Capítulo 3

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   P.O.V Maraisa

  Eu estava nos braços de uma completa estranha que salvou a minha vida com algumas palavras que me fez sair daquele surto,Marília me segurava firme enquanto o meu corpo tremia de tanto que eu chorava,não sei quanto tempo fiquei em seus braços mas quando vi que estava apenas fungando e as lágrimas já tinham parado de descer,me afastei rapidamente daquele ser. Não sei oque aconteceu comigo,eu nem a conheço e já me jogo em seus braços?O que essa garota fez? Mágica? Não era a primeira que eu tentava me matar,porém não conseguia e dessa vez alguém me ajudou antes que eu me jogasse.

   Marília Mendonça,como ela se apresentou,tem um par de olhos brilhantes,o tom de pele é branquinho,tem lindas curvas e um lábio muito bem desenhado. É percetível que ela é do interior,com certeza mora em uma fazenda ou sítio. Olho para a cesta que está no chão dentro dela tem vários morangos bem avermelhados e que parecem ser bem docinho,volto a ficar seus olhos. Ela me encarava sem piscar.

- Ahn... -- Tusso tentando me recombor -- obrigada.
 
  - Eu não fiz nada, só queria que não pulasse -- Marília parecia soltar o ar -- É algo triste de se ver.

  - Mas eu não te agradeço só por isso -- Suspiro deixando meus ombros caírem -- Nenhuma outra pessoa faria oque você fez.

  - Tem razão, são raras as pessoas pararem oque estão fazendo para acudir alguém que necessita -- Marília parecia ser uma pessoa sábia,estava me distraindo com ela.

  - É exatamente isso -- sinto um sorriso querer surgir em meus lábios -- Você já tinha feito isso antes?

  - Salvar alguém? -- Aceno em afirmação -- Não,não você é a primeira,nunca vi alguém querendo fazer...isso -- abriu os olhos se referindo a minutos atrás.

  - Ahn... O que te fez pensar em querer me ajudar?

  - Essa é uma boa pergunta -- Marília se abaixou Pará pegar suas cestas de morangos  -- talvez fosse algum aviso, senti que eu deveria intervir e foi no que deu,estou orgulhosa de mim mesma.

  - Faz bem ajudar as pessoas -- olho ao redor -- agradeço mais uma vez,se não fosse por você, eu estaria morta nesse momento e sem a minha família.

  - Não diga isso,você tem que ser forte -- Marília apertou meu ombro em conforto -- vamos, eu te levo pra casa.

  - Não precisa,Marília, sério.

  - Eu faço questão,só pra me sentir melhor.

   Apenas aceno rendida, Marília estar preocupada pensando que eu vou voltar a tentar me jogar desse prédio,minha vida é uma merda mesmo. Saímos calmamente daquele lugar,as pessoas que estavam me vendo querer pular,aplaudiram a Marília quando chegamos naquela área,eles gritavam,assobiavam e murmuravam algo com "heroína". Acabei rindo disso,porque realmente a Marília foi uma grande heroína,minha heroína. Andávamos lado a lado,o silêncio reinou em nós,eu não sabia oque falar,ainda estou perto de uma desconhecida e isso é estranho.

  - Então -- Marília começou de modo hesitante -- quer me contar mais sobre...ele?

- Sinceramente? Eu prefiro por hora esquecer -- faço uma careta -- se eu te contar, provavelmente vou ter outro ataque.

- Melhor deixar quieto -- Marília concordou -- bom se um dia você quiser se abrir,pode contar comingo.

- É tão estranho isso -- murmuro timidamente -- Eu mal te conheço.

  - Eu também não te conheço e te salvei.

  - Sim e Eu agradeço por isso mas ainda é estranho -- mordo meu lábio.

  - Não acho, me acostumei com a sua presença -- Marília deu de ombros -- Só falta você parar de achar estranho   porque aí fica tudo bem.

- Não é tão simples, eu sou uma depressiva.

- Mas isso não nada -- Marília nega com a cabeça -- Não vou me afastar de você por conta disso.

  - Está certo -- dei o assunto como encerrado,porém minha curiosidade falou mais alto  -- Pra onde você estava isso com essa cesta? Isso me lembra a chapeuzinho vermelho.

  - Meu Deus -- Marília explodiu em uma risada sonora, meus ouvidos agradeceram por esse som -- bom eu estava indo entregar esses morangos para um restaurante.

  - AÍ MEU DEUS -- paro bruscamente -- Eu estou te atrapalhando né? Céus,você parou o seu serviço Pará acudir uma depressiva que não merece estar nesse mundo, eu sinto muito.

  - Eu não fale isso -- Marília tocou em meu braço -- Você não estar me atrapalhando,eu que quis intervir na situação,eu não fui obrigada a nada.

  - Me sinto pior agora.

- Por favor Maraisa -- Marília implorou -- Você não tem culpa.

- Tenho sim Marília,sou tão idiota,sou inútil para as pessoas.

- Chega! -- Marília usou seu tom severo -- Pare com isso,você é um ser humano bonito e não se fale mais nisso.

   Fiquei calada com aquele tom que ela usou,bem merecido. Voltamos a andar com o silêncio pior dessa vez,o clima ruim se instalou entre nós duas, a minha casa Ainda estava um pouco longe e isso é torturante demais, eu só queria fugir e me esconder nas minhas cobertas, estou tão envergonhada pelo que fiz no prédio e por agora. Puxei o ar com força querendo normalizar a minha respiração, eu não posso ter um ataque novamente, não na frente dela. Porque diabos eu não tomei meu remédio? Eu sou uma inútil mesmo.

  - Me desculpa Maraisa,eu não queria ser grossa -- Marília disse quebrado o silêncio -- Você tem uma imagem de si e eu vejo outra imagem de si,é uma imagem completamente diferente.

- E-eu só me sinto culpada.

- Relaxa, não é algo importante e outra, vou leva lá depois que eu te deixar em casa -- Marília sorriu pra me conforta.

- Bom em que restaurante você vai levar essa cesta? -- pergunto quebrando aquele crime.

- Do Marcos,é o maior restaurante de Miami -- Marília respondeu com animação.

- É o meu pai -- solto uma risada,finalmente conseguir expressar um humor e isso é graças a ela.

- seu pai é o Marcos?

- Sim! -- Dou mais uma risada ao ver seu espanto.

- CARALHO! - Marília exclamou,só faltou saltitar do meu lado -- Isso é foda.

- Percebi que você adora falar palavrão -- comentei divertimente.

- É costume, vai me dizer que você não fala? -- Marília arqueia a sombranceia.

- São raras as vezes -- pisco um olho.

- Assim não vale -- Marília fez um biquinho muito fofo -- em minha homenagem, você tem que falar vários palavrões.

- Ah não Marília...

- Vai Maraisa,isso te faz bem.

- Como assim bem? -- balanço a cabeça em confusão.

- Parece que sai um peso das costas -- Deu de ombros.

- Isso é sério? -- Ela acenou,suspirei rendida -- Porra,puta,Caralho,vadia,filho da puta...aí Meu Deus... Marília me ajuda nos xingamentos,bocet...

- Acho que já está bom -- Marília soltou uma gargalhada tão alta que as pessoas que passavam por nós,nos encararam feio.

  Me deixei levar pelo momento e me juntei com aquela desconhecida Pará rir mais ainda com os olhares que recebemos, foi nesse clima que mal vi minha casa,parei bruscamente em frente dela e a Marília parou em meu lado olhando para a residência. Suspirei  e me virei para aquela garota.

- Aqui é minha casa -- aviso em um tom baixo.

- Está entregue -- Marília sorriu alargamente -- Seja forte Marisa,não tente mais fazer oque,pense em sua família. Deixe as cicatrizes do passado Para trás e siga em frente.

- Obrigada.

- Se cuida -- Dito isso, Marília deu as costas  e foi embora,senti meu coração vazio e a tristeza voltou arrebatadora.

Tell me you Love ( Malila )Onde histórias criam vida. Descubra agora