Capítulo 6

7.4K 929 267
                                    

Definitivamente, a pior parte de estudar são as provas.

Não me entendam mal, nunca fui do tipo relaxado, que não estudava, que ficava de bobeira o semestre inteiro e que só ao ouvir a palavra "exame" acordava para a vida e começava a entrar em pânico. Mas convenhamos que bate um certo desespero saber que a tão temida se aproxima.

Como eu não pretendia quebrar a cara logo nos primeiros testes do meu curso, nada era melhor do que me esforçar ao máximo, o que significava: ficar até o início da noite na biblioteca da universidade estudando e lendo livros e mais livros.

Acho que se eu olhasse para mais um livro naquele momento, era capaz de desmaiar. É normal as palavras ficarem dançando e se embaralhando em nosso campo de visão? Era melhor que sim, porque senão aquilo poderia ser um pouco preocupante.

Num surto de frustração, fechei o último livro que estava lendo e todos os outros ao meu redor, não queria mais saber daquilo.

Passei a mão pelo rosto e no cabelo, acho que estava tendo princípio de estafa. Devolvi os livros ao seu lugar na antiga, porém conservada, estante e me dirigi à saída. Já era noite na cidade, olhei para meu relógio que marcava 8 p.m, como foi que eu aguentei ficar tanto tempo em uma biblioteca? Meu deus. Acho que daqui a pouco me expulsariam de lá a chutes.

Precisava urgentemente clarear a mente, e para isso, nada melhor do que caminhar um pouco e pegar ar fresco misturado com poluição, encher os pulmões com a essência daquela cidade. Mas obviamente eu precisava fazer isso pelas redondezas, não era como se eu conhecesse muitos lugares para ir, para ser sincero, acho que conhecia apenas meia dúzia de ruas, e isso realmente soa bem patético.

Os nova-iorquinos me linchariam se soubessem disso.

"Como assim você mora em New York há meses e não conhece mais do que 6 ruas?", "Manda esse caipira de volta para o interior", já podia ouvi-los falando.

Senti um calafrio só de pensar! Mas enquanto andava no meio daquelas milhares de pessoas que mal pareciam notar a minha presença, percebi que muito dificilmente isso aconteceria.

Eu era apenas mais um no meio da multidão, apenas mais um tentando se encontrar entre as largas ruas de New York, tentando dar algum sentido a essa vida, se é que ele existia...

É, isso até que soou bem poético, acho que essa leitura toda andou mexendo com a minha cabeça. Se não era a Tami me fazendo ler, era a faculdade. Acredito que o universo conspirava para que eu me tornasse um leitor compulsivo.

Tanta coisa para conspirar ao meu favor e era isso, valeu mesmo universo, conspirar para que eu ficasse rico ou para que o panaca do Craig caísse de uma ponte ninguém conspirava, né.

E falando em Tami, ainda sentia a falta dela no meu dia. Que coisa estranhamente... estranha. Gostaria de saber o que havia acontecido com ela, gostaria de poder vê-la ainda hoje. Mas a favor disso o universo não conspirava, traidor.

Eu já havia reparado que perto da cafeteria existia uma praça, apesar de nunca ter ido nela, uma vez que ela não ficava exatamente no meu caminho. Mas tudo bem fazer um desvio, ir pelo caminho mais longo uma vez não seria problema. Fui em direção a ela enquanto observava a rua. Aquele bairro em questão não era muito muito movimentado por aquela hora, o que mais se via eram alguns estudantes andando ou conversando e algum movimento nos bares e lanchonetes, mas fora isso, era bem pacato.

Enquanto caminhava tranquilamente pelo parque, reparei que haviam alguns bancos espalhados e que algumas pessoas estavam sentadas juntas, ou sozinhas. Algumas estavam lendo ou ouvindo música, garotos e garotas se agarravam em outros, nada que não fosse tipicamente normal. Já estava quase desviando meu olhar e seguindo meu rumo quando percebi alguém que me chamou a atenção de um jeito diferente.

Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora