Capítulo 4

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Como era de se esperar, eu fiquei estático pelo o que se pareceu com uma eternidade. Poderiam ter se passado minutos, horas, dias que eu não teria dado conta.

Aquilo me atingiu como uma bomba, uma maldita e destruidora bomba. Como assim a garota que eu praticamente venerava tinha um babaca de um namorado? Isso definitivamente não estava nos planos. Meu interior estava em pânico.

— E então, vocês são amigos? — Perguntou o ridículo do Craig. Eu o conhecia há 5 segundos e já abominava a sua existência.

Tentei me recompor do jeito mais orgulhoso possível, não deixaria aquele babaca passar por cima de mim. Mas antes mesmo que eu pudesse lhe dizer umas verdades, a Tami se pronunciou.

— É, sim, mais ou menos, ele é atendente lá do Granny's, aquela cafeteria que eu vou. Nos falamos algumas vezes. — E lá se foi todo o meu orgulho.

Eu não era mais do que o atendente da cafeteria para ela? Apenas o cara que fala com ela? Isso me estilhaçou mais do que qualquer coisa que o babaca poderia ter dito. A fim de não parecer mais idiota do que provavelmente eu já estava parecendo, resolvi acabar logo com o papo.

— Bom, não quero atrapalhar vocês. — Falei do jeito mais recomposto possível. — Aproveitem o restante da noite. — Dei um meio sorriso e saí dali antes que qualquer um deles pudesse dizer alguma coisa.

Voltei ao lugar em que estava e dei uma grande golada na cerveja que o barman havia coloca para mim, antes de ir embora.

— Já está de saída? — Ele perguntou.

— É, infelizmente sim. — Dei para ele o valor da bebida e saí daquele local, mas não sem antes escutá-lo gritar um "Boa sorte com a garota".

Passei pela porta rindo sarcasticamente para mim mesmo. Sorte era exatamente o que eu não possuía quando se tratava da Tami.

E lá estava eu de novo, caminhando nas ruas geladas e sempre cheias de New York, mas apesar disso, nunca havia me sentido tão solitário.

Eu estava me sentindo um completo idiota. Como eu pude ser tão burro a ponto de achar que ela estaria disponível? Que também teria sentimentos por mim? Eu sou muito burro mesmo. Enquanto eu estava babando por ela, ela estava ficando com aquele panaca. Como ele conseguiu conquistá-la? O que raios ele tinha, que eu não tinha? Só porque ele usava calça apertada e um casaco remendado, tomava café o dia todo e tinha cara de quem lia até panfleto, ele era melhor do que eu? Isso não rra possível. Como uma garota com um sorriso tão maravilhoso foi gostar de um cara com um sorriso tão debochado e com ares de superioridade? Mas essa vida é muito injusta mesmo.

Nota mental: Deixar de ser um idiota.

Enquanto me martirizava e xingava mentalmente o Craig de todos os modos possíveis, peguei meu notebook, que por um acaso eu achei naquela manhã, e fui caçar o perfil da Tami. Eu realmente não me lembrava de ter visto nada que indicasse um relacionamento com alguém, e olhando agora novamente, aparentemente não tem nada. Mas se bem que as fotos com o filho da mãe podem ser privadas apenas para amigos, que droga. Resolvi então procurar por ele nos amigos dela.

Digitei Craig na barra de busca, Craig Jhonson apareceu, um nome tão ridículo quanto ele. Abri seu perfil, mas assim como o da Tami, a maioria das suas fotos eram privadas, resolvi ver o que dava então. Logo de cara notei sua foto de capa, um pôr do sol acompanhado de uma frase reflexiva, nossa, que original, cheguei até a revirar os olhos com tamanho egocentrismo, isso sem mencionar a foto de perfil, onde ele está com uma camisa xadrez e com um chapéu exibindo seu sorriso estúpido nos lábios. Centenas de curtidas e comentários de meninas babando por ele, credo. Fechei o notebook, não precisava mais olhar para aquele sofrimento.

Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora