O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."
- Friedrich Nietzsche
Chegou um momento em que ficar sozinha em casa se tornou insuportável. Eu não estava conseguindo aturar a minha própria presença e ter que escutar meus próprios pensamentos sem parar já estava beirando a tortura psicológica.
Ainda não acredito que fiz aquilo com Castiel, mas sinceramente, se eu tenho mesmo o mínimo de respeito por ele, foi certamente a melhor coisa que poderia fazer. Acho que ele tem mais a ganhar se procurar alguém mentalmente saudável para se relacionar.
Saudável de modo geral também.
De todo modo, está feito.
- Bom dia, docinho. - meu pai aparece na cozinha, radiante e me dá um beijo no topo da minha cabeça.
É, pois é. Corri para a casa do meu pai. Espero do fundo do meu coração que ele tenha mesmo engolido a desculpa de que eu estava morrendo de saudades, e aqui eu sei que não corro o risco do meu primo aparecer do nada. Não que isso tenha sido o suficiente quando ele apareceu aqui ontem a tarde me procurando para saber por que eu havia desaparecido.
Meu primo tende a ser muito dramático em algumas ocasiões.
Talvez tenhamos discutido um pouco.
- Bom dia pai. - o saúdo de volta tentando injetar o máximo de animação na minha voz.
- Então, meu bem, vai me contar porque seu primo saiu daqui tão aborrecido?
Faço uma careta enquanto encaro a xícara de chá.
- Então o senhor escutou. - comento sem ânimo.
- A pergunta certa é: quem não escutou? - meu pai me avalia com cuidado, depois suspira cansado. - Parece que estou de volta há dois anos. Você claramente deprimida e escondendo coisas do seu velho, e eu aqui esperando você sentir vontade de me contar o que te atormenta.
É impossível não me sentir culpada diante do que ele acaba de falar, mas também é extremamente difícil para mim compartilhar com o meu pai todas as coisas que aconteceram há dois anos. E sinceramente, estou verdadeiramente surpresa com a fala dele. Meu pai nunca deu a entender que havia notado que algo de muito errado tinha acontecido, mas ele sempre foi o tipo observador, era minha mãe quem não conseguia controlar a língua.
Lógico que ele sabia das traições de Antoni, mas só isso mesmo.
Eu sempre imaginei que, como Antoni tinha uma lista enorme de amantes, o motivo para terminar com ele era bem simples de explicar. Além de mim, somente Nath, Dani e Henri sabem de tudo o que aconteceu, desde as traições até o aborto espontâneo. E absolutamente ninguém além de mim sabe o que pode ter desencadeado o aborto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lollipop - Castiel
FanfictionOnde Castiel percebe que a antiga colega de turma pode ser muito mais do que seus olhos são capazes de enxergar.