Como dizem: "Quem é vivo sempre aparece". Ainda há algum leitor por aqui? Espero que sim. Sem mais delongas, notas no fim do capítulo :D
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Eu estaria mentindo se dissesse que já não esperava o pior vindo dele, porque a grande verdade é que, sim, eu esperava. Não podem me julgar por ter una imagem bem formada sobre ele pelos últimos sete anos. O Trenton era o Trenton, e para mim, nunca deixaria de ser.
Eu ainda estava parcialmente nervoso devido à recente discussão, poderia parecer que não, mas essas coisas ainda me afetavam bastante e eu me odiava por isso. Por que depois de tanto tempo, eu ainda não havia aprendido a não me importar com o que ele pensava sobre mim? De que me importava a opinião dele sobre a minha vida? Por mais que eu não quisesse, ela continuava me importando. Por quê? Arrisco a dizer que é por ele ser meu irmão mais velho, e querendo ou não, sempre tive essa necessidade de que ele se orgulhasse de mim, sempre quis que ele visse o homem que me tornaria. E esse é que era o meu grande problema.
Minha relação com o Trent nem sempre foi conturbada e explosiva como nos últimos anos, nós tivemos sim nossos grandes momentos, principalmente quando éramos crianças. Nós estávamos sempre juntos, brincávamos juntos e riamos juntos. Éramos inseparáveis. Por ele ser dois anos mais velho que eu, ele tinha como obrigação sempre me proteger dos garotos maiores que queriam me bater — acho que desde cedo mostrava habilidade para ser militar — e sempre me defendia quando preciso.
Como nos mudamos muito com o passar dos anos, éramos praticamente nossos únicos amigos, e isso era bom, muito bom e durou por um bom tempo, mais precisamente, até que nos mudamos para o interior de Denver, nossa última grande mudança. Em Denver, nossa relação continuou a mesma até ele conhecer novos garotos, garotos da sua idade, e rapidamente fazer amizade com eles. Ele era desinibido e extrovertido por natureza, então rapidamente conquistava a todos em sua volta. Mas com essas novas amizades, cada vez mais eu fui ficando de lado. Não pensem que eu era do tipo de irmão chiclete que queria toda a atenção em mim e que não queria dividi-lo com mais ninguém, muito pelo contrário, era bom fazermos novas amizades, eu mesmo fiz algumas também na época, mas a grande questão é a influência que os novos amigos exerceram sobre ele. Nós morávamos em uma vila militar, dessas que apenas moram famílias de militares, então, todos os novos amigos do Trent eram como nós, garotos que eram incumbidos, para não dizer obrigados, de seguir a carreira de seus pais, mas a diferença era que eles realmente queriam segui-los e por isso, acabaram induzindo o Trent a também querer, botaram em sua cabeça que era uma obrigação e que era seu dever, o fizeram acreditar verdadeiramente nisso, e esse foi o grande problema. Ele acreditou. Mas como se não fosse suficiente ele seguir a diante com isso, ele decidiu que eu também deveria seguir, que eu também possuía essa obrigação e esse dever. E no final das contas aconteceu o que aconteceu naquela fatídica noite. Uma série de eventos desconexos que se uniram para criar essa picuinha que temos há tanto tempo.
Depois do papo com a Liv, não fui direto para o apartamento, ainda levei algumas boas horas para tomar coragem o suficiente para ir falar com ele, eu precisava clarear bem as ideias e me acalmar o suficiente para não o expulsar de lá a chutes no segundo em que o visse, porque era exatamente isso o que eu gostaria de fazer. Já era início da tarde quando cheguei em frente ao apartamento. Mal estava na metade do dia e tanta coisa já havia acontecido.
"Vamos lá, Thomas. — Falei mentalmente para mim mesmo. — Você consegue, apenas seja paciente o bastante para ouvir o que ele tem a dizer, só isso. Não deve ser tão difícil, certo? Certo. Quem sabe eu não deveria ter comprado uma daquelas bolinhas anti-estresse? Acho que seria bem útil para me manter calmo ou quem sabe para jogar na cara dele se ele me irritasse. Será que ainda dá tempo de ir comprar uma?"
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Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]
Romance"Ela gostava de ler livros e gostava de tomar café. E eu? Bom, eu gostava de vê-la sorrir". © Todos os direitos reservados. Plágio é Crime, Lei 9.610/98.