ONZE

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Aos pulos e cambaleio para fora da cama. Olho para a janela, desnorteada.

Eu tenho certeza do que vi.

Me belisco para saber se realmente estou acordada e quando concluo que devem ser aproximadamente quatro da manhã, talvez três, eu saio do quarto a passos largos e desleixados. Eu preciso vê-la. Eu preciso chama-la. Ela pode nos ajudar. Ela também odeia a Governanta de Syfer. Eu preciso fazer isso logo.

O clima está frio e está extremamente chuvoso.

A primeira pessoa que bato de frente por falta de atenção é Lay. Por sorte.

— Graças a Deus — suspiro.

— Bom dia para você também, Quebradora da Maldição — ele estala os dedos apontando para mim em cumprimento, mas não tenho tempo ou talvez minha mente esteja correndo em uma frequência um pouco diferente para que eu consiga responder da mesma forma.

— Lay, eu preciso de armas — é tudo que eu consigo dizer, ofegante. Sei que minha espada sem treino algum não me fará ganhar de um blusher se eu precisar. Ele franze o cenho arregalando os olhos. — Armas que eu consiga usar.

— À essa hora, Callia? — ele pergunta, se espreguiçando.

— É sério. Uma cartomante acabou de ressusitar em Powal e se eu não chegar nela antes que ela chegue em outro lugar cabeças podem rolar antes da hora — explico o mais rápido que consigo. — Então por favor, Lay, eu preciso do melhor armamento que você tiver.

— Para que tipo de criatura? A cartomante em si? — ele pergunta, confuso. Não sei como está acordado agora. — Espera, como você sabe disso?

Eu bufo.

— Eu sonhei... na verdade, não foi bem um sonho. Eu... tive uma visão.

Ele pisca algumas vezes, congelado na mesma expressão. Ri fraco, e diz:

— Calma, calma. Você, teve um sonho, certo? — eu assinto, com pressa. — Callia, você teve um pesadelo. Hm? Sabe, sonhos ruins e que, okay, eu sei que podem parecer meio reais e toda essa coisa de Cartomante realmente existe em Myliand, mas acho que você, digo, nós dois, deveríamos voltar para a cama e dormir.

Eu respiro fundo para não esganar o ferreiro na minha frente.

— Lay, é real! Eu sei porque eu ouvi ela. Não foi um sonho qualquer, eu estava lá e ela disse isso. E eu sei porque eu vendi metade da minha alma para essa Cartomante e muito provavelmente algo entre nós está conectado e ela tem assombrado meus sonhos ultimamente, então — eu digo, elevando minha voz enquanto gesticulo, batendo meu dedo indicador no peitoral de Lay —, eu preciso de armamento para encontrá-la e voltar com vida e convencê-la de não matar meus amigos e se juntar a nós!

Ele suspira.

— Você vendeu sua alma?

— Eu preciso de armamento contra Blushers.

— Okay.

— Me encontre no estábulo em cinco minutos.

Cinco minutos? Callia...

— Por favor — é a última coisa que digo antes de sair andando pelos corredores tentando encontrar o resto dos itens que preciso.

Me observo uma última vez no espelho. Minhas roupas são grossas o suficiente para aguentar o frio. Passo na cozinha para buscar suplementos, passo na biblioteca, procuro por um mapa. Isaac está lá.

— O que está fazendo? — pergunta.

— Estou procurando por algum mapa que possa me ajudar — respondo com pressa, abrindo um pergaminho com desenhos que não se parecem com mapas e o fechando para procurar algum outro.

Encantadora Sombria (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora