VINTE E OITO

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Isaac me conduz por um estreito corredor de concreto escuro alaranjado, a lamparina em sua mão é o único recurso de luz e me diz que o caminho está longe do fim. Aqui é levemente abafado e as paredes próximas demais umas das outras são o suficiente para me provocar desconforto. Cerro os punhos e me concentro nesta sensação para evitar meu descontrole. Minhas cicatrizes repuxam de leve.

— Veja, meus soldados infiltrados localizaram a posição aproximada do Arquipélago Oculto na manhã passada.

— Mesmo?

— Nós ainda estamos decidindo quem a acompanhará até Keres, devido ao que aconteceu hoje cedo — explica o General. — De qualquer forma, o objetivo é partirmos à viajem em três dias.

Depois do ocorrido no salão, Lydia dispensou todos. Lowan me olhou de relance com relutância, mas Emma o atravessou antes que pudesse dizer qualquer palavra. Me deixando afogar em minhas dúvidas.

Lowan não poderia ser o culpado.

— Por que eu deveria vir mesmo? — questiono depois de um tempo, tentando distrair meus pensamentos.

— Lydia quer que você saiba onde cada artefato está. Como você disse que é capaz de descobrir suas funções, achamos que você deveria tentar fazer o mesmo com o artefato de Oriwest.

Engulo em seco. Se eu continuar temo que a escuridão nunca mais volte.

Ela está tão distante.

Tudo que eu consigo sentir é o vazio.

— Por mais que Lydia tenha sugerido isto, você não precisa o fazer hoje — continua apoiando uma mão em meu ombro e em um tom mais delicado ao perceber minha hesitação. Respiro fundo.

— Quero acabar logo com isto — respondo. Ele assente

A atmosfera se torna pesada e intensa gradativamente. Meu corpo volta a mesma instabilidade de quando estivemos na mansão de Lisha.

Nós estamos perto.

Aos poucos, o caminho que se revela pela pouca luz encontra um grupo de guardas posicionados estrategicamente em uma sala circular com sete portas. Eles viram seu olhar para Isaac, que acena com a cabeça uma única vez e, rapidamente, todos os guardas se dispersam da sala.

— Inicialmente este subsolo foi construído para guardar o artefato de Oriwest e outros amuletos de valor. A maioria apodreceu com o tempo, todavia. — Me esforço para prestar atenção na história enquanto meu corpo se deixa levar pelos efeitos dos artefatos tão perto. — Agora, guardaremos todos os artefatos aqui. Além de Lydia, nós somos os únicos que sabem da existência deste lugar, então nós agradeceríamos se você não contasse para outras pessoas.

— Claro.

O General caminha até uma das portas, a mais distante de todas.

— O artefato de Syfer está aqui.

Ele caminha até a porta à sua direita.

— Você tem certeza que quer fazer isto neste momento? — Pergunta com um quê de preocupação. Assinto sem me dar a chance de pensar duas vezes. Isaac retira de seu bolso três chaves grossas, uma delas de ponta redonda, a outra, circular, e a última quadrada. Cada cadeado da porta é aberto por uma das chaves.

— O de Oriwest — ele continua enquanto puxa a grossa porta de pedra —, está aqui.

A energia que me atinge é absurda. Ela transborda em minha alma e me deixa estática. Cada passo que dou contra o artefato — cada vez mais próxima — é lento e doloroso. No terceiro passo, eu caio.

Encantadora Sombria (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora