Capítulo 9 (Parte I)

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— Ele estava o que!? — Perguntei mais exasperado do que pretendia, eu não estava conseguindo acreditar naquilo, não mesmo. Eu devia ter escutado errado, com certeza.

— Ele estava com outra mulher. — Ela suspirou pesado do outro lado. — Ele tentou vir atrás de mim mas eu não deixei, ele falou para eu deixar ele explicar, mas simplesmente saí correndo de lá como uma idiota. Eu não sei o que fazer, você foi o primeiro que veio na minha mente. Mas não precisa se preocupar, foi só desespero de momento.

— Onde é que você está? Eu vou aí te encontrar.

— O que? Não, não precisa.

— Eu insisto, Tami, me diz, onde você está?

— Eu estou naquela praça perto do café. — Respondeu quase em um sussuro depois de algum tempo.

— Fique aí, em 15 minutos eu chego.

— Ok. — E então ela desligou.

Não sei exatamente o que eu estava pensando naquele momento, na verdade, não sei nem se eu estava pensando em alguma coisa ou se estava agindo no modo automático. Só sei que em cinco minutos troquei de roupa, peguei minha carteira e as chaves e já estava fazendo sinal para algum táxi que passasse por ali.

Era nessas horas que não ter um carro fazia falta.

Após alguns minutos fazendo sinal e um quase empurrão em uma mulher querendo pegar meu táxi, consegui entrar em um.

— Para onde deseja ir? — Perguntou o motorista com sotaque indiano, pelo menos foi o que me pareceu, e aquela espécie de turbante na cabeça ajudou a reforçar a ideia.

— Park Avenue com 25th.¹ — Não era exatamente a rua da praça, era a do café, mas de lá eu iria a pé numa boa.

— Ok, senhor, mas ponha o cinto de segurança, não quero acidentes em meu carro. — Me olhou pelo retrovisor.

— Cinto de segurança? Que taxista pede para pôr o cinto de segurança? — O olhei incrédulo.

— Eu peço, lei americana. Obedeça ou não saio do lugar.

— Qual é, eu já estou atrasado. — Olhei para meu relógio de pulso, com certeza eu demoraria mais do que quinze minutos.

— Com cinto a gente sai, sem cinto, a gente fica. — Cruzou os braços. — Você que sabe, tem mais gente querendo táxi, se não quiser, saia.

— Tudo bem, tudo bem. Olha só, já coloquei. — Peguei o cinto de qualquer jeito e o coloquei.

— Ótimo. Tem preferência de caminho?

— O mais rápido, pelo amor de deus. — Tentei soar paciente, mesmo não possuindo mais nenhum pingo dela em mim.

— Tudo bem. — E então ele finalmente começou a andar.

Pensei comigo mesmo que teria sido muito mais rápido ir de metrô. Cerca de dez minutos depois já estávamos de frente para o café, pelo menos a viagem foi curta.

— US$20, senhor. — Ele falou assim que chegamos.

— Tudo isso? Meu deus. — Peguei minha carteira e tirei uma nota de 20. — Aqui está. — Entreguei e fui saindo.

— Ei! Cadê a gorjeta? — Me perguntou pelo vidro.

— Eu lá tenho cara de quem tem dinheiro sobrando para dar gorjeta? — Eu realmente não gostaria de ouvir uma resposta muita sincera.

— Então é assim? Americanos mal agradecidos. Está proibido de andar novamente em meu carro. — Sentenciou.

— Tudo bem, não é como se isso foi um grande problema. — Ele então não falou mais nada e foi embora. Mas que cara chato.

Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora