Capítulo 3: Senhor Apaixonado.

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Kyle

Por um segundo pensei ter ouvido errado. Mas aquilo foi o suficiente pra eu me afogar, em meio a um pedaço de torta. Comecei a tossir, olhando pra Florence como se ela fosse doída.

—O... o que? —Gaguejei, depois que ela me estendeu um copo de água. Bebi um pouco e olhei pra ela com as sobrancelhas erguidas, a vendo revirar os olhos.

—Você disse que só um de nós namorando pra senhora James me deixar em paz. O filho dela, Theo, não está namorando. Mas eu posso! —Afirmou, me encarando com os olhos exibindo um brilho diferente. —Quer namorar comigo?

—Espera... —Me virei completamente pra ela, soltando o copo e tentando raciocinar. —Quer que eu seja seu namorado de mentira?

—É! —Afirmou, mas depois de um segundo ela fez uma careta, como se percebesse alguma coisa errada. —É só uma ideia, tá legal? Se ela pensar que a gente namora, me deixaria em paz e eu poderia ir nessa viagem.

—Florence, isso não daria certo.

—Por que não? —Indagou, cruzando os braços na frente do corpo. —Somos melhores amigos, qualquer um acreditaria que nos apaixonamos um pelo outro.

—Não acho. Acho que ninguém acreditaria. Além do mais, não me sinto confortável em mentir para os meus irmãos e para os meus pais. —Afirmei, vendo ela morder o lábio. —Florence, somos melhores amigos a muito, muito tempo. Meus irmãos e seus primos nos conhecem muito bem. Eles sabem que não gosto de você assim e que você não gosta de mim desse jeito.

—Desse jeito como?

—Como namorados! —Esclareci, e ela encolheu os ombros, me encarando sem qualquer expressão. —Nunca daria certo!

—Deixa de ser idiota! —Ela revirou os olhos de novo. —Melhores amigos se apaixonam, isso não é o fim do mundo. Só precisamos saber fingir bem. E você não precisa me beijar, está bem? Só... só agir como se... como se...

—Como se? —Gesticulei com a mão pra ela prosseguir.

—Como se fosse apaixonado por mim. —Afirmou, com a voz um pouco mais baixo do que o normal. Florence olhou para as próprias mãos e negou com a cabeça, ficando de pé no segundo seguinte. —Quer saber? Esquece! Foi uma ideia idiota minha. Você não precisa fazer isso.

Ela começou a se afastar, enquanto eu me colocava de pé e ia atrás dela.

—Florence, espera! —Puxei o braço dela, a fazendo parar. —Não fica chateada comigo. Você me pegou de surpresa, KitKat.

—Esquece, Kyle. Você não é obrigado a fazer isso. —Ela se afastou de mim, com uma expressão estranha. —Eu acho alguém que queira fingir ser meu namorado. Chamo algum outro amigo. Ou saio de vez com o Theo e vejo o que da.

Olhei pra ela, imaginando Florence indo nessa viagem ao lado de outro amigo, como se fossem namorados. Minha mente foi tomada de imagens dela segurando a mão dele, o abraçando e o beijando.

—Que cara é essa? —Ela estalou os dedos na frente do meu rosto. —Você estava fazendo uma careta muito estranha.

—Ãn? Nada não. —Engoli em seco e sem pensar respondi. —Eu aceito.

—O que? —Ela arregalou os olhos, e seu queixo praticamente caiu. —Aceita?

—Você me pediu em namoro. Então, é, eu aceito. —Falei, vendo ela abrir um sorriso imenso e completamente lindo, antes de pular no meu pescoço e me abraçar apertado. —Vou te ajudar a fugir da doída casamenteira.

—Obrigada, obrigada, obrigada! —Repetiu, dando um beijo estralado na minha bochecha, que me fez rir.

—O que eu não faço por você, KitKat? —Indaguei, abraçando ela apertado. —Quando começamos? Tem que ser antes da viagem, pra não parecer estranho e do nada.

—Verdade. —Concordou, parecendo pensativa. —Vamos começar agora.

—Agora? —Arregalei os olhos, e Florence simplesmente soltou um gritinho animado que provavelmente todo o bairro ouviu. —Florence?

—MÃE? —Ela gritou, pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos. Olhei escada acima, sentindo minha alma sair do corpo ao ver a dona Chiara descendo as escadas confusa.

—Ta gritando por que, Florence? Eu sou velha, mas não tô surda, não. —Resmungou, parando no final da escada e olhando pra nos dois. Seus olhos desceram para nossas mãos entrelaçadas e ela arqueou as sobrancelhas.

—Kyle me pediu em namoro! —Florence exclamou, enquanto eu abria um sorriso nervoso para a mãe dela, esperando algum questionamento. Mas para minha surpresa, a mãe dela soltou um gritinho animado e abraçou nós dois, como se aquilo fosse super normal.

[...]

Abri a porta, passando por ela e encontrando Zack e Peter no sofá, assistindo um jogo. Olhei ao redor, vendo tudo em completo silêncio, o que era um milagre quando se tinha três crianças em casa.

—Ah, o senhor apaixonado chegou. —Fechei a porta e me virei pra eles, fazendo uma careta. Zack abriu um sorriso largo e eu arregalei os olhos.

—Que? Como vocês sabem? —Indaguei, não acreditando que eles já estavam sabendo daquilo.

—Dona Chiara ligou pra nossa mãe. —Peter deu de ombros, me fazendo ficar parado no lugar. Caramba, eu não tinha nem saído da casa dela e ela já tava espalhando a história. —Quando ia contar pra gente que estava apaixonado pela Florence?

—Eu teria contado se vocês não morassem tão longe. —Dei uma desculpa, me sentando no sofá ao lado de Peter. Ele e Emma não eram filhos do meu pai. Eram filhos do primeiro casamento da nossa mãe e estavam entre mim e Zack na escada de filhos.

Ambos tinham cabelos castanho escuros, quase pretos e olhos azuis. Zack era o mais velho, e era filho do primeiro casamento do nosso pai. Ele, assim como eu e Caleb havíamos puxado o senhor Carson. Com cabelos castanhos quase loiros e olhos num tom mel.

—Isso não é desculpa, otario. —Peter me tacou uma almofada. —Nunca escondemos coisas um do outro. Se bem que, até demorou pra isso acontecer.

—Do que tá falando? —Perguntei, não entendendo o que ele quis dizer com aquilo. —Eu tô namorando a Florence...

—Kyle Carson! —Me encolhi no sofá, ouvindo a voz da minha mãe vindo das escadas. —Não acredito que você está namorando a Florence e não me contou!

—Se ferrou. —Zack e Peter murmuraram juntos, me fazendo xinga-los mentalmente.


Continua...

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora