Kyle
Me coloquei de pé, pegando a latinha vazia e jogando no lixo próximo ao balcão. Lilian, a garota que trabalhava ali na lanchonete, observou tudo com atenção, como se eu fosse uma obra de arte. Não costumo me incomodar com garotas me olhando, obviamente. Mas agora, eu estava me sentindo completamente desconfortável.
—Tem certeza que não quer dar uma volta? —Indagou, e foi inevitável não revirar os olhos. Já que a mesma já havia feito aquela pergunta umas 5 vezes.
—Na moral... —Me escorei no balcão e olhei pra ela, que sorriu. —Me diz uma coisa, com total sinceridade. Se você tivesse um namorado, ia gostar que outras ficassem dando em cima dele tão descaradamente como você está fazendo?
O sorriso dela morreu e seu rosto ganhou um tom avermelhado. Não de raiva, notei, mas sim porque ela havia ficado completamente sem jeito e sem resposta para aquilo.
—Vou considerar a sua reação como um não. —Afirmei, tentando não rir. Me virei e sai da lanchonete, puxando meu celular para ligar pra Florence e saber se ela já havia terminado o passeio com Theo.
KitKat — Onde você está?
Fiz uma careta ao ver a mensagem. Cliquei em ligar enquanto caminhava de volta pra casa. O número chamou várias vezes, mas ela não atendeu. Liguei de novo e mais umas cinco vezes, até bufar ao ver que ela não ia atender. Comecei a andar mais rápido, indo direto pra casa.
—Zack? —Chamei, vendo ele e os outros sentados na areia. Zack se virou pra mim, em meio a uma careta. —Vocês viram a Florence?
—Ah... —Ele olhou em direção a casa da doída casamenteira. —Ela voltou pra casa a alguns minutos. Vocês brigaram?
—Não, por que? —Indaguei, sentindo um gosto amargo invadir minha boca.
—Sei lá. Ela tava estranha. Anne ligou pra ela e ela disse que queria ficar sozinha. —Ele me olhou, cerrando os olhos. —Tem certeza que não brigaram? Assim, vocês começaram a namorar agora...
—Tá tudo bem. —O cortei. Zack me olhou em dúvida. Mas eu não deixei ele falar mais nada. Virei as costas, atravessando toda a praia e indo para casa. Subi as escadas até o deck da piscina, entrando em casa e encontrando Theo sentado no sofá, tocando violão. —Theo? —Ele não ouviu. —THEO?
Ele parou de tocar, se virando pra mim, parecendo surpreso. Engoli em seco, sentindo um certo desconforto ao lembrar que Florence estava passando com ele, quando na verdade tínhamos planos juntos.
—Er... você viu a Florence? —Indaguei, e ele fez uma careta, me olhando confuso.
—Ela deveria estar com você, não? Voltamos pra cá e ela saiu pra procurar você. —Ele ficou em encarando. —Vocês brigaram?
Revirei os olhos, na cara dele, sem me importar. Tudo que eu menos precisava era que ele achasse que havíamos brigado.
—Não, estamos ótimos. —Afirmei, abrindo o maior sorriso que conseguia, mas sentindo meu interior se revirando. —Foi só um desencontro. Vou ver se ela já subiu... para o nosso quarto.
Theo ficou me encarando. Mas dei as costas e subi as escadas, atravessando o corredor até o nosso quarto. Bati na porta e girei o trinco. Para minha supresa, ela estava trancada. Bati na mesma de novo.
—Florence? —Chamei, batendo de novo. —Florence, abre a porta pra mim, por favor. —Esperei, batendo uns segundos depois quando não obtive resposta. —Qual é, KitKat, abre a porta pra mim.
Bati de novo. Mas novamente ela não abriu. Soltei um suspiro frustrado e entrei no quarto ao lado, que Peter e Anne dividam. Agradeci por eles não terem deixado a porta trancada. Sai para a varanda, feliz por ela se completamente ligada aos outros quartos daquele lado, incluindo o meu. Parei nas portas de vidro, vendo Florence deitada na cama, completamente encolhida.
—Florence? —Entrei no quarto e ela ergueu a cabeça na mesma hora. Engoli em seco ao ver os olhos vermelhos e inchados. Porque Florence estava chorando. E isso foi como levar um soco no estômago diversas vezes.
—O que... —Ela olhou para a varanda, como se percebesse como eu havia entrado. Seu rosto afundou na cama. —Vai embora.
—O que? Claro que não. —Caminhei até a cama, deslizando até o seu lado. Minha mão tocou seus ombros, enquanto ela estava deitada de bruços, com o rosto escondido nas cobertas. —Florence, o que aconteceu? Conta pra mim, por favor?
Ela negou com a cabeça, sem me olhar. Puxei os cabelos dela, tirando do seu rosto. Depois a puxei pra cintura, até colocá-la no meu colo, como se fosse um bebê. Florence afundou o rosto na minha camiseta.
—Ei, KitKat, você acaba comigo assim, sabia? Por favor, conta pra mim o que aconteceu. —Pedi de novo, enquanto encostava meus lábios na testa dela e a apertava contra mim. Florence apenas me abraçou de volta, sem dizer nada. —Tudo bem. Não precisa me contar se não quiser. Mas não precisa se esconder de mim, está bem? Tô aqui com você.
—Sempre? —A voz dela soou abafada, já que ela não se afastou de mim. Abri um sorriso e me ajeitei na cama, deixando ela ainda no meu colo.
—Sempre, KitKat. —Afirmei, acariciando os cabelos loiros, enquanto escorava meu queixo na cabeça dela. —Vou ficar aqui até você se sentir melhor. —Continuei, sentindo ela relaxar, se aninhando mais em mim. —Quer saber o que vamos fazer?
Ela não respondeu, mas eu sabia que estava ouvido cada palavra que eu dizia.
—Vamos pedir comida, chocolates e qualquer porcaria que quiser comer. E podemos passar a noite toda vendo filmes e séries. —Deslizei minha mão pela bochecha dela, limpando as lágrimas. —Era isso que estaria fazendo se estivesse em casa, não é? Bem, vamos fazer isso aqui também. E... amanhã cedo posso fazer as tranças no seu cabelo e usar aquelas fitinhas que você trouxe.
Levei minha mão até a dela, deslizando o polegar pela fitinha presa ali, par da que eu usava no meu dedo. Florence moveu os dedos, entrelaçando eles aos meus.
—Eu te amo. —Afirmou, com a voz um pouco baixa. —Obrigada por ser o melhor amigo planeta.
Por algum motivo, senti que aquilo não era o que ela verdadeiramente queria dizer. Mas não me importei em responder.
—Também te amo, KitKat. —Toquei a ponta do nariz dela, quando a mesma ergueu o rosto até mim. —Do planeta, é? Por acaso você é amiga de algum alienígena e não me disse?
E ela abriu um sorriso, que podia fazer qualquer dia cinzento se iluminar em instantes.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller / Vol. 3
RomansaKyle Carson é o filho do meio de sete irmãos. Tendo pais completamente apaixonados um pelo outro e vendo seus irmãos mais velhos encontrando o par perfeito, ele acredita veemente no amor verdadeiro. Mas esse amor verdadeiro está longe de ser Florenc...