Capítulo 15

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Chega a ser cômico o modo como a vida nos surpreende, não é? Quem diria a alguns meses que minha vida estaria do jeito que está? Eu certamente não diria, poderia até mesmo ter apostado que as coisas teriam tomado outros rumos, jamais imaginaria que tanta coisa iria acontecer. Vendo a mudança catastrófica que me aconteceu, não ousava nem imaginar o que o futuro me aguardava, apenas torcia e pedia para que me viesse o melhor. Mas quer saber? Acho que é essa incerteza dos eventos futuros que nos fazem querer continuar em frente. E é por isso que eu sempre continuava.

Desde a chegada do Trent ao meu apartamento naquela manhã louca e estranha, se passaram vários e vários dias, e para a minha grande e total surpresa, dias bons. É até difícil de acreditar, mas eu e ele conseguimos de fato nos acertar, conseguimos deixar o que era passado para trás e nos focarmos apenas no presente, o que deu muito certo por sinal. Finalmente, pouco a pouco, estava conseguindo ter meu amigo, meu companheiro de todas as horas e meu irmão de volta. E acreditem, nunca havia me sentido tão feliz como estava me sentindo naqueles dias. Mas, não podemos esquecer o mais importante, claro. Por mais que o Trent tivesse uma grande parcela de culpa na minha felicidade, o motivo maior era ninguém menos do que a Tami. Previsível, eu sei, mas cara, eu não conseguia parar de sorrir quando a tinha comigo, quando estava ao lado dela. A sensação incrível que me possuía ao vê-la parecia aumentar cada dia mais, o que era muito surreal, até para mim. Ainda nos víamos todos os dias pela manhã no café e algumas vezes na semana saímos depois do trabalho dela, ou ela vinha para o meu apartamento e vice-versa. Era como se a cada dia que passasse fossemos nos aproximando mais e mais, nos conhecendo, nos investigando, nos entregando. E meu amigo, eu estava indo por um caminho sem volta.

Quanto mais eu me aproximava da Tami, mais minha estante ganhava novos livros, o que era bem engraçado, uma vez que há algum tempo apenas existiam embalagens vazias na mesma. Agora faltava era espaço para tantos livros. Lembro que havia falado a ela que não iria me tornar um leitor compulsivo da noite para o dia, mas vejo que estava completamente errado. Além dos livros me proporcionarem prazer em meu tempo livre, era um ótimo jeito de mantermos assunto, entre nós nunca faltava o que conversar, sempre haviam diversos assuntos e isso era um ponto alto dessa relação.

Não sei se era intencional ou não, mas a Tami aos poucos, com seu jeito singular de ser, me transformava em alguém melhor, em uma pessoa melhor, e eu não sei nem como explicar isso direito. Ela nunca me julgou, mesmo depois de saber tudo o que havia acontecido entre eu, meu pai e Trent, nunca me tratou mal e nunca deixou me presentear com aquele lindo sorriso que eu tanto adorava. Eu já não conseguia imaginar minha vida naquela cidade sem ela completando os meus dias. Eu já disse o quanto aquilo tudo era surreal?

Assim como os dias, as semanas se passaram, aquela vida morna passou e logo chegou o Dia de Ação de Graças, em novembro, uma data especial e comemorativa. Como nenhum de nós planejava deixar a cidade no feriado, resolvemos nos juntar no meu apartamento e comemorarmos juntos. Eu e a Tami, a Liv com o Jeff e o Trenton sozinho fazendo papel de vela. Foi um dia incrível. Mais um momento marcante naqueles meus dias agradáveis. Comemos até não querer mais, rimos, bebemos e nos divertimos. Não me lembrava quando havia me sentido tão bem como naquele dia. Eu vivia em New York há algum tempo, e apesar de não ter conhecido ou me enturmado com muitas pessoas, aqueles quatro que estavam ali me completavam totalmente. Eu não poderia pedir por mais nada naquele dia. Aquela era a minha família, a família que eu escolhi. E eu não trocaria por nada.

Depois daquele dia incrível, os dias correram mais rápidos do que pude acompanhar, novembro se foi em um piscar de olhos e então já estávamos em dezembro, o último mês daquele ano. New York estava em clima de festa e comemoração. E de muito frio, a propósito. Todos estavam felizes, alegres e bem humorados e tudo estava muito enfeitado e chamativo do jeito que costuma ficar quando o Natal se aproxima. Faltavam alguns dias para a comemoração e logo logo entraríamos no recesso para a data, então assim como havia feito no Dia de Ações de Graça, pensei em chamar o pessoal para passarmos juntos a data especial. Se eles não tivessem outros planos, claro. Cheguei a conversar com o Trent e ele achou uma boa ideia. Também, não era como se ele tivesse muitos outros planos. Resolvi então contar da ideia para a Tami e para a Liv, mas, como a vida é imprevisível, precisei mudar meus planos quando recebi uma ligação inesperada em uma daquelas tardes.

Um livro, Um café e Um sorriso [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora