Por Acaso

11

Magnus pensou que iria surtar. Alec não aparecia desde a noite de sábado e já era noite de sábado novamente. Nada, nenhuma notícia. Ainda não haviam trocado telefones, mas não seria difícil conseguir seu número, quando suas melhores amigas eram namoradas. Mas, Magnus optou por não pedir a Aline. Preferiu sofrer em silêncio do que ligar e não ser atendido ou mandar mensagem e ser ignorado. Alec faria isso se já estivesse cansado dele e tudo levava a crer que era isso que havia acontecido.

Enxugou uma lágrima furtiva e se encolheu sob o cobertor. A noite estava fria e por isso resolveu ir dormir mais cedo. Tanto fazia ser noite de sábado, se estava sozinho.

A campainha tocou e seu coração pulou descompassado. Sempre imaginava que seria ele na porta e a desilusão era quase diária, com o porteiro, Aline, o vizinho e o rapaz da manutenção do gás.

Suspirou e se levantou, vestindo um robe vermelho, sobre a calça de moletom cinza e camiseta branca, que usava para dormir naquela noite. Andou devagar até a sala e ainda ouviu a campainha tocar mais uma vez antes de abri-la, sem ver o olho mágico.

Alec estava encostado no portal, os tornozelos cruzados e uma sacola nas mãos.

_ Você me fez prometer que viria em um fim de semana para tomarmos aquele vinho. Eu trouxe fetuttine, para combinar _ falou, com o seu melhor sorriso galanteador nos lábios.

Magnus não conseguiu não sorrir. Havia ensaiado a semana inteira o que diria quando, e se, o outro aparecesse de repente. Perguntaria se estava brincando com seus sentimentos, se achava graça fazê-lo esperar, o que tinham afinal, e o mandaria embora. Mas afastou-se para Alec entrar e ainda correspondeu ao beijo casto que o rapaz deu, na passagem.

Alec foi logo para a cozinha. Tirou o sobretudo e deixou sobre o balcão, lavou as mãos, abriu os armários, pegou os pratos e utensílios que ia precisar, com a intimidade que ele mesmo criava onde estivesse. Levou tudo para a mesa, serviu os pratos, voltou à cozinha, pegou o vinho na geladeira, as taças, e voltou para a mesa, arrumando tudo, cuidadosamente, enquanto Magnus permanecia com a boca entreaberta e os braços cruzados diante do corpo, parado ao lado da porta, que havia fechado.

_ Você não vem? _ Alec chamou, parado atrás da cadeira, esperando que se sentasse.

Magnus foi até lá e ele o ajudou a sentar-se, como o cavalheiro que era. Depois, deu a volta e sentou-se ao seu lado. Encheu as taças e ergueu a sua. _A nossa… _ brindou.

O outro bateu sua taça na dele e tomou um longo gole do vinho gelado e saboroso. Começaram a comer a deliciosa massa que havia sido comprada em um restaurante caro de Manhattan, conforme Magnus viu na logomarca da sacola. A combinação da massa e do vinho foi perfeita. Alec parecia animado, tagarelando sobre comida italiana, uma de suas favoritas. Falou sobre vinhos, como um conhecedor, e tentou estabelecer diálogo, mas Magnus estava monossilábico, embora não se mostrasse emburrado.

Deixaram a mesa e Alec levou o vinho para a sala, sentando no sofá e chamando o outro para sentar ao seu lado. Magnus foi, desconfiado e se sentou um pouco distante, mas o rapaz logo se aproximou, passando o braço sobre seus ombros e o puxando para si, como já havia feito outras vezes.

_ Está chateado? _ perguntou mais baixo, segurando seu queixo, para fitá-lo. Um vinco se formou entre as sobrancelhas. 

Magnus tinha medo de perder Alec, mas não gostava de mentir. Precisava ser sincero com seus sentimentos. _ Sim... você sumiu..._ admitiu.

Alec roçou os lábios nos dele, carinhoso. _ Desculpe, tive de fazer uma viagem rápida. Senti sua falta..._ sussurrou, já o beijando. Magnus derreteu-se em seus braços.

.

Alec se ofereceu para ir no lugar de Izzy na viagem para a Louisiana. Achava que seria a melhor maneira de se afastar de Magnus. Imaginava que estava enlouquecendo e precisava retomar sua sanidade.