NOVE

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Emma

Sem notícia de Helus pelos últimos dois dias. A semana está acabando. No mesmo dia em que cheguei em Ridenvile, enviei uma carta para Pontiac. Sem resposta. Talvez seja melhor assim. Um Governo forte os protegendo é bem mais promissor do que uma fuga, e mesmo assim, consegui garantir sua proteção durante o ataque. Eles não precisarão mais se preocupar com isso tanto quanto antes. E eu conseguirei salvar Lowan e tirá-lo desse purgatório de uma vez por todas. Acho que isso será mais que o suficiente.

Meu corte tem dado trabalho. Os suplementos de cura são limitados e por mais que tenham me oferecido, prefiro deixá-los para emergências maiores, ou qualquer um que não consiga aguentar algum nível de dor a ponto de ficar inconsciente. É sempre assim, e não é justo gastá-los se estas são as regras. Ao menos estou consciente e estável.

Nox fez o favor de vir comigo, e agora residimos no mesmo quarto. Ele "faz questão de esperar pela carta do mais novo Nyx." Minhas mãos estão inquietas enquanto me sento na cama e as encaro, concentrada, pensando mais do que deveria.

— Tick Tack, "Nyx um" — Nox cantarola deitado na cama, com as pernas cruzadas e apoiadas na parede. O único som que preenche o quarto são as batidas da bolinha que ele joga na parede. — Falta um dia e duas horas.

— Se está ansioso, pode dormir. Temos o dia seguinte inteiro para esperar pela carta — desdenho, irritada. Ele ronrona uma risada.

— Não estou ansioso, Emma. Estou curioso. Sinto que você não pode me garantir que realmente recebamos a recarga de armas. Tem sido divertido.

Reviro os olhos e finalmente deito, lutando contra os lençóis, mesmo sabendo que não vou dormir. Os grampos fazem peso em meu corte, ainda inflamado, e me causam aflição, mas tento não transparecer mais do que apenas uma careta. Tem sido realmente incrível ser eu: quando acordada, minha garganta me lembra a cada segundo que foi cortada duas vezes no mesmo dia e uma delas foi pela Governanta; se adormecer, volto para o massacre e vejo meus companheiros mortos como um bônus.

Mas mesmo se eu estivesse com sono, nesta madrugada, seria impossível adormecer. Porque um terremoto começou. Um terremoto feroz. E estar hospedada em um porão significa que até mesmo meus dentes começaram a tremer, mas não importa. Porque eu sei o que isto significa. Meus ombros relaxam e me permito sorrir por algum tempo. Ela está viva, e está de volta.

— Que diabos?! — Nox grita alarmado, acordando de seu sono profundo. — O que está acontecendo?!

— Acalme-se, Nox — grito de volta, achando graça. Meu corte lateja. — Acho que alguém chegou para nos ajudar.

Nox não responde, concentrado em se equilibrar no meio de tanta confusão. Eventualmente, conseguimos sair do quarto e corremos desajeitadamente até a parte superior da casa. Zero e Brutus estão aflitos e confusos.

— O que está acontecendo?! — Brutus pergunta.

Nyx — Nox chama, se apoiando completamente no corrimão de metal da escada. Eu já tenho mais sorte no quesito equilíbrio.

— Acontece que esses... tremores são causados por uma garota! — tento explicar entre a confusão e objetos quebrando e rangendo. — Ela é a Quebradora da Maldição.

— Que maldição?!

Meu corpo inteiro treme junto aos terremotos e meu corte lateja. Não consigo responder antes de ser jogada para o outro lado do cômodo e bater o pescoço em algum lugar.

Encantadora Sombria (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora