para dentro. Hernando estava esperando na área dos quartos. Tive que olhar bem pra cima para encará-lo. Ele estava com aquele mesmo olhar frio e sorriso sarcástico.

     — Alice! — exclamou ele — Seja bem-vinda!

     Eles continuavam me segurando forte pelos braços.

    — Por favor, soltem ela. Não é assim que se trata uma visita.

    Eles me jogaram no chão e se afastaram. Pude ouvir alguns rindo no fundo. Assim que me levantei, Hernando falou:

     — Por que voltaram? Não dei uma chance pra vocês sumirem daqui e viverem uma nova vida?

     — Você sabe porque voltamos. Viemos aqui pra tomar de volta o que é de nosso!

     — Esse lugar agora pertence a mim e aos Navajas! — disse ele, calmamente — Foi muita burrice voltar, sabendo que tenho capangas bem armados por toda parte!

     — Eles não são páreos pra nenhum de nós. São apenas pessoas comuns! — me aproximei — E eu estou mais forte. Posso muito bem derrotá-lo aqui e agora!

     Ele pareceu não se abalar com nada do que eu disse, pelo contrário, começou a rir como se tudo que eu disse fosse uma piada.

     — Quero ver você derrotar isso aqui! — ele estalou os dedos, e comecei a ouvir passos pesados vindo de dentro da casa.

     Então, um robô muito maior e mais robusto do que os outros surgiu, quebrando a parede lateral. Ela foi andando até Hernando, que ria histericamente.

     — Contemple a minha maior invenção — dizia, orgulhoso — Desde que despertou seu poder oculto, estudei bastante até encontrar um jeito de replicá-lo em uma das minhas máquinas. Agora que eu consegui, não preciso mais de você. Sua vida acaba aqui!

     O peito do robô se abriu, e com um salto, Hernando entrou. Agora podia controlá-lo.

     — Agora, meus amigos. Não quero que ninguém atrapalhe. Essa luta será apenas entre nós dois!

     Os Navajas se afastaram, deixando apenas eu e o Hernando posicionados de frente um para o outro.

     — É o seguinte, Alice: apenas nós dois vamos lutar pelo destino de Encanto.

     Arqueei as sobrancelhas, desconfiada. O que ele planeja? Não posso ler sua mente!

    — Embora eu duvide que você me vença, lhe darei o benefício da dúvida. Se vencer, eu me rendo e poderá fazer o que quiser comigo!

Alice Madrigal [+10]Onde histórias criam vida. Descubra agora