Capítulo XII | O acordo

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     Percorremos toda floresta sem parar em nenhum momento. De acordo com Dolores, os robôs não estavam em Encanto, o que era bom, mas Hernando estava indo para nossa casa escoltado pelos Navajas. Precisávamos ir o mais rápido possível.

     Chegamos a Encanto. A cidade estava vazia e um clima tenso envolvia o lugar. Pude ouvir os pensamentos da maioria. Estavam com medo!

     — Então eles já passaram por aqui, não é? — perguntou Dolores, preocupada.

Assenti, sem dizer nada.

     — Então eles já devem estar na nossa casa agora! — ponderou meu pai.

     — Vamos continuar! — falei, voltando a correr.

                                           ***

     Depois de muita correria, nós havíamos chegado. A casita estava agitada, parecia assustada.

     — Eles estão aqui… — falei, estendendo a mão e acariciando a casita, que ficou mais tranquila — Não consigo ouvir os pensamentos de ninguém. O que será que aconteceu?

     Meu pai estava aflito. Ele pensava na minha mãe a todo momento. Dolores estava assustada.

     — O que foi? — perguntei — O que você ouviu?

     — Estão todos acuados na cozinha! — respondeu — Tem homens encapuzados por toda parte, impedindo eles de fugirem!

     — Temos que entrar agora! — asseverou meu pai, pensando no perigo que todos estavam correndo.

     — Estamos indo direto para a armadilha — ponderou Hector.

     — Não temos escolha — respondi — Temos que fazer algo. Prontos?

     Todos assentiram, então girei a maçaneta e abri a porta.

     De começo, parecia que o cômodo estava vazio, até que alguns segundos depois, uns homens apareceram e nos imobilizaram.

     Tentamos resistir, mas eles eram muitos e logo ficamos cansados. Os homens nos levaram até a cozinha, onde todos estavam agrupados e cheio de medo.

     A tia Pepa mantinha o Antônio aninhado sobre si, enquanto Luisa estava se pondo na frente de todo mundo na intenção de protegê-los. Ninguém se atrevia a lutar, com medo dos Navajas. E não era só minha família que estava presa, os Lorenzo também estavam junto deles.

     Hernando estava sentado em uma das cadeiras de frente para a Abuela, que estava paralisada de medo. Ele bebia um chá tranquilamente, e assim que nos viu, parou o que estava fazendo e sorriu de maneira perturbadora:

     — Olha só quem veio se juntar a nós… — ele nos observou e seu olhar parou em mim — Eu deveria ter aumentado a segurança para que você não escapasse, mas agora que está aqui, terá que participar da minha proposta.

     Com um gesto, ele ordenou que os Navajas me amarrassem. Hector queria impedir, mas não podia fazer nada além de olhar. Eles foram levados para o grupo acuado na parede, enquanto permaneci ali presa pelos braços.

     Minha mãe e meu pai não se largavam, e os Lorenzo choravam ao ver o Hector com eles. Aquilo me fez querer chorar, mas controlei as lágrimas como pude. A Abuela, que via toda essa cena transtornada, asseverou:

     — Hernando, o que pensa que está fazendo?! Solte já a minha família!

     — Não se preocupe, eu vou soltá-los sim — disse ele, num tom sarcástico — Mas só depois da minha proposta!

Alice Madrigal [+10]Onde histórias criam vida. Descubra agora