Encantadora Sombria (em revisão)

CATORZE

Allerick engole em seco, olha para os lados, percebendo finalmente que minha amiga humana e ele não eram os únicos que ocupavam espaço no quarto. Mali parece ter voltado a raciocinar quando finalmente diz:

— Meu Deus, desculpe pela... meu Deus — ela coloca as mãos na boca, aflita com a adaga no corpo de Allerick. Ele olha para baixo e envolve a empunhadura em uma das mãos. Logo depois, ele puxa, agindo como se fosse a ação mais normal possível. Arregalo meus olhos simultaneamente a Mali. Ele oferece a adaga para minha amiga humana de volta. As mãos da garota tremulam sob uma adaga com sangue de cor clara e brilhante. Ela olha para Allerick, depois para a adaga; repete esse ciclo.

— Está tudo bem, não se preocupe... — sua voz vai se dissipando até não haver mais som saindo de sua boca. Não parece mais haver resquícios de sangue em qualquer lugar de seu corpo. Interessante.

— Ela esfaqueou Allerick — Ameer sussurra para Luna com o sorriso de quem está completamente entretido, oferecendo-lhe uma cotovelada leve no braço. Por outro lado, a expressão dela continua séria. Após um momento de silêncio, o Deus do Limbo decide interferir novamente: — Certo, chega de embromação. Esse é Allerick, menina. Um Deus, que você acabou de apunhalar. Nós somos os irmãos dele! Muito prazer, sou Ameer.

— ...Luna — sua irmã se apresenta, sucinta.

Ameer executa uma tentativa falho de empurrar Allerick para longe, que apenas dá meio passo para trás.

— Na próxima vez que você almejar assassinar meu irrisório irmão, use uma adaga maior, por favor — ele sussurra para Mali, sem realmente se importar que qualquer outra pessoa ouça a conversa. Allerick lhe oferece um tapa na cabeça.

— Espera... você é Deus? — Mali gagueja. Ameer emite um estalo com a língua.

— Não, ele não é Deus. Ele é um Deus. Eu sou outro, Callia é uma aberração... — ele diz como quê listando algo simples. Luna reprime seu comentário. Semicerro meus olhos, mas não me importo completamente com o comportamento ácido de Ameer.

— Deus não existe? — ela indaga. Ameer suspira.

— É muito mais complexo que isso, menina. pode ser que sim, pode ser que não, deve variar da sua dimensão. Dimensões são algo muito mais do que um planeta, certas vezes. Nós somos deuses independente das dimensões; somos deuses que cuidam das dimensões. Hm? Entendeu? Quer que eu repita?

Mali faz uma expressão debochada e olha para Ameer de cima à baixo. Lay bate na porta e todos se viram em direção ao som.

— Ninguém liga que vocês são deuses, a Governanta quer vê-los e aqui ela é a autoridade máxima. Então, especialmente você — ele aponta para Ameer —, se comporte.

Ameer revira os olhos conforme Lay sai do cômodo. Nós nos apressamos para segui-lo, entretanto, assim que viro à esquina do corredor, uma mão quente e suave envolve meu cotovelo de leve.

Isaac. Franzo o cenho.

— Tudo bem? — pergunto. Ele limpa a garganta e diz:

— Tem uma carta esperando por você no seu quarto. De Nyx. Espero que você possa confiar em nós o suficiente para compartilha-lha conosco depois de ler.