CAPÍTULO 34

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Eu ando por aquele corredor escuro, iluminado por velas apoiadas em candelabros pretos em detalhes com as bestas de garras.

As chamas alaranjadas oscilavam com o vento causado pela minha passagem, os sons do meu salto batendo no mármore onix equava pelo ambiente.

Logo eu estava saindo do lugar de onde ficava o trono, chegando na cidade escavada, onde o povo ficava.

Andei pelas ruas observando o lixo que infelizmente não era material, captando os sentimentos dos cidadãos. Para os meus olhos em um menininho de aparência deplorável e frágil, todo sujo mas ainda assim colocou um sorriso brilhante nos lábios ao encontrar uma pequena flor amarela.

Já não aguentando observar a situação de algumas pessoas eu atravesso ligeiramente para casa de vento, avisando Niall por nossa ligação. Eu não conseguiria ignorar mas os gritos de sofrimento, suas almas implorando para serem mortas para acabar com isso.

Mais tarde daquela madrugada sentada na varanda observando o nascer do sol, por meu campo de visão vejo Rhysand sentar ao meu lado.

— Eu vi que você sumiu depois da reunião. – mesmo já sabendo de sua presença ele a anuncia com sua fala.

— Eu estava cansada. – menti, ele percebeu por conta própria dando sua suspiro.

— Sei que está mentindo. – murmurou.

Então foi minha vez de suspirar.

— Você já conquistou minha confiança e respeito, por isso me curvei a você na Corte dos Pesadelos mesmo sendo uma deusa. – falo. – Eu também sou sua amiga, mas não vou passar a mão na sua cabeça quando vejo você fazendo algo errado. – o olho. – Nunca vou colocar seus erros para debaixo do tapete, isso você pode ter certeza.

Rhysand ficou me olhando com seus olhos roxos cintilantes atentos.

— Você negligência sua própria corte. – falo diretamente, seus olhos atentos ainda sem expressar nada. – A corte noturna não existe com apenas a cidade estrelar. – continuo virando meu tronco em sua direção apontando para a cidade abaixo. – A Corte dos pesadelos, os Illyrianos e porra até mesmo a prisão fazem parte do seu território. – bato o dedo em seu peito sob o traje preto dando ênfase as minhas palavras. – Você é o Grão-senhor da Corte Noturna, cabe a você cuidar dela por inteiro.

Sempre quando me referi a ele como "você" meu dedo indicador batia em seu peito.

— Sabe Por que os precursores só vão batalhar se Keir os ordenar? – pergunto recebendo o silêncio. – Porque eles confiam naquela criança insolente, mas não era para ser assim é você sabe. – respondo minha própria pergunta. – Não sei se você ouve os gritos que ecoam pela cidade escavada ou apenas ignora, mas eu não vou fazer isso. E com certeza não vou deixar você continuar fazendo isso. – falo. – Sei que a maioria não merece nem mesmo o benefício da dúvida, mas uma grande minoria são sonhadores assim como vocês.

Eu tinha percebido os outros ali presentes enquanto falava.

— Você está certa. – Rhysand anuncia depois de segundos em silêncio.

— Eu sei. – concordo.

— Eu... – olhou para a parceira. – vou tentar mudar isso.

— Não vai tentar. – falo me levantando. – Você vai mudar. – Passo pelos outros sem lhes dar um olhar, entrando na casa encantada caminhando até meu quarto.

Desabando na cama macia logo adormecida.

[...]

No dia seguinte ao acordar apenas um alimentei, seguindo diretamente para o acampamento dos Illyrianos os treinar. As fêmeas ainda estavam nas mãos de Cassian até estarem prontas para o meu treinamento.

Com o fim da tarde fui embora para a casa de vento, indo direto para a arena. Quando chego lá o general estava enfaixando suas mãos, se preparando para socar o saco em sua frente.

— Que tal o segundo round? – pergunto enquanto coloco as mãos ambas já enfaixadas na cintura com um sorriso de lado.

Seus olhos se voltam para os meus quando um sorriso zombeiro se forma neles.

— Pronta para perder hoje? – questionou com atrevimento, debochando. Eu solto um suspiro em forma de riso.

Rapidamente corro em sua direção não lhe dando tempo de perceber o que está acontecendo, acertando um soco em sua mandíbula. O resultado foi o general sendo jogado para o outro lado da arena.

— Que qual irmos com tudo hoje? – anuncia minha pergunta, estava querendo extravasar tudo, como não fazer quando o maior general de Prythian estava aposto para lutar comigo?

Se levantou de onde estava caído, passando a mão pelo lábio inferior limpando o seu sangue que escorria pelo queixo.

Junto com o vento suas asas e ergueram, o lançando em minha direção. – acho que minha resposta é sim – Se corpo colidiu com meu fortemente fazendo nós rolarmos pelo chão.

Cassian acertou um soco em mim, assim como eu um chute em sua barriga antes de nos afastar.

Ouço uma tosse que saiu dele.

Voltamos para posição de ataque, mãos em punho para cima, pés separados e joelhos flexionados para apoio. Eu avanço me preparando para socar duas costelas, Cassian se abaixa aproveitando minha posição vulnerável e aplicando uma rasteira, subindo em cima de mim dando-me socos no rosto repetidamente. Com ambos os braços presos em baixo de seus joelhos, sentindo o sangue carmesim escorrer com uma sensação gelada pelo rosto.

Então foi ouvido um som de estalo, e pela dor que surgiu na região do meu nariz aposto que o general tinha quebrado ele.

Com as pernas que estavam livres as usos em torno de seu pescoço, flexionando com força para lhe jogar de costas no chão. Aproveitando sua situação me levantando rapidamente, meus dedos circulam a cartilagem do meu nariz, realocando ele em seu lugar.

Estava muito concentrada em ajeitá-lo para não ficar deformado depois que meu corpo se curar, logo tendo não percebido Cassian vindo para cima.

Inevitavelmente recebo um soco no rosto novamente, esse sendo forte o suficiente para me lançar até o outro lado da arena como fiz antes com ele.

— Tudo bem, você ganhou. – falo em meio aos escombros, ainda apoiada onde fui lançada.

Ele solta um grito em comemoração com os braços para cima, mas logo coloca uma de suas mãos na costela esquerda. Parece que ele não estava tão diferente de mim, apesar da aparência falar o contrário. O rosto levemente ensanguentado, o lábio inferior assim como a bochecha tendo cortes e as mãos machucadas.

Veio em minha direção me oferecendo sua mão livre, eu prontamente aceito sua ajuda para levantar.

— Parece que eu ganhei de uma deusa. – se gabou. – Uma boa história para contar aos meus futuros filhos.

Solto um gargalhada, com o humor mais leve.

— Ainda temos mais um round general. – falei.

— Me deixe saborear o gosta da minha vitória criaturinha.

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