Nunca na minha vida achei que me tornaria um maldito stalker, mas naquele momento não havia palavra melhor para me definir.
A primeira coisa que fiz ao chegar em casa não foi nem sequer tirar os sapatos ou o casaco, e sim, entrar imediatamente nas redes sociais em busca dessa garota misteriosa.
Vamos lá, ela a chamou de Tami, o que não é um um nome tão comum, então mesmo sem sobrenome pensei deveria ser fácil encontrá-la. Mas foi aí que eu quebrei a cara.
Como podiam haver tantas pessoas com aquele maldito nome, ou começo de nome? Eu jamais iria encontrá-la daquele jeito, haviam milhares de perfis encontrados na busca. Mas como eu não possuía outros planos para o momento, não custava dar uma olhadinha.
Uma hora depois e eu ainda estava rolando o cursor para baixo. Já estava a ponto de desistir quando rolei o cursor mais uma vez e apareceu uma tal de Tami Twigger.
Mas que raio de nome era aquele?
Cliquei imediatamente no perfil e lá estava ela. Seria impossível não reconhecer aquele sorriso magnífico e aqueles cachos impecáveis em seu cabelo caindo pelos ombros.
Ai meu deus, eu sou um baita dum stalker! Eu deveria tentar isso mais vezes, é tão emocionante.
Foco no perfil, seu imbecil.
Vamos lá, além do nome peculiar, para dizer o mínimo, tudo parecia bem normal, mas infelizmente suas fotos eram bloqueadas, que droga, porém, ainda dava para ver algumas com amigos e algumas publicações na linha do tempo. Ótimo, isso era tudo o que eu precisava.
Algumas horas depois e eu já sabia apenas o básico: seu nome, sobrenome, nome dos pais, não parecia ter irmãos e nome dos que pareciam ser os amigos mais próximos. Acabei descobrindo também uma conta dela no Instagram — tive de me controlar seriamente pra não sair curtindo todas as fotos possíveis —, e por último descobri também uma conta no twitter, percebendo que ela era bem popularzinha por aqui, uma vez que possuía milhares de seguidores e centenas de curtidas em fotos, o que poderia ser um problema.
Ou seja, havia descoberto apenas o básico mesmo.
Vendo tudo aquilo que havia encontrado, concluí que era impossível, eu, um Zé ninguém, me aproximar daquela garota. Ela era totalmente incrível, uma típica novaiorquina que bebia café, lia livros e twittava frases reflexivas, e eu, bom, era apenas eu. Como é que eu iria fazer para me aproximar dela? Não havia visto nada que tivéssemos em comum, e a não ser que ela já tivesse tirado leite de uma vaca, não achava que nossas vidas tivessem sido muito parecidas.
Quando a atendente de sorriso estranho falou o valor do pedido dela, ela respondeu com um "como sempre", me lembro bem porque foi nessa hora que eu quase botei meus pulmões para fora. Isso dá o que pensar, se ela respondeu isso provavelmente é porque ela costuma frequentar bastante o local, não é? Isso faz sentido.
Então já que eu não tinha nada em comum com ela, pelo menos poderíamos frequentar um lugar em comum, e isso por enquanto era o bastante, depois de alguns dias já saberia exatamente como puxar assunto com ela!
Então era isso, parecia que finalmente minha capacidade de raciocínio estava voltando.
Alguns dias depois...
Como eu podia ainda não saber o que falar com ela? Aquilo era a coisa mais estúpida que eu já havia visto. Já faziam quatro dias que eu a estava observando e nada.
Mesmo estando em um sábado, resolvi passar por lá e convenientemente, ela apareceu também. Aproveitei então novamente a oportunidade para observá-la, discretamente é claro.
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Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]
Romance"Ela gostava de ler livros e gostava de tomar café. E eu? Bom, eu gostava de vê-la sorrir". © Todos os direitos reservados. Plágio é Crime, Lei 9.610/98.