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"Tudo rodava e seu estômago parecia que viraria do avesso a qualquer momento. Tentou abrir os olhos, mas a claridade era intensa, e logo os apertou. Sentia o suor escorrendo por suas costas e a mão úmida segurando firmemente a sua testa, enquanto vomitava mais uma vez. O papel toalha foi passado com cuidado em seus lábios e deitado novamente, o recipiente onde despejou o resto do material estomacal foi afastado e ele manteve os olhos fechados.

_ Eu vou morrer... _ balbuciou, enjoado e trêmulo, embora sentisse seu corpo muito quente.

_ Dessa vez não, mas se fizer outra merda dessa eu mesma vou matar você, Alec _ a voz feminina demonstrava raiva e preocupação, enquanto colocava uma toalha úmida em sua testa. _ Onde estava com a cabeça quando misturou todos os tipos de bebidas e drogas naquela rave? Você poderia ter morrido! _ ela brigou e ele entreabriu os olhos.

_ Onde eu estou? Por que estou no seu quarto? Como eu vim parar aqui? _ perguntou, ignorando as indagações da outra.

_ Mellior...ele me ligou e imaginei que alguma merda tivesse acontecido. Você é autodestrutivo _ acusou.

_ Não sou..._ negou, deitando de lado e dando as costas para ela, sentada na borda da cama. Abraçou-se ao travesseiro e fechou os olhos novamente. _ Eu só exagerei um pouco..._ falou, mais baixo.

_ Você tentou bater no cara, porque ele quis abrir sua jaqueta e fez um escândalo aqui, quando tentei tirar sua roupa _ ela apontou e Alec viu que ainda estava com a camisa, livre apenas da calça e da jaqueta. _ Quer me contar o que aconteceu?

_ Me deixe em paz, Helen…_ pediu, tapando os ouvidos. _ Meu estômago está embrulhando, minha cabeça dói e me sinto quente. Minha garganta dói, sinto muita sede. A última coisa que quero agora é conversar…

_ Vou deixar você dormir mais um pouco...Mas ainda vamos conversar..._ a amiga avisou, se levantando. _ Tire essa camisa, é por isso que está com tanto calor.

Alec apenas assentiu, mas não se sentiu confortável para se desfazer dela. Helen franziu o cenho, preocupada, e saiu do quarto.

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Magnus se olhou no espelho e bufou. Tinha olheiras. Havia acabado de voltar daquela famigerada festa e precisava dormir.

Passou parte da madrugada procurando Alec, sentindo-se mal por ter mentido para ele. Até o ver de longe, quase engolindo a boca de um cara de cabelos platinados. Rafael tinha razão, ele não passava de um devorador de homens.

Depois de um banho rápido, se jogou na cama e dormiu, um sono cheio de sonhos, nos quais Alec era sempre o personagem principal e eles faziam sexo selvagem, como tanto desejou naquela noite.

Acordou suado e com uma bela ereção, sendo preciso um banho frio para acalmá-la. Sob a água gelada, lembrou-se dos beijos do outro, tão intensos e gostosos.

Alec era todo intensidade. Seu olhar, sorriso, seu corpo, movimentos. Daria tudo para ter ido até o fim com ele, para ter beijado cada detalhe do seu corpo, acariciado e roçado o nariz em seu peito cabeludo. Sabia que o perfume amadeirado que usava devia ser mais forte ali. Estava divagando e se viu excitado mais uma vez. Só o banho já não resolveria seu problema.

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Os dias se passaram rápido demais. O trabalho com as crianças era algo que ocupava parte do tempo de Magnus. O resto, ele ocupava em curar seu coração. Sim, havia começado a se apaixonar por Alec e, ainda que parecesse ridículo, pelo pouco tempo em que ficaram juntos, Magnus era assim. Era doce, leve, frágil e se apegava rápido demais, talvez fruto da carência afetiva de órfão.

O certo é que, o pouco de atenção e aquele sorriso lindo e pronto, lá estava ele de quatro para Alec. Chegou a ter raiva de Rafael por ter atrapalhado sua noite perfeita, com o homem perfeito. Mas ficou com ela apenas para si, porque sabia que o amigo tinha razão, Alec não era perfeito e se sem ter chegado aos finalmentes estava sofrendo, imaginava-se se arrastando no chão em lamentos de morte, se tivessem transado e o outro o desprezasse depois, como parecia fazer com todos.

Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora