🍭 Mousse 🍭

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Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra.

- John Green

Eu não sinto nada

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Eu não sinto nada.

Mas ao mesmo tempo consigo sentir absolutamente tudo.

O cheiro dele, o calor da pele que nem ao menos está tocando a minha. Isso sem falar do peso do seu olhar sobre mim. Castiel tem olhos cinza que me lembram dias nublados e tempestades de neve, mas naquele momento aquele cinza parecia a cor mais quente que já vi em toda a minha vida.

Acho que meu cérebro parou de funcionar naquele instante, e todo meu corpo foi no processo. Acho que o álcool do meu corpo acabou de evaporar nesse meio tempo, principalmente depois do que ele disse.

"Acho que naquela noite eu queria muito fazer o que a sua tatuagem sugere."

Nunca uma escolha de palavras me deixou tão sem chão em toda a minha vida.

- Você quer trocar mais algum segredo? - ele murmura, ainda sem tirar os olhos de mim.

Sinto minha garganta secar conforme as palavras se moldam em mim boca e tenho que arranjar forças do inferno para responder.

- Não. - minha voz sai entrecortada.

- Posso fazer mais alguma pergunta?

Acabo acenando por não ter certeza se seria capaz ou não de responder algo que faça sentido. Estou tentando entender como foi que isso começou, porque, com exceção a aquela troca de olhares no refeitório, não consigo me lembrar de um momento se quer onde ele tenha dado a entender que tinha segundas intenções.

Exceto, é claro, quando deu em cima de mim no bar, embora eu não tenha notado os avanços dele naquela ocasião. Talvez eu tenha deixado algo passar nesse meio tempo. Não acredito muito nisso, não tenho certeza de nada agora.

Pela visão periférica percebo ele mover o braço para próximo de mim.

Sua mão quente toca a pele desprotegida da minha cintura e fica ali por um momento, e depois disso, desce pela minha coxa. Minha pele queima no processo.

- Você quer que eu saia daqui? - Castiel pergunta.

A respiração dele falha nesse momento. Acho que a minha também.

Me concentro em sua pergunta e percebo que não tenho certeza sobre o que responder. Seu polegar escorrega na pele exposta da minha coxa e sinto minha cabeça evaporar com aquele mínimo contato. Os olhos dele ainda estão em mim, em cada pedaço de mim. Eu não sabia que isso era possível.

Tento imaginar se isso seria algo de que eu me arrependeria depois.

Não tenho certeza.

De repente, me ocorre que se eu não quisesse estar aqui, eu não estaria. Percebo que a minha dificuldade em dar uma resposta para aquela pergunta não está baseada na possibilidade de eu querer sair daquele banheiro agora. Mas sim porque eu quero ficar.

Lollipop - CastielOnde histórias criam vida. Descubra agora