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✴ Pov Ardena ✴
Ao caminho do aeroporto eu me encontrava aos prantos por deixar minha vida para trás, uma onda de pavor e revolta circulava pelo meu corpo, eu não queria aceitar que eu tinha que partir. Eu não conseguia simplesmente me desligar. E a medida que o carro avançava eu só conseguia me recordar dos momentos em que estive por aquelas ruas, as cafeterias que bebi meus cafés matinais, os bares que bebe com os meus amigos, os salões em que dancei, as escolas que estudei, os lugares que trabalhei. Tudo ali trazia uma parte de mim, uma enorme parte de mim. Cada pequeno espaço carregava uma memória, e era um traço meu que deixava de existir.
Perguntas importantes circulavam em minha mente. Quais seriam os lugares que substituiriam aqueles? Quais eram as pessoas que substituiriam aquelas ali? Qual era o lar substituiria o meu?!
Eram apenas perguntas vagas, que eu não tinha acesso às respostas.
— Senhorita — chamou o acompanhante. — Srta. Werneck.
— Perdão, não lhe ouvi? — respondi o encarando.
— Perguntei se está tudo bem — explicou trazendo uma voz gélida com o cenho franzido, mostrando-se preocupado, mas ao mesmo tempo que transparecia indiferença.
— Ah sim, estou bem — garanti sem muito interesse na suposta conversa.
E o silêncio voltou a reinar entre nós, mas eu pude sentir que ele estava prestes a quebrá-lo.
— Como aconteceu? — ele perguntou assim que se virou para mim. Seus olhos claros encontraram os meus. Havia curiosidade misturado ao tom esverdeado e um traço singelo de insegurança.
— Do que se refere? — perguntei voltando a atenção para a janela do carro.
— A morte de seus pais?
A onda de choque se estendeu pela minha pele, como uma abrupta lembrança me levando ao acidente. Os olhos dela ainda eram a parte mais sombria e inexplicável daquele dia. O tom de adeus que eles carregavam. O ato de se despedir em pequenos gestos, era como se ela soubesse do que está prestes a acontecer. Como se ela soubesse que iria morrer. O ar de dever que seu queixo carregava, o jeito como ela lidava.
Era assustador pensar nessa possibilidade.
Eu não me sentia à vontade para dizer a um estranho como era perder os pais, talvez esse momento nunca chegasse, e definitivamente aquele não era um assunto para se prolongar uma conversa, havia maneiras melhores. Ainda mais pela frieza da entonação da sua voz, a indiferença que arranhava as suas palavras.
— Uma pergunta um tanto pessoal e desagradável esta não acha?! — contrapus mantendo contato visual. Ele assentiu e virou o rosto para o lado contrário ao meu.
— Desculpe-me, foi indelicado — saiu quase em um sussurro, tão baixo e hesitante.
— Qual o seu nome? — Eu me atrevi a perguntar.
— Brian James — respondeu acompanhado de um nítido incômodo. Por um breve momento eu sorri, mas este desapareceu quando a memória veio à tona.
— O que houve? — ele percebeu meu sorriso seguido de descontentamento ao ouvir seu nome.
— Você tem mesmo nome do meu namora... — calei-me. — Do meu ex-namorado — corrigi. Dei-lhe um sorriso amigável e ele retribuiu com um aceno com a cabeça.
A trajetória foi longa com destino ao aeroporto, inclusive por conta do um engarrafamento gigantesco que esgotou todas as minhas forças, adormeci ali mesmo.
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Lua Imortal - Dezessete Encarnações 《1° Livro》
FantasyEM PROCESSO DE REESCRITA. SUJEITO A ALTERAÇÕES!!!!⚠️ Uma Garota. Um Alfa. Uma Maldição. O que eles têm em comum? TUDO. Após a morte súbita dos pais, a jovem Ardena se vê obrigada a mudar-se para Dundeya, um reino pequeno e muito rígido. Acostumada c...