DOZE

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— Mali — eu sussurro, sem acreditar nos meus próprios olhos. Ela ri fraco, mas duvido que esteja achando graça.

Isso é impossível, certo?

Wez.

Lay franze o cenho e olha para mim, depois para Mali.

— Vocês se conhecem? — ele pergunta.

— Quem é Wez? — Lótus acrescenta com a mesma rapidez.

— Meu sobrenome na Terra — sussurro. Acho que me esqueci de como falar mais alto do que isso.

Na verdade, acho que me esqueci de como executar muitas ações, já que por um bom tempo, eu só consigo encarar Mali.

— Espera, na Terra? — Lay cospe.

— Eu te disse que parecia uma humana — Lótus diz em baixo tom.

— Mas eles não tem tanta diferença dos híbridos... eu pensei que...

— Para legítimos, talvez não mesmo — ela sibila com um sorriso. Ainda estou estática.

Mali.

Mali está na minha frente respirando viva falando na frente de uma fenda e eu tenho tantas tantas perguntas.

Tantas.

Faça algo quanto a fenda antes que ela morra, Escolhida.

Balanço a cabeça na esperança de espantar ao menos um terço dos meus pensamentos para poder me mover.

Eu caminho até a fenda com tanto cuidado que sinto como se estivesse segurando uma bandeja recheada de ovos prontos para chocar à qualquer instante; tão desnorteada que mal me incomodo ou me altero mais do que já estou com a energia da fenda sobre mim. Mali me mira por trás do ombro enquanto faço a escuridão fechar a fenda como quê costurando uma roupa. Não sabia que isso daria certo, mas não estou mais impressionada do que pelo que está na minha frente.

— C... co... como? — eu pergunto.

Como você está viva. Como você conseguiu parar em Myliand. Como você ainda lembrava de mim?

Como?

— Eu não acreditei em você de qualquer forma — ela desdenha, ignorando minhas perguntas. Seu tom de voz não muda. — Você não sabe mentir. E eu não estava louca afinal — ela ri; eu continuo séria. — Vocês são os amigos dela?

— Quase isso — Lótus responde, em seguida, ela encontra meu olhar. — Precisamos decidir o que fazer quanto a... isso aqui. — Eu assinto.

Mali tenta levantar sozinha, mas cai de joelhos novamente. Seus joelhos estão em carne viva, e me pergunto quantas vezes ela não tentou se levantar antes de Lay e Lótus a encontrarem.

Me pergunto em que momento ela chegou.

Lay se posiciona para ajudá-la e Mali não protesta, ele a carrega nos braços e ela lhe lança um olhar afiado.

— Qual o seu nome? — ela pergunta, mal humorada.

— Lúcifer.

Lótus dá um tapa no ombro de Lay, que sorri em resposta. A Espiã revira os olhos e diz:

— Esse é Lay, eu sou Lótus.

— Malia — ela diz, com um sorriso. Eles não estão mais sorrindo; estão preocupados. E eu não faço ideia do que faremos com ela, mas nossa única alternativa será voltar para o Palácio. Lay monta em meu cavalo com Mali se apoiando em suas costas. O corpo dela se contrai quando o cavalo começa a andar, mas ela não protesta. Lótus e eu o seguimos devagar.

Encantadora Sombria (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora