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_ Hoje não vai dar, Alexander… _ Magnus respondeu, encostando-se na lataria do carro e observando as unhas bem cortadas.

_ Mas quando eu mandei mensagem mais cedo você concordou. O que aconteceu?

_ Surgiu um compromisso..._ o outro deu de ombros. _ E eu tenho de ir para casa me arrumar…

_ Você vai sair com alguém? Mas, e o nosso encontro? _ Alec, que até ali permanecia sentado dentro do carro, desceu e deu a volta, parando diante de Magnus, com os braços cruzados diante do corpo, demonstrando indignação.

Magnus revirou os olhos. _ Não era um encontro. Só íamos ver as luzes da cidade e transar no carro. E isso não é um encontro…

Alec apertou os lábios, ofendido. _ Você está me massacrando e me torturando há mais de um mês e isso não é justo _ acusou, com o dedo em riste. _ Quer saber de uma coisa? Isso vai acabar! Eu não sou qualquer um, sou Alec Lightwood. Sou bonito, sou gostoso e sou o sonho de muitos caras por aí. Eu não tenho de ficar me humilhando atrás das migalhas que você me dá _ apontou o dedo firmemente no rosto de Magnus, que o empurrou, com delicadeza.

_ Você está fazendo uma cena na frente do meu trabalho..._ respondeu, calmamente. _ Eu preciso ir… _ completou, se afastando a pé.

Alec bufou e bateu os pés no chão, de maneira infantil, com os punhos apertados. Magnus tirava sua calma. Aquela situação tirava a sua calma. O que ele pensava que era? A última Coca-Cola no deserto? Um alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado? 

A raiva o fez bater várias vezes no volante, antes de sair em alta velocidade com seu carro. Queria segui-lo e o levar para casa, mas ordenou-se a não fazer isso. Tinha de dar um basta nisso de uma vez por todas. Estava de decidido a fazer isso.

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Magnus terminou de se arrumar diante do espelho e gostou do resultado. Custou muito a ele abrir mão de passar a noite transando com Alec, no banco traseiro do seu clássico, para sair com as amigas, em uma noite de bebidas e música, conforme sugeriu Aline. 

Pelo menos perceber uma pitada de ciúmes na cena que Alec fez na calçada, valeu pelo sofrimento. Sorriu triste para a sua imagem, queria que o outro o amasse e assumisse, mas tinha de admitir que ficou preocupado com a ameaça de que tudo acabaria. O que Alec quis dizer com aquilo? Simplesmente o abandonaria?

Tentou afastar de sua cabeça qualquer pensamento relacionado ao maior. Aline e Catarina tinham razão, devia seguir a sua vida e não ficar parado no tempo, esperando Alec enxergar que não poderiam viver assim, para sempre.

Logo a campainha tocou e a sala ficou cheia de risos e tagarelice. Helen estava junto com a namorada e já havia se tornado uma boa amiga de Magnus. Tomaram algumas cervejas que as três haviam levado e conversaram um pouco, antes de pedirem um táxi, com destino ao bar que gostavam de ir nas sextas a noite. O ambiente era aconchegante, todos os amigos e conhecidos sempre estavam por lá, até um ou outro casal, pais de alunas suas da academia. Não havia percebido que tinha passado tanto tempo sem ir a sua casa noturna favorita, em noite de Karaokê.

Foram preciso três shots de tequila e meia-hora na pista de dança do salão 1, para o quarteto criar coragem para ir mostrar seus dotes musicais no salão 3. A essa altura, Helen já havia convencido o grupo a chamar outros amigos para juntarem-se a eles. Entre eles, os irmãos de Alec. Magnus fingiu não ligar para aquilo, mas ficou visivelmente abatido quando o rapaz não chegou com a turma animada, que vinha de uma boate próxima. 

_ Alec não vem? _ Aline provocou, sabendo que era o que Magnus queria saber, mesmo que não admitisse.

_ Não o vejo desde a tarde. Pensei até..._ Isabelle fitou seus olhos no bailarino, que deu de ombros.

Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora