Por Acaso

18

_ Aqui tem muitos caras com quem eu já fiquei… Eu realmente não estava esperando que o karaokê estivesse tão lotado hoje e com tanta gente conhecida, mas… foda-se, eu não me importo…  Vocês sabem que eu não me apaixono, não crio laços, nem me deixo envolver e sempre tenho um discurso pronto sobre isso… Pois é..._ deu de ombros. _ Mas aí ele surgiu na minha vida...e quando eu vi, já estava envolvido e…

_ Você saiu com ele mais de uma vez, Alec? Quebrou suas regras… Assim não vale..._ um loirinho gritou no fundo do bar e Alec sorriu.

_ Eu saí várias vezes com ele e não me arrependo, porque ele é incrível e perfeito… _ elogiou com um sorriso maroto.

_ Meu Deus, ele está apaixonado mesmo..._ o rapaz surpreendeu-se.

_ Por que está contando isso no palco, para todos? Ele está aqui? _ outra voz surgiu no burburinho. _ Por que não estão juntos? Se você está aqui, se expondo desse jeito é porque não estão juntos, não é?

_ Então..._ Alec trocou o peso nos pés. _ Quando eu disse a ele que estava apaixonado, ele me cobrou um relacionamento normal, mas eu não consegui dar isso. Eu ainda tinha todas as crenças e verdades absolutas, sobre mim, muito fortes na minha cabeça. Eu ainda acreditava que não merecia o amor de alguém, que era ruim e errado ser eu. Eu achava que não conseguiria ficar só com uma pessoa, porque era da minha natureza ser volúvel, segundo o meu pai. Foram muitos anos… 

_ Alec, você não precisa fazer isso..._ Jace se levantou, protetor.

_ Eu preciso, sim _ Alec atalhou. _ Eu preciso dizer que eu consigo, sim, ficar só com uma pessoa. Que todo esse tempo em que saímos, eu não tive vontade nenhuma de ficar com ninguém e, quando eu me obriguei a sair com outra pessoa, foi horrível e eu me arrependi, porque só ficava pensando que devia estar com ele. Mas… por minha culpa, não estávamos juntos. Por isso estou aqui, agora… 

_ Vai se declarar para ele? Cadê o boy? _ uma garota gritou, batendo palmas.

_ Eu já me declarei uma vez, mas foi bem tosco e, admito, nem eu acreditaria em mim naquela ocasião. Mas, hoje vim aqui disposto a fazer isso novamente, só que da maneira certa, eu acho _ riu. _ Estou aqui, porque não aguento mais não ficar tão perto de você _ Alec fixou seus olhos nos de Magnus, que tinha a boca coberta com as mãos e o rosto banhado de lágrimas._ Porque sinto falta de dormir abraçadinho em você a noite; porque gosto de fazer panquecas para o seu café; porque amo ficar horas falando bobagens deitado no tapete, apenas para ouvir a melodia da sua risada. Eu só quero que acredite que eu amo você e quero ficar com você. Eu não quero mais ser sozinho, quero merecer o amor que você disse que sentia por mim e quero que me ensine a ter um relacionamento, porque eu sou novo nesse mundo. 

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Magnus cobriu o rosto e soluçou, sentindo as mãos das amigas o confortando. Ainda não acreditava que Alec estava ali no palco da boate, lotada, falando sobre eles.

Sabia que Alec detestava se mostrar frágil, se expor, admitir sentimentos. Mas, lá estava ele, ali, falando de traumas pessoais causados pelo pai, de quem ele nunca falava. Magnus nunca imaginaria que Alec Lightwood se sentia tão sujo e impróprio. Que, por trás de toda a sua altivez e excesso de segurança, havia um rapaz assustado com seus sentimentos, temeroso em decepcioná-lo. Se sentiu imensamente culpado e envergonhado por ter agido como agiu com ele nos últimos tempos.

_ Magnus, ele está aqui por você… _ Aline falou baixinho, quando Alec começou a falar. _ Se isso não for uma prova de amor. Não sei mais o que será…

Naquela mesma noite, enquanto bebiam na sala do seu loft, Magnus havia aberto seu coração às amigas, contando que ainda estava se encontrando com Alec, mas desta vez era só 'sexo e adeus'.