Capítulo 10: Eu tenho namorada.

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Florence

Essas férias iriam ser um pesadelo. Sempre soube que vir para Miami era uma péssima ideia. Mas agora, depois que Inês praticamente me jogou em cima do filho dela, me obrigando a acompanhá-lo em uma volta pela praia, eu tenho mais do que certeza. Eu deveria estar com Kyle. Ele saiu 5 minutos de perto de mim, pra ir atender uma ligação da tia Silvia e isso aconteceu.

—Como está a sua mãe? —Theo indagou, enquanto eu abraçava meu próprio corpo, olhando para a praia ao nosso redor, a medida que andávamos pela areia. Já estava noite, mas a praia ainda estava cheia.

—Bem. Acho que dando graças a Deus por eu ter saído de casa. —Dei de ombros e ele riu, balançando a cabeça como se entendesse.

—Lembro que você nunca gostou muito de sair. Pelo visto isso não mudou. —Ele moveu as sobrancelhas, como se tivesse se dado conta de algo. —Mas aposto que isso mudou agora que está namorando.

—É diferente. —Concordei, não sabendo ao certo o que dizer a ele. —E você, ainda morando com seu pai?

—Ah, não. Sai da casa dele no final do ano passado. Estou em um apartamento perto da universidade. —Esclarecei, parecendo animado com o fato. —Visito ele nos finais de semana. E as férias, você sabe, sempre venho pra cá passar com a dona Inês.

—Você tá estudando música? —Perguntei. Theo sempre tocou violão e vários instrumentos muito bem. Mas como nunca tivemos uma conversa decente, não faço ideia se ele seguiu esse caminho.

—Sim, música. Estou compondo algumas coisas também. Mas não sou tão bom quanto tocando. —Ele deu de ombros. —Mais cedo quando vocês chegaram eu vi o Kyle com algumas telas. Você ainda pinta?

—Claro, eu amo pintar. Não ia passar as férias sem fazer isso. —Afirmei, abrindo um sorriso. —Acho que vou trabalhar com isso. Na verdade, tenho uma exposição de quadros que vou participar no começo do ano que vem, em Nova York.

—Sério? —Ele abriu um sorriso, parecendo surpreso. —Que maneiro, Florence. Espero que dê tudo certo pra você.

—Valeu. —Abri um sorriso fraco, fazendo uma careta quando uma bola de vôlei acertou meu braço em cheio. Ouvi a risada de umas crianças e peguei a bola, jogando em direção a elas. Me virei para Theo, vendo que ele estava me observando com atenção. —Que foi?

—Ãn? Nada. —Ele virou o rosto na mesma hora, parecendo sem graça. Meu celular começou a vibrar no bolso do meu short. Peguei o mesmo e vi a tela se acender, com o nome de Kyle.

Kyle — Onde você está?
Bia me disse que você saiu com o Theo.
Tá tudo bem?
Me diz que isso foi coisa daquela doída casamenteira, porque se não eu não vou entender nada.
O famoso Theo James tá dando em cima de você?

Olhei para Theo, vendo que ele estava observando o grupo de crianças jogar vôlei. Mordi o lábio e encolhi os ombros. Não era bem assim que eu imaginava terminar a noite.

Florence — Sim, foi ela.
Você saiu pra falar com a sua mãe e ela aproveitou a oportunidade.
Relaxa, tá tudo bem.
Eu e o Theo só estamos caminhado pela praia.

Kyle visualizou as mensagens na hora. Aguardei, vendo os pontinhos revelando que ele estava escrevendo. Mas então parou e eu aguardei a resposta dele chegar. Mas Kyle não enviou nada. Voltou a escrever por mais um tempo e então parou. E para minha surpresa, ficou off-line. Fiquei olhando para a tela do celular, tentando entender o que tinha acontecido.

—É... Theo? —Ele olhou pra mim no mesmo instante. —Se importa de voltarmos? Kyle deve estar me esperando.

—Ah, claro. Desculpa. —Nos viramos a volta e antes de guardar meu celular no bolso, olhei uma última vez, vendo que Kyle realmente não havia me mandado nada.

[...]

Zack, Bia, Emma, Collin, Anne e Peter estavam no mar quando voltamos pra parte da praia onde a nossa casa ficava. Kyle não estava sentado na areia, nem mesmo por perto. Não foi difícil imaginar que estaria em alguma lanchonete, comendo alguma coisa. E enquanto Theo ia pra casa, eu ia procurar por ele.

Florence — Onde você está?

A mensagem foi entregue, mas Kyle não viu. Continuei andando, indo em direção a lanchonete que havia ali perto. Parei ainda na areia, vendo Kyle escorado no balcão, com uma latinha de cola cola na mão, olhando para um ponto fixo no chão, enquanto aquela mesma garota que havia nos servido o outro dia, estava sentada do lado dele, falando alguma coisa.

Kyle não estava olhando pra ela, não parecia nem estar dando atenção pra ela. Mas meu coração afundou quando ele olhou pra ela e riu do que ela havia falado. Tudo bem, não éramos namorados de verdade e até uns minutos atrás eu estava dando uma volta com Theo. Mas aquela cena me acertou em cheio.

Levar um tapa na cara com certeza doeria menos.

Eu já havia visto Kyle com outras garotas. Ouvido ele falar sobre elas. Sempre foi fácil fingir que estava tudo bem, mesmo que por dentro eu estivesse no fundo do poço. Não acho que um cara deva ser tão importante assim, tanto que sempre coloquei todas as outras coisas na frente disso, tentando ignorar o que sentia. Mas eu estava tão cansada de fingir que aquilo não me atingia. Que por dentro eu não estava morrendo de ciúmes.

—Ah... foi super legal conversar com você. Mas eu tenho namorada. —A voz de Kyle me fez olhar pra eles de novo. A garota não pareceu se importar com o que ele disse, já que colocou a mão no ombro dele.

—Serio? E a sua namorada te deixou aqui sozinho pra ir caminhar por aí com outro? —Ela frisou o caminhar, curvando o rosto na direção dele. —Não me parece nada legal.

Abracei meu próprio corpo, sentindo meus olhos começarem a arder. Sem pensar virei as costas e voltei pra casa. A praia já não parecia mais tão interessante. Subi as escadas que davam para a área da piscina, ouvindo a voz de Peter chamando meu nome. Mas não me virei, corri para dentro, subindo as escadas e me trancando no quarto, deixando aquelas malditas lágrimas saírem.



Continua...

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora